Valéria Oliveira é a professora responsável pelo material audiovisual produzido com riqueza de detalhes sobre os costumes e vida do povo Xocó que vive em Porto da Folha (SE). “Como passei a assumir esta disciplina também nos cursos de licenciatura do presencial, a abrangência de utilização do documentário se tornou muito maior”, conta.
Para o organizador do evento, o representante da Associação Nacional de História, seção Sergipe, Diogo Monteiro, se não fosse o apoio da Unit, Funcaju e Centro Cultural, teria sido impossível realizar um evento dessa importância sociocultural em Aracaju. “O objetivo é estreitar o diálogo entre cultura indígena e povos não indígenas. A ideia é que a partir das palestras, exibição do documentário e debates possam desconstruir estereótipos e quebrar o preconceito que há com os povos indígenas. As parcerias que estreitamos com Unit, Centro Cultural e Funcaju foram essenciais, senão nada disso teria acontecido”, afirma Monteiro.
Apolônio Xokó
O representante da ONG Embaixada Povos da Terra, índio Apolônio Xokó, proferiu palestra contando um pouco sobre suas batalhas que precisou vencer na vida e consigo mesmo ainda jovem, quando sequer sabia que era índio e, por isso, vivia como trabalhador rural. A parte mais importante de sua vida foi ter se reconhecido como o índio que é.
“Minha maior alegria foi saber quem eu era, descobrir minhas origens e assumir minha identidade própria. Eu queria que essa sociedade dita civilizada aprendesse a respeitar os povos indígenas como seres humanos, bem como os nossos costumes e tradições. Lamento que em 1500, quando os primeiros conquistadores chegaram, eles traziam uma cruz em uma mão e na outra, uma espada para matar meus ancestrais, desrespeitando nossos costumes e nós, como minoria, como eles dizem, aprendemos a respeitar todo e qualquer direito que o homem civilizado tem”, desabafa Apolônio que também participa do documentário.
“Não admito que ninguém da sociedade diga para mim ou para qualquer parente que somos descendentes, pois somos índios Xokós. Não há meio termo. E por isso que aqui estou trazendo a mensagem para que a sociedade conheça a aldeia indígena sergipana”, reforça.
Cultura
De acordo com a professora Valéria, é preciso desconstruir essa imagem e discurso a respeito do povo indígena. “Desde o inicio da colonização que deturpam a imagem do índio, cristalizada também no passado. Entender o que é cultura e diversidade cultural é a necessidade. E é sobre esse respeito que levo nas disciplinas EAD e presencial, sempre com visita à aldeia para conhecerem a escola, conversarem com as pessoas e entenderem a dinâmica. É sempre uma experiência muito rica que nos leva a saber lidar com esse outro e fazer com que se torne familiar”, ressalta Valéria Oliveira.