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Será que seu smartphone escuta suas conversas?

Sistemas de reconhecimento de voz podem permanecer ativos 24 horas por dia se usuário não bloquear acesso ao microfone

às 21h01
"As empresas apontam que tais dados são removidos posteriormente, porém, os dados são gravados”, relata prof. Fábio Gomes.
"Até que ponto o próprio aparelho pode prejudicar sua vida? Essa possibilidade chega a ser assustadora", revela Cris Silva.
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Em uma conversa despretensiosa durante um almoço com o esposo, a jornalista Cris Silva planejava o próximo destino das férias. Citou alguns lugares que gostaria de conhecer, hotéis e até passeios.  Minutos depois, ao acessar as redes sociais, foi surpreendida com ofertas de pacotes de viagem. “Eram várias publicidades personalizadas em links patrocinados. E não foi a primeira vez. Converso muito com as amigas sobre gastronomia e sempre encontro ofertas em minhas redes sociais sobre o assunto. Acredito, sim, que o celular escuta nossas conversas”, conta.
Coincidência ou será mesmo que nosso smartphone escuta conversas particulares? Como isso é possível?  O Prof. Dr. Fábio Gomes Rocha, coordenador dos cursos de Computação da Unit, explica que de fato, os assistentes de voz como o Google, Alexa, Siri precisam estar ouvindo para, caso sejam acionados, possam tomar uma decisão.
“As empresas afirmam que, apenas após os comandos de voz é que realmente os dados são gravados e enviados para nuvem, ou seja, apesar do dispositivo estar ouvindo constantemente, somente após um determinado comando como o ‘Olá, Siri’ ou o ‘Olá, Google’ começa a gravação e o envio desses dados para a nuvem. As empresas apontam que tais dados são removidos posteriormente, porém, os dados são gravados”, relata.
Essa condição do aparelho celular como “espião” levanta questões como ameaça à privacidade. “A dúvida que fica é se estão nos ouvindo de fato, se há acesso à câmera do celular. Porque com o celular foi incorporado em nossa rotina, o levamos para todos os lugares. Até que ponto o próprio aparelho pode prejudicar sua vida? Essa possiblidade chega a ser assustadora”, revela Cris.    
Como se proteger?
De acordo com Fábio Gomes, em certo ponto os dados vão direto para a empresa, não sendo compartilhado com terceiros. “O perigo é apenas referente a privacidade, porém, o usuário deve se cuidar, pois ao instalar outros aplicativos, que em geral pedem alguns acessos, deve analisar se realmente o aplicativo precisa acessar tais informações. Pais com filhos pequenos e que possuem celulares devem ter atenção redobrada, já que as crianças podem instalar aplicativos sem o consentimento”, alerta.
Em geral os celulares permitem que os usuários retirem permissões dos aplicativos. Se não houver necessidade do app, a orientação é remover. “Há também o anti-virus  que  pode ser obtido para melhorar a segurança, mas o principal é que o usuário, ao instalar aplicativos se cuide, verifique se o aplicativo está na loja oficial e se é realmente o app desejado. E muito cuidado com as permissões solicitadas”, aconselha Fábio Gomes.
A praticidade do mundo moderno que permite que o celular seja uma extensão da vida pessoal e profissional, acaba revelando a vulnerabilidade dos usuários que acabam pagando com seus dados pessoais, coletados livremente na internet pelas empresas. Então, como manter a segurança digital? 
“Com certeza temos um grande problema de perda de privacidade já que dados, de busca que fazemos ou acesso a páginas, são todas armazenados. Porém, com a nova Lei Geral de Proteção a Dados- LGPD, temos uma mudança chegando. A nova ordem, inspirada na lei européia, tem como um dos princípios permitir que o usuário possa solicitar todas as informações que a empresa tenha sobre ele. Há a previsão ainda de solicitar que essas informações sejam removidas. Mesmo assim, todo cuidado se faz necessário, visto que alguns sites não deverão estar adequados à LGPD.  Ficar atento se o site possui segurança e ler com cuidado os contratos são itens necessários para garantir um pouco mais de segurança”, finaliza Fábio Gomes.
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