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II Guerra em Sergipe: Torpedeamento do navio Baependi completa 81 anos

No dia 15 de agosto de 1942, três navios brasileiros foram torpedeados pelo submarino alemão U-507 durante a II Guerra Mundial

às 12h46
Baependi / Acervo O Globo / Reprodução
Baependi / Acervo O Globo / Reprodução
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Há 81 anos, entre do dia 15 para 16 de agosto de 1942, embarcações mercantes brasileiras foram torpedeadas pelo submarino alemão U-507, entre o litoral de Sergipe e da Bahia, provocando mais de 500 (quinhentas) mortes e concebendo um dos estopins que levaram o Brasil a participar efetivamente da Segunda Guerra Mundial. No litoral sul de Sergipe, os bombardeios aconteceram com os navios de passageiros e cargas Baependi, Annibal Benévolo e Araraquara.

O navio de carga e de passageiros intitulado Baependi sofreu o primeiro impacto de um torpedo no início da noite do dia 15 de agosto de 1942.  O impacto do primeiro projétil foi tão grande que madeiras e vidros se estilhaçaram e as máquinas pararam de funcionar. Houve um forte estrondo e logo as águas começaram a invadir a embarcação. O segundo torpedo foi disparado, logo em seguida, e acertou os tanques de combustível provocando uma grande explosão. Nesse momento, as luzes do navio se apagaram e a estação de transmissão de rádio parou de funcionar, não deu nem tempo para pedir socorro. 

A fumaça logo começou a encobrir aquela cena de horror. O Baependi foi rapidamente se inclinando, até afundar de vez, junto com a maioria das pessoas e das baleeiras.  O saldo trágico deste primeiro naufrágio foi de 270 mortos no Baependi, sendo as primeiras vítimas dos nazistas, em águas territoriais brasileiras, homens, mulheres e crianças. Os registram também revelam que foram encontrados 131 mortos no Araraquara e 150 mortos no Anníbal Benevolo. Apenas 36 pessoas conseguiram se salvar desse trágico atentado.

Nos dias seguintes aos bombardeios, Aracaju viveu momentos de intensa comoção. A capital até então tranquila amanheceu amedrontada e horrorizada com a realidade de uma guerra na sua costa marítima. Os sobreviventes receberam ajuda de alguns moradores ao serem abrigados em suas residências sobreviventes de outras cidades e estados, que ainda não estavam em condições de viajar, ou parentes de vítimas que chegavam em busca de informações. Segundo relatos da época, foi um verdadeiro horror as cenas de corpos inteiros ou mutilados e objetos de toda espécie que chegavam à praia. Também houve um clima de revolta que ocasionou protestos e perseguições a estrangeiros aliados aos alemães em outras cidades do país.

Naquela época, Aracaju passou a viver sob um estado constante de alerta com toques de recolher, blecautes, ensaios antiaéreos e militares norte-americanos e brasileiros de outras regiões. Além disso, as praias do litoral sergipano foram tomadas por destroços e símbolos da barbárie nazista. Corpos das vítimas, pertences dos passageiros e tripulantes e sobreviventes em estado de choque chegaram às praias de Mangue Seco, Abaís, Caueira, Mosqueiro, Aruana e Atalaia. 

Sergipe não revidou ao ataque, no entanto, esse fato foi o motivador para que o Brasil aderisse a 2ª Guerra Mundial. Os registros materiais da passagem da guerra em Sergipe, encontram-se nos cemitérios dos náufragos, locais para o recolhimento das vítimas que não puderam ser identificadas em decorrência das mutilações. 

Existem também outros dois locais que foram criados para homenagear as vítimas. O primeiro na praia da Aruana que foi usado logo após o bombardeio para os sepultamentos dos corpos mutilados e sem identificação. O segundo é o Cemitério Monumento dos Náufragos, localizado no povoado do Mosqueiro. Nele foi elevado a monumento histórico pelo Decreto no 2.571, de 20 de junho de 1973. Rodovia dos Náufragos, Aracaju. Inscrito no Livro de Tombo no 01- Geral – fl. 25. Sendo tombado na categoria monumento de arquitetura funerária do século XX.  O cemitério dos Náufragos é o lugar de memória da 2ª Guerra Mundial em Sergipe.  

O Museu da Gente Sergipana, o Grupo Sergipano de Estudos da FEB (GRUSEF) fez o descerramento de um busto e um diorama com uma maquete que representa a cena da última missão do Tenente Aurélio. Ele bombardeou um trem que levava suprimento para os alemães e em seguida, infelizmente, foi atingido por uma FLAK, bateria antiaérea alemã.

Outros sergipanos já foram reconhecidos internacionalmente por sua bravura na Segunda Guerra Mundial, a exemplo de Zacarias Izidoro. Natural de Maruim, ele ficou conhecido como o “Louco de Pisa”, por ter sido diversas vezes voluntário para missões de alto risco como percorrer campos minados. Na batalha de Montese ele foi ferido e evacuado para os Estados Unidos, onde passou por 19 cirurgias. Pelos seus feitos, ele recebeu a Silver Star, uma das maiores condecorações dadas a um estrangeiro pelo governo Norte-Americano.

O GRUSEF pensa em ir além das merecidas homenagens, de modo a poder recontar o começo, o meio e o fim da participação de Sergipe no maior conflito da humanidade. Essas histórias já fazem parte de diversos grupos de pesquisa, que incluem importantes trabalhos de acadêmicos sergipanos, que podem e merecem ser levados à comunidade sergipana através de um memorial.

*Com informações do Blog do Max

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