O desempenho escolar dos estudantes do ensino médio brasileiro foi tema de uma tese de doutorado defendida pelo professor Fábio Alexandre Gusmão, egresso do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPED) da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe). Com o tema “Indicadores educacionais, sociais e econômicos como preditores do desempenho escolar no ensino médio: um estudo acerca das dimensões da desigualdade educacional com base no SAEB (2001-2015)”,a pesquisa resultou, inclusive, em sugestões de avaliações que melhorem a captação dos dados.
A avaliação de desempenho dos estudantes brasileiros é realizada a cada dois anos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) através do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Para dar um panorama maior do que acontece com os estudantes, Gusmão agregou à análise dos dados outros indicadores sociais e econômicos (PIB, IDH, Índice de Gini), que colaboram para um diagnóstico mais preciso da educação básica brasileira e indicaram quais fatores podem interferir no desempenho estudantil, além de avaliar a qualidade da educação ofertada.
Segundo Gusmão, o desempenho escolar está relacionado ao processo educacional e às desigualdades educacional, econômica e social, de modo que esses fatores o afetam sistematicamente, de modo que “os dados analisados mostram está insuficiente, haja vista que menos de 50% dos alunos das escolas públicas, e menos de 60% das escolas particulares consigam alcançar o nível básico e adequado de desempenho”.
Para o doutor em Educação, a rede de ensino, seja pública ou particular, é um dos fatores, assim como “a situação de vulnerabilidade social e econômica, fragilidade cultural, instabilidade na trajetória escolar, condições estruturais do local de aprendizado, além das desigualdades educacionais, econômicas, sociais, de gênero e etnias”.
Fábio acrescenta que o Sistema de Avaliação, apesar das críticas que sofre, acaba por contribuir, de acordo com sua análise, “para perceber os problemas da qualidade e equidade educacional ao término de cada etapa da escolarização, pois também leva em conta a diversidade cultural e os fatores sociais e econômicos associados à trajetória dos estudantes”.
Participação familiar
A família é outro influenciador no desempenho dos alunos, pois a participação familiar os motiva para que prossigam nos estudos. “O interesse dos pais pela vida escolar dos filhos é um importante influenciador, então a frequência com que os pais vão às reuniões na escola, e os auxilia no dever de casa e trabalhos escolares facilita a transmissão pela cultura e aumentam a autoestima deles com relação ao conhecimento adquirido”, salienta o professor.
A tese mostrou ainda que os indicadores sociais, educacionais e econômicos são fundamentais para a elaboração de políticas públicas que possam melhorar o desempenho escolar, pois fornecem soluções estruturantes e duradouras, apontando os caminhos a seguir para garantir o acesso a uma educação escolar de qualidade, mas existem aspectos relacionados ao campo da avaliação educacional que não podem ser testados e mensurados, entretanto devem ser levados em consideração.
“São aspectos de vivência e da própria experiência individual de cada um segundo o contexto em que está inserido, como questões políticas, psicológicas, afetivas, culturais, históricas, demográficas, sociológicas, entre outros, que também afetam o desempenho escolar e, consequentemente, a aprendizagem acadêmica”, concluiu o professor.
Asscom | Grupo Tiradentes