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Professora de Medicina defende tese sobre saúde mental de estudantes e médicos

Mais de 330 médicos e alunos de internato participaram do estudo que apresentou resultados preocupantes na saúde mental do grupo.

às 11h50
A professora do curso de Medicina, Lis Campos Ferreira.
A professora do curso de Medicina, Lis Campos Ferreira.
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Sob o título ‘Saúde Mental dos Internos de Medicina e Médicos Recém-formados: Lições da Pandemia de Covid-19’, a professora do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), Lis Campos Ferreira defendeu sua tese de doutorado, que avaliou a saúde mental de médicos formados desde 2018 e estudantes de internato de medicina das três escolas médicas de Sergipe.

“O nosso objetivo foi avaliar a saúde mental como um todo, incluindo diagnósticos psiquiátricos, uso de medicamentos e uso de drogas lícitas e ilícitas, tanto em internos de medicina quanto em médicos recém-formados, e tentar encontrar os fatores possivelmente associados”, explica a professora.

Segundo ela, os resultados mostraram um forte impacto negativo na saúde mental dos médicos e estudantes de medicina. Quase 90% dos 334 participantes consideraram-se expostos a uma quantidade excessiva de informações sobre a Covid-19, e isso esteve relacionado à presença de sintomas de ansiedade. Viver em outro estado, longe da família, também foi associado a alguns desses sintomas”, revela.

“Isso é um dado importante porque com a implantação do Sistema de Seleção Unificada (SISU) em 2010 no Brasil, o número de estudantes que cursam o ensino superior em universidades fora do seu estado natal, e consequentemente longe das suas famílias, aumentou. Enfrentar uma pandemia é sempre difícil, e longe dos seus pode ser ainda mais desafiador e causa de sofrimento mental”, acrescenta.

Outros resultados encontrados foram:

  • Aproximadamente 40% dos entrevistados informaram diagnóstico de doença psiquiátrica anterior à pandemia, a exemplo da ansiedade e depressão
  • 30% deles relataram o uso de psicofármacos, principalmente os que moravam sozinhos
  • Dos participantes que trabalharam diretamente no cuidado de pacientes com Covid-19, mais de 70% deles iniciaram ou aumentaram a dose de psicofármacos no período
  • Sobre hábitos e vícios, 54% relataram consumo de álcool e 5,4% uso de drogas ilícitas (maconha, LSD, ecstasy ou cocaína)
  • Particularmente no grupo de médicos formados em 2020, o consumo de álcool aumentou de 50% no início da pandemia para 85% seis meses após

“Esse grupo específico enfrentou desafios sem precedentes. O final do internato foi modificado, com a suspensão de algumas atividades e migração repentina para aulas remotas. Houve também perda de rito de formatura, com cancelamento de solenidades devido a medidas de distanciamento social. Além disso, com a antecipação da formatura foram expostos, com pouco preparo e experiência, a um mercado de alta exigência, como hospitais de campanha e pronto-socorro”, esclarece Lis.

Para a doutora, dados e discussões sobre o impacto da pandemia de Covid-19 nos médicos fomentam a importância do cuidado com a saúde mental dos profissionais que lidam diariamente com o adoecimento de outras pessoas. “Precisamos aprender a reconhecer o sofrimento mental e oferecer o suporte necessário, assim teremos melhores médicos e, acima de tudo, pessoas genuinamente felizes”, conclui.

 

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