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A mulher e o sistema carcerário

Alunos do curso de Direito da Unit participam de evento beneficente com o intuito de estabelecer intercâmbio de conhecimentos e a promoção do exercício da solidariedade

às 20h14
Acontece na tarde desta quarta-feira, 17, e quinta, 18, nos auditórios do Bloco G, no Campus Farolândia, o 1º Seminário beneficente sobre gênero, prisão e política criminal. Trata-se de um evento que reúne a comunidade acadêmica do curso de Direito da Unit, bem como o público externo, e que tem como objetivo abordar a questão de forma a esclarecer temas importantes como a criminalidade feminina, o garantismo penal do Prefem, religiosidade na prisão, entre outros.
NA linha de frente, alguns dos palestrantes durante o semináio.
NA linha de frente, alguns dos palestrantes durante o semináio.
O acadêmico Wallace Resende
Doutora Márcia Cavalcante estuda a mulher no contexto social e cultural
Centenas de alunos aderam ao chamado para o seminário
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O seminário acontece durante dois dias consecutivos e conta com a participação de diversos palestrantes convidados. O evento é um prolongamento de ações já desenvolvidas por alunos de Direito durante visita ao Prefem, assim como constatação da necessidade de suprir as detentas com itens básicos de higiene pessoal.

Uma das palestrantes é a defensora pública aposentada e professora mestre da Unit, Márcia Maria Cavalcante Macêdo. Ao falar sobre mulheres encarceradas e criminalidade feminina, a jurista revela o produto de um estudo por ela realizado com o objetivo de entender o que motiva a prática do crime por parte do gênero.

“Porque elas praticam crimes, quais os valores recebidos no sistema prisional e quais são suas expectativas de vida são assuntos que sempre despertaram meu interesse pela pesquisa”, salienta a doutora Márcia. Para entender o crime como ato de vontade humana, a palestrante lembra que teve como base de pesquisa a perspectiva cultural no sentido da subjugação da mulher. “Procurei desmistificar a imagem que temos de subjugação da mulher frágil, do sexo frágil e, portanto, a imagem da santa, da submissa, concluindo, assim, que o crime praticado por ela independe da subjugação. É um ato de vontade própria”, argumenta a estudiosa.

“O evento se mostra sui generis porque está nominado como evento beneficente, uma vez que estamos arrecadando produtos de higiene pessoal que serão revertidos para o presídio feminino”, lembra o coordenador do curso, professor Eduardo Macedo.

A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da OAB-SE, doutora Adélia Pessoa, lembra que o seminário representa a continuidade de um trabalho de parceria que está sendo realizado pela Unit e OAB. “Já é o segundo período que estamos implementando esse convênio com a obtenção de resultados muito positivos no sentido de sensibilização dos alunos dessa universidade para a temática de gênero”, lembra ela.

Para a professora das disciplinas Execução Penal e Direitos Humanos, Grasiele Borges Vieira de Carvalho, à frente da organização do evento, o evento representa uma oportunidade ímpar para que os alunos e convidados possam discutir temas tão pertinentes. “Para a realização desse seminário, buscamos organizar as diferentes temáticas e mais polêmicas temáticas do universo do sistema carcerário, principalmente sergipano, para colocarmos em discussão durante esses dois dias”, revela a professora acrescentando que as palestras são voltadas exclusivamente para a problemática da mulher.

A constatação de que hoje no Brasil existem aproximadamente 37 mil mulheres presas, todas elas encarceradas numa total falta de estrutura carcerária preocupa o acadêmico do 6º período Wallace Resende Nascimento. Motivado pela realização do seminário, ele acredita ser essa uma excelente oportunidade de discutir com os palestrantes temas que permeiam o gênero.

“Tivemos a oportunidade de visitar o Prefem em companhia da professora Grasiele e ver a situação de perto das mulheres que se encontram encarceradas. Promovemos uma ação antes desse seminário para coletar itens de belezas que elas precisavam naquele momento. A partir daí surgiu a ideia de montarmos esse seminário para abordar toda a situação e mostrar para a sociedade o que elas passam”, lembra Wallace.

Além do seminário, os participantes podem prestigiar até amanhã a exposição fotográfica de Isa Foz que revela situações do cotidiano das detentas com o tema “Enquanto a tranca não bate”.DIREITO1

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