Com celulares cada vez mais interativos, o uso de redes sociais em todos os ambientes é comum, incluindo o local de trabalho. Em casos de profissionais da área de Saúde, a exposição pode causar transtornos legais e éticos que comprometem a credibilidade do trabalho. Para discutir o tema e orientar calouros do curso de Fisioterapia, a Universidade Tiradentes (Unit) reuniu profissionais da área de Saúde e Jurídica, nesta terça-feira, dia 26, em aula inaugural do curso.
Juliana Oliveira é fisioterapeuta egressa da Unit e agente fiscal do conselho de Fisioterapia. Em sua palestra, ela alertou para publicações com pacientes, imagens de ‘antes e depois’ e promoções que podem constranger o paciente ou induzir o público ao erro.
“É muito importante que já no primeiro período o aluno tenha essa consciência, comece a pensar no profissional. A ética é importante em todas as áreas de nossa vida, não é algo limitado a atividade profissional, mas para o desenvolvimento das relações sociais. O conselho faz fiscalização por meio de denúncia ou abordagem rotineira. Conversamos com o profissional, explicamos o disposto do código de ética descumprido, notificamos e aguardamos a regularização. Caso não regularize, será aberto um processo ético e a penalidade vai de advertência a financeira e cancelamento do registro profissional”, alertou.
Juíza substituta do TRE, Marcela Phiton foi ainda mais incisiva sobre os cuidados com exposição nas redes. Ela pontuou a auto responsabilidade do profissional e que as punições são severas, respaldadas no Código de Defesa do Consumidor, Código Civil e Constituição Federal.
“O debate tem que vir das escolas já, com trabalho voltado para conscientização e auto responsabilidade. O bom trabalho ou o mau trabalho retorna para a coletividade”, disse, exemplificando com ações praticadas no dia a dia como estacionar em vaga preferencial.
“A ética está em tudo, não só no nosso trabalho. Quando paramos em uma vaga de idoso, será que não estamos sendo antiéticos? A rede social mostra um pedaço do que se é enquanto cidadão porque as pessoas se comprometem o menos possível em seus atos diários. O recomendado é que o profissional não marque pacientes, não deixe seu perfil aberto parta marcações e evite expor o local de trabalho”.
Sobre punições previstas em casos de exposição nas redes, Phiton explicou que pode se responder judicialmente por injúria, falsidade ideológica e material.
“As punições são rígidas. Já havia a tutela desde o código do Consumidor. O Código civil também tutela em relação a responsabilidade patrimonial e o dano moral e a Constituição preconiza o exercício limitado do direito e liberdade”.
Daniele Albuquerque é aluna do curso e elogiou a inciativa. “Essa discussão tem que ser feita sempre porque é um tema delicado. Gostei muito”.