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Identidade sem máscara

Ela se diz uma pessoa transgênera porque ainda não fez a cirurgia que a transformará na pessoa que deseja ser

às 20h52
Após longo processo de transformação, colaboradora da Unit fala sua orientação sexual
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Samira, entre os livros
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Samira Santos Martins nasceu Alex Santos Martins. Hoje, com 27 anos, exerce a função de Auxiliar na Biblioteca do Campus Propriá, cargo que ocupa há pouco mais de dois meses. Natural do município alagoano de Batalha (atualmente reside em Propriá), iniciou sua atividade profissional como professora substituta, exigência do estágio obrigatório para a conclusão do curso pedagógico e reconhecimento de méritos por parte da então diretora da Escola Municipal de Educação Básica Professora Elza Borges Soares, localizada no município de Igreja Nova. Como docente, permaneceu durante um ano e quatro meses.

Concluído o curso pedagógico e o contrato de estágio, Samira passou a morar com seus pais em Propriá, logo conseguindo colocação como recepcionista numa pousada da cidade onde trabalhou por sete meses. Determinada a alcançar novos espaços profissionais, dispensou o emprego imediatamente após aprovação no curso de Pedagogia na modalidade EAD. Colaboradora exemplar na função que exerce atualmente, Samira reconhece a facilidade que tem em se identificar com as áreas de relacionamento.

“Não tenho dificuldade nenhuma em me relacionar, desde que haja respeito”, afirma categórica quando questionada sobre sua identidade de gênero. “Independentemente do que somos, temos que nos colocar em nosso lugar e respeitar para ser respeitada”, complementa Samira.

Sobre a aceitação social à sua atual condição, ela reconhece que teve muita dificuldade no início dentro do próprio seio familiar. Chegou a sair de casa durante seis meses e hoje entende que esse período, apesar de doloroso, foi indispensável para o seu crescimento como cidadã.

“Dentro de casa vivemos sobre a proteção dos nossos pais. Somente quando saímos para o mundo é que conhecemos a realidade. Me dei ao respeito e após seis meses voltei para casa totalmente diferente da maneira como os meus pais achavam que eu iria ficar. Na rua você está exposta a situações boas e ruins. Cabe a você fazer a escolha certa”, pondera.

Sobre o processo de transformação, Samira reconhece que se via menina desde a primeira infância. A percepção do preconceito chegou com a adolescência, quando se via cobrada pelos colegas e por parentes para estabelecer um comportamento masculino. “Muitas pessoas perguntavam por que eu não assumia a minha posição, e eu pensava: assumir para que se não estou fazendo nada errado? Entendo que há um momento em que criamos coragem para revelar nossa identidade e é nesse momento que saímos do personagem que as pessoas criam para nos identificar. Aí, quando completei 22 anos, disse: agora é a minha vez”, relata Samira. “Não defendo classes: vivo a minha vida”, complementa a alagoana cheia de autoestima.

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