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Pais devem acolher dúvidas e medos dos filhos ao falar sobre a pandemia

Psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Universidade Tiradentes, Angélica Piovesan, orienta diálogo aberto

às 22h02
Angélica Piovesan
Angélica Piovesan
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Aulas on-line, parque e brincadeiras restritos, contato com familiares e amigos por meio de plataformas digitais são algumas das mudanças que crianças e adolescentes enfrentam com a pandemia e a determinação de isolamento social por conta do risco de contágio do novo coronavírus. As alterações na rotina geram dúvidas e inseguranças, as quais são direcionadas para os pais. Como falar sobre o tema sem causar medo?

Para a psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Universidade Tiradentes,  Angélica Piovesan, o diálogo aberto e didático é o melhor caminho para pais e filhos, independente da idade.

“Os pais precisam explicar claramente o que está acontecendo para evitar ansiedade e pânico. As crianças compreendem o que é dito, mas é importante que se use uma linguagem compatível com a sua capacidade de compreensão. Vale ressaltar que a criança pode reagir com choro, ter medo, mas é importante que ela saiba a verdade e se sinta acolhida e protegida pelos pais”, orienta.

Ela lembra que o isolamento afeta a rede de relacionamentos da criança, que estão impossibilitados de ter contato com familiares e amigos, o que pode gerar ansiedade nos pequenos.

“O isolamento social tem afetado as crianças, não só com o contágio, mas pela necessidade de entenderem o que está acontecendo. Muitas, não estão podendo ter contato com os avós, primos e familiares. Elas também estão sentindo falta dos colegas e das atividades que realizavam no dia a dia. Esses são fatores que podem estar causando estresse e ansiedade. Algumas crianças quando não são bem informadas pela família ou quando assistem na TV que, acabam se desesperando com medo de morrer. Caso haja necessidade, os pais devem procurar ajuda de um profissional para conduzir a situação”, recomenda.

Adaptação

Mãe de dois meninos de 12 e 10 anos, Alexsandra Batista de Oliveira conta que a família adaptou horários de acesso à televisão e à internet e explicou a situação atual para os filhos, já que estão sem sair de casa há três meses e sem receber visitas da avó.

“Está sendo complicado. Procuramos não esconder nada deles desde início, explicamos sobre a suspensão das aulas e sobre o cuidado com as pessoas que amamos. Estamos tentando não cobrar muito deles para não ficar ainda mais pesado, já que estamos muito tempo em casa. Incentivamos a prática de atividade física, de trabalhos manuais, de oração e vamos levando sabendo que é uma fase e vamos superá-la”, conta.

Jornalista e mãe de duas meninas, Edjane Oliveira também optou por conversar com as filhas abertamente.

“Desde o começo da pandemia, conversamos com elas sobre tudo que estava acontecendo no mundo e aqui na nossa cidade também, o porquê da necessidade de ficarmos em casa, para a nossa proteção e também para o bem das outras pessoas. Foi difícil para elas, porque foi uma coisa muito inesperada. Saímos das aulas numa sexta-feira, tivemos um feriado na segunda (quando elas tinham ficado na casa da minha mãe) e aí na terça-feira nossas vidas simplesmente mudaram completamente”.

Edjane relembra que as meninas não puderam se despedir dos familiares e de amigos e que a adaptação às aulas on-line tem sido desafiadora, porém, cobrança não faz parte do ambiente familiar.

“No começo foi bem difícil, tínhamos muitas dúvidas. A mudança na rotina de aulas também foi uma grande novidade e um desafio, porque o contato com os professores e colegas fica restrito a uma tela. Bia, que tem 13 anos, conseguiu se adaptar melhor, mas Rebeca, que tem só sete, sinto que tem sido mais difícil a concentração. Como sei que é um momento novo e completamente diferente de tudo que já vivemos, tenho procurado não cobrar delas demais. Está sendo feito o possível”, disse, afirmando que percebe mudanças no comportamento das filhas.

“A mudança de comportamento delas em alguns momentos é visível. Irritação, impaciência. Entendo que é normal, depois de mais de 100 dias fechadas em casa. A principal reclamação tem sido não poder sair de casa para ver e conversar com os colegas de escola, não estar vendo os avós, tios, primos, de passear. Nesse período, elas saíram de casa apenas uma vez, depois de quase 90 dias, para dar uma volta de carro e passar na frente da casa dos meus pais.

Dificuldade

Yolando Mello também relatou dificuldade com as tarefas on-line e alteração no comportamento dos filhos, de dez e de quatro anos.

“Eles entranharam minha presença em casa, porque trabalho viajando, e perguntaram o motivo. Agora, já me preocupo quando retomar as viagens porque construímos rotinas que não tínhamos como acompanhar tarefas, por exemplo. A mudança que percebi foi essa aproximação maior. Por esse lado, tem sido positivo para todos”.

Cartilha

 O ministério da Saúde criou uma cartilha lúdica que orienta como explicar sobre o coronavírus para as crianças.

Link da cartilha

https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/06/Cartilha–Crian–as-Coronavirus.pdf?fbclid=IwAR3-pr_bMTB–xMOleOd9mF0JoJG6s5RqzpORBJiiIJ3_-tXfrupQb4M0JA

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