A data de 11 de fevereiro tem sido marcada pelo Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. A iniciativa, instituída há quatro anos pelas Nações Unidas – ONU –, visa celebrar as conquistas das mulheres na área, além de encorajar gerações a buscarem a carreira científica. Mas quais são os principais desafios e como a presença feminina contribui para a ciência?
Para se ter uma ideia, a Unesco estima que há somente 28% de pesquisadoras e cientistas mulheres no mundo. Apesar de as estatísticas demonstrarem que nas universidades elas representam apenas 33,3% de todos os pesquisadores, apenas 12% dos membros das academias de ciências nacionais são mulheres. Na Universidade Tiradentes, instituição de ensino genuinamente sergipana, a figura feminina vem ganhando destaque cada vez mais nos programas de pós-graduação.
“Essa data segue sendo uma data importante para que a sociedade possa refletir e possa pensar em que medida ela tem conseguido garantir equitativamente oportunidades para os gêneros, sejam eles quais forem”, declara Gabriela Maia Rebouças, professora do curso de Direito da Unit e docente e coordenadora do Programa de Pós-graduação em Direitos Humanos da instituição de ensino.
“Acho muito importante que possamos comemorar avanços, reconhecer que avançamos como sociedade, mas, ao mesmo tempo, ter esse dia como um dia de reflexão e que é preciso continuar lutando por condições de igualdade, por condições de gêneros, por condições de liberdade e reconhecimento do trabalho da mulher cientista”, acrescenta.
Gabriela, que escolheu atuar no campo acadêmico e pesquisa, sempre encontrou mulheres dedicadas no desenvolvimento da ciência e produção do conhecimento. “O ambiente universitário conta com muitas mulheres atuando, não sinto que somos uma exceção, pelo menos não na universidade em que atuo, mas reconheço que, mesmo com todo esse espaço e esse engajamento, os obstáculos são maiores para as pesquisadoras. As cobranças sociais são multiplicadas para as mulheres que pesquisam, para as mulheres que fazem academia”, enfatiza.
Na Universidade Tiradentes, a pós-graduação stricto sensu tem 64 professores, seja como permanente ou colaborador. Destes, 53% do corpo docente são mulheres. Na coordenação dos Programas de Pós-Graduação, 67% são comandados por mulheres.
Doutora pela USP e pesquisadora Fapitec, Margarete Zanardo, que atualmente coordena a Pós-graduação em Saúde e Ambiente – PSA – da Unit, conta um dos principais desafios. “Sempre dependi das bolsas de estudos para minha formação e subsistência. Tornei-me mãe no fim do doutorado e segui para Paris com minha filha que tinha menos de dois anos. Compreendo e admiro a luta das mulheres e meninas”, comenta.
“Para nós, orientadoras e educadoras, serão sempre carinhosamente chamadas de meninas, que acumulam tantas responsabilidades enquanto trilham este caminho em busca da realização de um projeto de vida que, em última análise, poderá contribuir para a melhoria das condições de vida de muitos e para o desenvolvimento do país”, complementa. No PSA, do total de alunos, atualmente, 60% no curso de Mestrado e 69% de alunas no curso de Doutorado são mulheres.
“As egressas, por exemplo, estão inseridas tanto no Ensino Superior público e privado como na indústria e gestão pública em Saúde e Ambiente, contribuindo sobremaneira para o desenvolvimento regional por meio da produção de tecnologias inovadoras (patentes), novos dados para a ciência (artigos científicos) e participando ainda de projetos na comunidade”, garante a coordenadora.
Outro grande exemplo da ciência dentro dos programas de pós-graduação stricto sensu da instituição de ensino vem do PPG em Engenharia de Processos com a professora Eliane Cavalcanti. Decidida, desde o início da sua graduação em Engenharia Química, já foi em busca da pesquisa. “Logo no primeiro semestre, fui conversar com um professor para iniciar trabalho de pesquisa. Fui ser bolsista/CNPq de Iniciação Científica no 3º período do curso de graduação. Depois ingressei no mestrado, ao concluir o curso, entrei na academia e decidi continuar os estudos indo para a França cursar o doutorado. Fui convidada para ingressar na Unit e a condição chave foi que eu pudesse continuar desenvolvendo pesquisa”, salienta.
“Na Unit, venho desenvolvendo pesquisa e orientando alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado. Neste período, fiz um estágio de pós-doutoramento na Espanha. Enfrentei tudo sem nenhum medo por ser mulher. Não é fácil, porém, é possível”, assegura.
“No PEP, 63% dos nossos discentes e 49,67% dos nossos egressos são mulheres, quebrando o dogma que mulheres não gostam da engenharia. 80% das docentes do PEP são bolsistas de produtividade do CNPq. Esta data comemorativa reflete uma luta de muito tempo e foi criada para a popularização desta luta eterna”, finaliza Eliane.