O cenário de pandemia que atingiu o planeta impôs ao mundo decisões que afetaram vários setores. Para conter a disseminação, medidas sanitárias foram adotadas, os deslocamentos foram contidos e isolamento passou a ser regra.
Os desafios recaíram, principalmente, nos sistemas de saúde, mas a educação também foi diretamente afetada. Para os alunos que buscam aprendizagem e interação em solo estrangeiro foi necessário implementar uma nova dinâmica de estudos.
De acordo com Otávio Correia, Professor de Política Internacional, Bacharel e Mestre em Relações Internacionais e Diretor Executivo do Tiradentes Institute, em Boston (EUA), é importante considerar os alunos que estão nesse momento no exterior e que precisam de cuidado por conta da frustração.
“Temos alunos que no segundo dia passaram a enfrentar a pandemia. É preciso abraçar esse estudante porque essa foi uma experiência projetada por anos e que, infelizmente, sofreu alterações. Nosso papel nesse momento é também de acolher de modo que ele não se frustre e que possa, em um segundo momento, quando tudo isso passar, prosseguir com sua experiência internacional, de maneira física”, afirma.
Diante desse complexo cenário, falar de relações internacionais acadêmicas passou a ser um grande desafio.
“Um dos fatores reside nas bases dessas relações. As viagens, para efetivar um intercâmbio, uma parceria ou uma visita técnica, estão limitadas. A mobilidade, inclusive dentro da própria academia, está restrita. Essa limitação termina proporcionando uma redução, significativa, na nossa capacidade de atuação”, revela Otávio.
O segundo ponto de impacto direto na mobilidade acadêmica internacional é a falta de previsibilidade. “Essa não é uma crise comum, é uma crise sanitária com vírus desconhecido. A imprevisibilidade não nos permite organizar todas as nossas ações de maneira acertada”.
Segundo Diretor Executivo do Tiradentes Institute, isso influencia diretamente em questões financeiras, de capacidade de execução de projetos e equipe, mas o cenário de desafio tem revelado outras possibilidades. “São oportunidades que sempre existiram, mas durante muito tempo, foram marginalizadas. E não estão distantes do utilizamos internamente, dentro da própria universidade. A virtualização das relações ofereceu uma nova forma do fazer na educação”, considera.
Os sistemas online lançaram um novo olhar em um contexto complexo acerca das expectativas de alunos e de professores que precisam, nesse momento, trocar a rotina de vivências de intercâmbio, por uma tela de computador.
“É uma experiência igualmente rica, mas é desafiadora. É preciso superação para adequar as questões que envolvem sistemas acadêmicos de experiência internacional, com a questão de notas. Em contrapartida, alguns projetos internacionais já estão surgindo com pesquisas locais, sem que haja a necessidade de uma viagem. Nós temos bom relacionamento com todas as universidades parceiras, mas com as quais mantemos vínculo mais forte estamos criando projetos temporários e até iniciativas que vão perdurar para além da pandemia, tudo inserido nesse cenário diferenciado de virtualização das ações”, finaliza.