Há 17 anos, a Universidade Tiradentes faz parte a história do município de Estância. Em 2020, consolidou o curso de Medicina na região centro sul de Sergipe com a inédita iniciativa de um edital que contemplou cinco estudantes de escolas públicas do município, com bolsas integrais de estudo. De acordo com a diretora do Campus Estância, Adriana Rocha Fontes, que integrou a comissão que conduziu o processo de avaliação, o ato representa um grande salto educacional e marca de maneira singular o progresso da região.
“A comissão está de parabéns pela lisura, comprometimento e rigor do processo de seleção. Estamos muito felizes enquanto instituição de ensino, de poder contribuir com o progresso da cidade, e principalmente, de realizar sonhos, de estar presente na história de vida dessas pessoas”, considera.
O processo seletivo do curso de Medicina do Campus Estância seguiu critérios fundamentados em edital que, pela impossibilidade de realização de provas presenciais por conta da pandemia do novo coronavírus, definiu a nota dos últimos cinco anos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), como metodologia para ingresso. Das 50 vagas ofertadas, cinco foram destinadas para candidatos munícipes de Estância e egressos de escolas públicas para concessão de bolsas integrais de estudo.
Bolsistas
Dedicada totalmente aos estudos, Beatriz Limeira, de 18 anos, revela que a jornada no ensino médio nem sempre foi fácil. Enfrentou altos e baixos, mas nunca desistiu. Esforço, dedicação e muito estudo marcaram o último ano. “Todo o ano de 2019 foi árduo e bem corrido. Dediquei os três turnos do meu dia para aquisição de conhecimento”, conta.
O curso de medicina era o grande sonho, mas ainda havia uma certa insegurança em se afastar da família e disputar espaço em outros centros. “Sempre tive receio de morar em outro lugar, com desconhecidos. Graças a Deus estou perto de casa e podendo representar minha cidade e todos os estancianos. Essa foi uma grande oportunidade proporcionada pela Unit para os munícipes, especialmente para a rede pública. Valorizar a cidade que tão bem acolheu a primeira turma e o primeiro curso de medicina na cidade. Sou extremamente grata por essa oportunidade, ainda mais por servir de inspiração para tantos outros jovens, que assim como eu, não tinham essa possibilidade”, expressa.
Desde criança, Ruan Charles Silveira França desejava viver a rotina de um médico, mas sem condições de custear uma faculdade, parecia cada vez mais longe alcançar o objetivo de uma vida. “Quando soube da implantação do primeiro curso de medicina em Estância, na Unit, com 10% das vagas de bolsa integral, destinadas a munícipes advindos de escola pública, não pensei duas vezes. Realizei minha inscrição e fiquei entre as cinco vagas determinadas. Essa, sem dúvida, é uma grande oportunidade para os estudantes de escolas públicas aliado ao fato de estudar na própria cidade, sem custo de transporte para outra região”.
Por incentivo da mãe, sempre muito presente, Ronald Assunção Pinto sempre teve os estudos como prioridade. Cursou todo ensino médio no Colégio Estadual Senador Walter Franco e se preparou para o Enem estudando em casa, com auxílio da internet. Aos 22 anos, inicia a carreira acadêmica. “A vinda do curso para Estância foi uma oportunidade única, pois a possibilidade de cursar numa excelente Universidade, próxima de casa e de maneira gratuita, é um sonho realizado. É uma iniciativa muito importante para o ensino público da região, demonstrando uma valorização que é fundamental para melhorar a realidade de todo um município. Quando me tornar médico, inicialmente quero trabalhar aqui no município onde nasci e fui criado. Seja na atenção básica ou em qualquer outro âmbito da saúde. Acredito ter esse compromisso”, planeja.
A trajetória no vestibular de Kayo Pereira Fernandes, de 20 anos, começou em 2017. Na primeira vez, não teve sucesso. Em 2019, voltou a estudar no cursinho do Pré-SEED, no polo Estância. Foram muitos meses de preparação, enfrentou altos e baixos, sofreu com ansiedade, mas não desistiu. “Quando saiu o edital fiquei muito feliz por saber da possibilidade de estudar em um campus totalmente qualificado, sem sair da cidade que tanto amo. Essa é uma oportunidade sensacional. Um privilégio para jovens pobres e de periferia, como eu, ser um dos cinco bolsistas de um edital com vagas reservadas para estudantes de escola pública. Serei o primeiro médico da família e pretendo fazer um trabalho voltado para população, só assim serei um profissional e um cidadão brasileiro totalmente satisfeito, feliz e realizado, por fazer um belo trabalho pela minha cidade, pelo meu estado e país”, revela.
Marcos José da Silva Porto, conclui o ensino médio no ano 2000. Passou alguns anos longe dos livros e em 2019, aos 37 anos, decidiu retomar os estudos. Enfrentou o Enem com foco em um curso de Medicina, alimentado o desejo de se tornar o primeiro médico da família. “Cursar medicina é o grande sonho da grande maioria das pessoas, e comigo não é diferente. A expectativa só aumenta a cada minuto e a ansiedade pelo início das aulas e da realização desse momento. Essa é uma oportunidade única e maravilhosa. Proporcionar a comunidade estanciana, e aos alunos oriundos de escolas públicas, que jamais teriam condições de pagar por um curso como esse, a oportunidade da realização de um sonho, mostra o compromisso que a instituição tem com a educação”, considera.