Antes mesmo da pandemia do novo coronavírus, a forma de trabalho em vários setores da economia já estava mudando significativamente, por meio de novos modelos de negócios, como também o surgimento de novas profissões.
“Empresas da área de tecnologia, comércio e serviços, principalmente aquelas que atuam em escala global, já trabalhavam remotamente com possibilidade de flexibilização de horários para o funcionário”, diz a arquiteta e urbanista Rosany Albuquerque Matos, docente da Universidade Tiradentes.
Mas, desde quando surgiram os primeiros casos e a Organização Mundial de Saúde declarou oficialmente a pandemia, essas mudanças tiveram que ser ainda mais rápidas. “O isolamento social acelerou enormemente esses processos possibilitando que outros setores também usufruíssem dessas novas tecnologias, democratizando-as, fato facilmente observado através das inúmeras videochamadas, computação em nuvem e outras tecnologias”, comenta Rosany.
Para a arquiteta, dependendo do tipo de atividade que a empresa desempenhe, é possível considerar três possibilidades de retorno às atividades no momento. “Atualmente, vivemos um momento de muita incerteza, nem sei se podemos chamar de período pós-pandêmico visto que as constantes mutações do vírus ainda nos assustam. Entre as possibilidades estão a volta ao modelo tradicional de negócios desenvolvido anteriormente pela empresa, a segunda seria a continuidade do trabalho remoto no formato exercido durante a pandemia e uma terceira opção seria o modelo híbrido, possibilitando aos funcionários e clientes modalidade remota e/ou presencial de negócios”, destaca.
“Pesquisas recentes indicam que a forma híbrida de trabalho tem sido o modelo preferido entre os trabalhadores, visto que possibilita realizar o trabalho em casa ou na empresa. Desta forma, muitas empresas começaram a adaptar os locais de trabalho para o retorno parcial das atividades laborais. Empresas que se adaptaram com o sistema híbrido estão mantendo uma sede bem enxuta para reuniões de alinhamento e atendimento a clientes, ficando o desenvolvimento dos trabalhos de forma remota, uma boa opção para redução de custos e aumento da produtividade”, acrescenta.
De acordo com a especialista, os escritórios compartilhados ou coworking estão sendo muito procurados, principalmente por quem está começando na profissão. “Esses espaços oferecem estrutura física, serviços de recepção, internet, auditório, sala de reuniões e estacionamento com baixo custo e planos por hora, por mês e anuais”, enfatiza.
“Não resta dúvida que a pandemia nos fez refletir sobre nosso comportamento, incluindo nossa forma de trabalho e os ambientes que o compõem. Passamos grande parte do dia desenvolvendo nossas atividades laborais, portanto esses espaços devem ser pensados para nos proporcionar conforto e bem-estar, contribuindo positivamente para produtividade”, complementa.
A professora destaca algumas tendências para o chamado “escritório do futuro”.
“Considerando que o “Smart Working” é um conceito que chegou para ficar, entendo que ele ainda não foi absorvido por todos os setores produtivos. Enquanto não podemos trabalhar de qualquer lugar, a qualquer hora e com foco nos resultados e não no tempo presencial, vivemos um período de transição onde tudo pode acontecer, inclusive seguirmos por novos caminhos que ainda não conhecemos. Entendo que o espaço do escritório vai continuar existindo, porém de forma diferente. O escritório permanecerá pelos valores, pela cultura da empresa, pela socialização e alinhamentos necessários”, salienta.
“A inteligência artificial, automação, sustentabilidade e a dinâmica populacional humana tendem a mover nossos escritórios, ao tempo que os funcionários deverão ser mais criativos, comprometidos com a qualidade, com a própria saúde e bem-estar. Quanto aos espaços físicos devemos considerar espaços que promovam a neurodiversidade, ambientes abertos, inclusivos e espaços compartilhados, a biofilia e espaços digitais conectados reduzindo a solidão dos que optaram por trabalhar em casa”, finaliza.
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