“Não adianta você ter uma Lei Maria da Penha, se o juiz achar que a mulher apanha porque quer”, foi com essa perspectiva de olhar para além da lei que a pesquisadora na área de Filosofia Política e feminista, Djamila Ribeiro, participou de debate “Expressão da Sexualidade e Feminismo” na Universidade Tiradentes. O evento é parte da programação do III Congresso de Direito Crítico, e ocorreu na última quarta-feira no campus Aracaju Farolândia. O congresso é uma realização do Centro Acadêmico de Direito Tobias Barreto – CATB – , gestão Voz Ativa.
Para Djamila é importante formar alunos com uma visão menos tecnicista. “Às vezes não desenvolve o lado crítico e humano. É importante trazer isso para que as pessoas possam ter uma sensibilidade maior, de ter uma noção como a sociedade funciona; como os grupos discriminados estão apartados do sistema jurídico”, afirma. Sobre feminismo, ela ressalta a importância de ter um olhar amplo. “É importante as pessoas entenderem que nós somos várias mulheres. Quando se fala de mulher nós temos que fazer a pergunta de quais mulheres está falando? As mulheres negras além do machismo sofrem com o racismo” explica.
A professora do mestrado e doutorado em Educação da Unit, Dinamara Feldens, que também participou da mesa, destaca a necessidade de se discutir o tema dentro da academia. “Isso é fundamental, é um avanço necessário, já estávamos cansados desse conservadorismo sempre com as mesmas questões” diz. Dinamara levou para os estudantes uma análise histórica e antropológica sobre a mulher. “Essa questão da sexualidade, ela vem desde nosso mito fundador que é Eva até a mulher contemporânea que tem que ser gostosa, a ideia de santa e bruxa que a gente carrega o tempo inteiro”, afirma.
Escritório Feminista
Djamila Ribeiro é graduada em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo – Unifesp e mestranda em Filosofia Política também pela Unifesp. É colunista da revista Carta Capital no blog “Escritório Feminista”, onde trabalha temas como teoria feminista, filosofia política, relações raciais e de gênero.
Foto: Marcelo Freitas