A Medicina de Família e Comunidade é hoje uma especialidade médica, que se insere na Atenção Primária à Saúde. Diferencia-se do médico generalista e dos demais especialistas por fazer uso de técnicas e práticas de abordagem familiar e comunitária.
“Na prática, significa que o médico da família é preparado para atender pessoas em todas as fases da vida, desde crianças até idosos, e sempre considerando seu contexto de vida e determinantes sociais – moradia, trabalho, relações familiares e assim pode melhor compreender seus processos de saúde e adoecimento e atuar na promoção, prevenção, tratamento e recuperação da saúde”, explica Dr. André Luiz Baião Campos, prof.do curso de Medicina da Universidade Tiradentes e coordenador do Programa de Integração do Ensino à Saúde da Família- PIESF.
A Medicina de Família e Comunidade se relaciona com as outras especialidades como um integrador. É na Atenção Primária que acontece a coordenação do cuidado, acessando as outras especialidades quando necessário.
“Isso contribui para que o paciente certo chegue ao especialista certo quando de uma necessidade específica. Para o sistema, é ótimo pois otimiza o trabalho das outras especialidades, organiza o acesso à atenção secundária”, ressalta o médico.
O Médico que escolhe a Medicina de Família e Comunidade como área de atuação tem como cenário as Unidades Básicas de Saúde-UBS, maior campo de trabalho no SUS. Mesmo a medicina suplementar tem organizado recentemente equipes com modelagem semelhante para cuidado primário, um processo em expansão, uma tendência. Isso acontece porque a abordagem familiar e comunitária é uma estratégia eficiente e eficaz para o cuidado à saúde, o que é hoje amplamente evidenciado em diversos estudos no mundo.
“Os maiores desafios para a medicina de família e comunidade são a formação, já que grande parte dos médicos atuam nas Unidades Básicas de Saúde, mas não realizam a formação específica voltada para tal, muitos atuam de forma temporária, não como carreira. Também há um grande desafio que é uma cultura de fragmentação e mercantilização do cuidado à saúde, a ultra especialização e relação de consumo associada a procedimentos, medicamentos e recursos diagnósticos. O médico de família e comunidade vem para organizar, fazer pelo paciente o necessário, pensando coletivamente a saúde naquele território de forma racional, usando das melhores práticas científicas disponíveis e viáveis”, pontua Baião.
Ainda de acordo com o professor do curso de Medicina da Unit, ter um médico de família e comunidade significa estar vinculado à uma Unidade de Saúde e uma equipe de saúde – isso traz vantagens de percepção imediata como o deslocamento – as unidades são organizadas de modo que se localize nos bairros, isto é, próximo de onde moram as famílias.
“Ademais, o cuidado é continuado gerando vínculo com o paciente. Além do cuidado a eventuais doenças, o médico de família trabalha com a gestão de riscos de adoecer, prevenção e promoção de saúde. Ao ampliar o olhar para a família e comunidade, faz ações também em âmbito coletivo, indo na raiz de problemas fundamentais para a saúde”, destaca.
19 de maio: Dia Mundial do Médico de Família
Promover a importância dos cuidados de saúde da pessoa e da sua família, valorizando o papel do médico de família na saúde e bem-estar do agregado familiar é o objetivo data criada em 2010, pela Wonca – World Organization of National Colleges, Academies and Academic Associations of General Practitioners/Family Physicians.
A Organização Mundial de Médicos de Família é uma organização profissional global sem fins lucrativos que representa médicos de família e clínicos gerais de todas as regiões do mundo. A pandemia reforçou a importância desse profissional que tem por base uma relação de proximidade e de abordagem individualizada, presente ao longo de toda fase da vida.
Hoje em dia o médico que se interessa pela carreira de médico de família e comunidade deve, de acordo com a sociedade da especialidade – Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade – SBMFC, prestar a prova de título.