Mondini explica que o Brasil convive com a dengue há pelo menos 35 anos, quando o primeiro caso foi notificado. Apesar de a prevenção ser o principal meio de combate ao mosquito, ele acredita que essa nunca foi uma grande prioridade na sociedade. “Existem outras prioridades para população: comer, manter o emprego, pagar o aluguel, e assim o cuidado com o Aedes fica em segundo plano. O Estado também não prioriza. É necessário um diálogo”, acredita.
Hoje, segundo pesquisas, o mosquito aedes já superam as outras espécies. “Em Araraquara fizemos uma coleta de ovos durante um ano e 90% dos ovos que eclodiram eram aedes aegypti”, afirma o professor. Adriano Mondini também falou sobre o zika vírus e a febre chikungunya. No Brasil, os casos são recentes, mas a existência deles é bem antiga. “O primeiro caso urbano de zika foi notificado em 1952. Depois na África, Oceania, Polinésia Francesa, chegou à Ilha de Pascoa e agora ao Brasil”, diz.
No entanto, segundo o professor, é necessário um aprofundamento nas pesquisas, principalmente para comprovação da relação entre o zika e a microcefalia. “Ainda tem muita coisa para se descobrir. Na Polinésia Francesa, no período em que se descobriu o zika, tivemos alguns casos de microcefalia, mas não podemos afirmar se há relação”, analisa.
Prevenção
Mondini reforçou que a prevenção é a melhor maneira de combate ao Aedes aegypti. “O repelente é muito importante, principalmente para as grávidas, mas o mais importante é não deixar que o mosquito se desenvolva na sua casa”, explica.
O pesquisador também falou sobre a dificuldade de se desenvolver uma vacina para a dengue. “Estamos trabalhando com quatro vírus diferentes e cada um desses vírus dá uma resposta imune diferente. Isso é um complicador”.
“Esse é o ponto inicial dos eventos comemorativos aos 10 anos do Mestrado e Doutorado em Saúde e Ambiente”, salienta a doutora Cláudia Moura de Melo, coordenadora do programa de pós-graduação. Ela lembra que durante esse período já estão formados 136 profissionais, todos com o foco interdisciplinar e com atuação em diversos Estados brasileiros. “É um programa através do qual vimos trabalhando para que os cursos de graduação também reflitam esse nosso objetivo que é o de formar profissionais que consigam dar respostas mais efetivas por meio das interdisciplinaridades”, finaliza.