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Maquete virtual reconstitui o primeiro prédio do Colégio Tiradentes

Simulação foi para uma dissertação de mestrado do PPED, a partir de relatos dos fundadores; prédio que abrigou a instituição entre 1962 e 1967, no centro de Aracaju, deu lugar a um estacionamento

às 12h10
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Uma dissertação de mestrado realizada no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPED), da Universidade Tiradentes (Unit), conseguiu reconstituir o antigo edifício onde funcionou a primeira sede do antigo Ginásio e Colégio Tiradentes, no centro de Aracaju, entre 1962 e 1967. A pesquisa, realizada pela arquiteta e aluna de mestrado Indayane Gomes da Silva, foi defendida na manhã desta sexta-feira, 26, em sessão híbrida realizada no Anfiteatro do Bloco F do Campus Farolândia, e que contou com a presença do reitor e fundador da Unit, professor Jouberto Uchôa de Mendonça. 

A dissertação foi realizada sob a orientação do professor-doutor Cristiano Ferronato, dentro da linha de pesquisa Educação e Formação Docente, do PPED, e no âmbito do Grupo de Pesquisa História da Educação do Nordeste (GPHEN), que reúne pesquisadores dedicados ao assunto em universidades de todo o país. De acordo com Indayane, a pesquisa se centrou na ideia de fazer um levantamento mais profundo sobre os primeiros anos do antigo colégio, fundado como Ginásio em abril de 1962 e que serviu de base para as futuras transformações em Colégio, Faculdade e Universidade. 

O processo de reconstituição se baseou principalmente em entrevistas e descrições feitas pelo próprio professor Uchôa e pela fundadora, professora Amélia Cerqueira Uchôa, além de antigas publicações biográficas do fundador e da Universidade. Os relatos detalharam como era a edificação, um antigo pensionato situado na Rua Laranjeiras, que foi demolido e hoje dá lugar a um estacionamento. A dissertação detalha ainda quem foram os professores do colégio da época, os alunos que se destacaram, a logística da organização e as dificuldades enfrentadas pelos os nossos fundadores para garantir a instalação e o funcionamento da escola. 

“A ideia da maquete veio a partir de quando a gente foi fazer a pesquisa em campo, buscando a primeira sede, e viu que ela não existia mais. Assim como tantos outros prédios importantes para a história de Aracaju que acabaram tendo esse mesmo destino, sendo demolido e transformado em estacionamento ali naquela região do centro. É uma problemática vivida na área da arquitetura hoje, e que eu vi muito isso na minha formação”, ressalta a autora, que é egressa do curso de Arquitetura da Unit, já tem uma carreira profissional direcionada à arquitetura escolar e se aprofunda em pesquisas sobre o tema. 

A simulação foi feita em um software de computador chamado Blender, utilizado em trabalhos de animação, modelagem e escultura digital. Indayane explica que procurou utilizar o máximo de informações e especificações técnicas sobre o formato e a disposição da estrutura, dos materiais utilizados, do mobiliário e de outros itens que compunham o imóvel, de modo que a simulação fosse o mais próximo possível da realidade. O resultado foi apresentado em um vídeo de cinco minutos apresentado durante a defesa da dissertação. 

A emoção do fundador

O professor Uchôa acompanhou o vídeo com muita atenção e se emocionou muito, chegando a conter o choro em alguns momentos. “O trabalho que essa pesquisadora fez me enche de grandeza, de alma, de felicidade. Ela encontrou as informações que precisava para mostrar o que a Universidade Tiradentes foi, continuou sendo e hoje é. Eu quero dizer a vocês da minha gratidão, do meu orgulho de estar aqui com vocês. A presença de vocês aqui é muito importante para que vocês conheçam a história da instituição”, elogiou, relembrando ainda que o antigo imóvel alugado, do qual o colégio chegou a ser despejado pela polícia em 1967, foi o ponto de partida para o crescimento da instituição de ensino, que teve sua primeira sede própria construída na Rua Lagarto, dois anos depois. 

“Nesse trabalho que nós fizemos e realizamos, nós tivemos um apoio grande do alunado, dos pais dos alunos, e isso nos levou a crescer. Esse crescimento foi pensado, estudado e todo dia se fazendo um fato novo para que a escola fosse um fato novo em Sergipe. Fomos crescendo e chegamos ao ponto de ter uma presença no Ministério da Educação, quando precisamos ir lá para certificar o que nós fizemos e como poderíamos continuar sendo uma escola. Chegamos ao colégio, chegamos à faculdade, foi um trabalho titânico, imenso, tivemos que enfrentar os obstáculos para chegarmos lá. E fomos em frente”, disse Uchôa. 

Importância

A dissertação foi aprovada e recomendada para publicação pela banca examinadora, formada pelos professores Cristiano Ferronato e Ester Villas-Boas do Nascimento, do PPED; Anderson Santos, da Secretaria Municipal de Educação de Aracaju (Semed); e Gabriel Scagliola Diaz, da Universidad de la República, em Montevidéu (Uruguai). Todos foram unânimes em destacar a importância da dissertação para resgatar e preservar a memória e a história da educação em Sergipe e no Brasil. 

“Nós, cidadãos brasileiros, precisamos nunca esquecer da nossa história. Se nós chegamos até aqui, foi porque muitas pessoas construíram, contribuíram para que pudéssemos estar aqui. Não somente na educação, mas também dentro da sociedade. Então, a importância maior que eu vejo é a recolocação da origem da nossa instituição, quando ela surgiu lá em 1962, como colégio, e que vemos aqui em 2024 como uma grande força que trabalha em prol da educação brasileira, formando profissionais e pessoas de excelência, comprometidas com a educação e com o nosso país”, destaca Ester.

Para o coordenador do PPED, professor Alexandre Meneses Chagas, a dissertação fez um recorte importante sobre o início da história da Unit e demonstra como os espaços e os ambientes do colégio foram adequados e pensados para o processo de educação da época. “Fazer a retomada histórica desse momento é mais para a gente entender como na época o processo de ensino-aprendizagem acontecia e como os espaços arquitetônicos eram pensados. Claro que hoje a gente tem uma constituição totalmente diferente, mas consegue-se perceber o DNA da Universidade Tiradentes desde aquele primeiro momento. É a preocupação com que esse espaço cause um bem-estar a quem está lá, seja os professores, os estudantes ou os colaboradores. Isso faz com que a gente consiga entender que, desde o seu primeiro momento até o atual, esse é um dos valores que a Unit carrega consigo”, afirma. 

Indayane confirma que já começou a trabalhar na publicação da dissertação em um artigo científico e em um e-book, mas também tem a intenção de aprofundá-la em uma tese de doutorado, também no PPED. Para ela, a reconstituição do velho Colégio foi uma porta de entrada para muitas outras pesquisas sobre a história da instituição. “Eu trago muitas informações com relação à história à luz da educação, fazendo essa junção. Porque muitas das fontes encontradas são com relação à história vivida pelos fundadores, a história dessa progressão da instituição. Em termos acadêmicos, tem as outras sedes, tem 50 anos de história para pesquisar. Bem como o campus Farolândia, que é um campo imenso em aberto”, sugere a agora mestre em Educação.

Assista aqui ao vídeo com a maquete virtual do antigo Colégio Tiradentes (1962-1967)

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