Numa tentativa de diminuir e erradicar os ainda persistentes níveis de analfabetismo no Brasil, o Ministério da Educação (MEC) lançou nesta semana o Relatório Nacional da Alfabetização Baseada em Evidências (Renabe), um extenso documento que traz experiências e estratégias de alfabetização adotadas em vários países. De acordo com o MEC, o objetivo é ajudar na melhoria da qualidade das políticas públicas e nas práticas de ensino de leitura, escrita e matemática no Brasil, bem como melhorar o desempenho dos estudantes brasileiros em itens como leitura, escrita e cálculo.
Durante a apresentação, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse que, apesar de o país ter avançado na universalização do acesso de estudantes às primeiras séries do ensino fundamental, os resultados das avaliações internas, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), e externas, como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), mostram que a aprendizagem dos alunos segue muito limitada, já que a maioria deles ainda não consegue compreender o que lê.
O professor Anderson Teixeira, do curso de Pedagogia EaD da Universidade Tiradentes (Unit EaD), disse que o relatório do MEC se trata de um documento novo, que está sendo aprimorado através de bases técnicas. Ele considerou que o conceito de ‘alfabetização baseada em evidências’ visa chancelar práticas e estratégias consideradas eficazes.
“A gente pode se deparar com as informações de que ele visa uma melhoria da qualidade desse processo, ou seja, das políticas públicas voltadas para o ensino da leitura, da escrita, do cálculo, da matemática em si. E que todos os recursos, as técnicas e os métodos envolvidos no processo precisam ser testados antes, porque através desse relatório, ele ratifica que a alfabetização baseada em evidências precisa ser eficaz. Obviamente, tem ali um resultado. E que antes desses métodos, procedimentos e recursos sejam testados, efetivamente falando, é preciso que os mesmos sejam testados ao ponto de mostrarem toda a sua eficácia”, explica Teixeira.
Para o pedagogo, cada aluno tem necessidades pedagógicas diferentes e os métodos de ensino para a alfabetização, como alfabético, global, fônico, palavração ou soletração, precisam ser aplicados caso a caso. “Porque o método que eu direciono pra um pode não servir pro outro, de acordo com as suas necessidades. A gente não pode engessar o processo. Existem muitos métodos que tiveram eficácia durante todo esse tempo, mas hoje precisam ser analisados, muito bem direcionados, conjecturados com os princípios construtivistas e outros métodos que venham atender a necessidade daquele aluno”, diz Anderson, ressaltando que, primeiro, o educador deve conhecer o perfil de cada estudante e ter liberdade para adotar a estratégia que julgar adequada.
O professor da Unit lembra que o processo de alfabetização é bastante complexo e envolve diversos fatores internos e externos, que vão além do processo de escolarização que compete à leitura e à escrita, e passam pela realidade vivida pelo estudante, pelas condições das escolas e pelas necessidades dos profissionais de ensino. “Como ressalta a neurociência, para que as funções cognitivas tenham essa eficácia no processo, é preciso que as funções conativas envolvendo o emocional, por exemplo, estejam equilibradas. Muitas vezes, principalmente na escola pública, muitos alunos não apresentam esse equilíbrio entre suas emoções e sentimentos por uma série de fatores, de abuso, de falta de uma moradia adequada, uma alimentação adequada… e isso interfere na sua aprendizagem”, pondera.
Asscom | Grupo Tiradentes
com informações da Agência Brasil