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Como ressignificar o luto e a saudade de um ente querido

Apesar de muito doloroso, há beleza no processo de reconfiguração do vínculo com as pessoas próximas que já faleceram

às 13h20
Na dificuldade em se lidar com o luto pela perda de alguém querido, buscar a ajuda de amigos, parentes ou mesmo de um profissional é sempre recomendado (Unsplash)
Na dificuldade em se lidar com o luto pela perda de alguém querido, buscar a ajuda de amigos, parentes ou mesmo de um profissional é sempre recomendado (Unsplash)
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A pandemia trouxe à tona a fragilidade da vida. O ser humano vive como se fosse eterno, sem pensar na morte, pois a simples ideia dela apavora e tende a ser negada. Não se fala nela, e isso é uma tendência cultural do Ocidente, típica do nosso tempo. Mas quando o inevitável nos alcança, saber lidar com a ausência de um ente querido é um desafio permanente, mas que pode ser ressignificado como gratidão e afeto compartilhado.

Repensar a saudade como uma oportunidade que o amor traz é uma proposta da psicologia para enfrentar a ausência. Saber a importância do processo de luto para a reconstrução do vínculo é essencial para seguir em frente e não prolongar de forma demasiada o sofrimento. E essa transformação começa no mesmo dia do falecimento de uma pessoa muito importante.

Com a interrupção do contato físico, inicia-se o caminho para uma reconstrução do vínculo que vai se tornar simbólico, dentro de cada um com aquela pessoa amada que partiu. Este grande percurso conta com uma fase muito difícil, que é o silêncio, não ouvir mais a voz daquela pessoa. Outra igualmente desafiadora é não se ver mais nos olhos dela.

É preciso se reencontrar através do amor compartilhado com essa pessoa. Quando isso ocorre, o tempo depois do luto é renovado. É possível não se sentir mais tão sozinho quando se percebe que aquele ente faz parte de quem ficou. Ao se alcançar esse estágio, é possível reconfigurar o processo que, mesmo muito doloroso, mostra beleza nessa reconstrução. Ao sentir o quanto foi amado por aquela pessoa, se restabelece o vínculo, que agora é interno, num lugar seguro. Essa percepção pode ser uma forma de atravessar a saudade.

Cuidar de si

Quem fica não pode esquecer-se de se cuidar, pois na vivência do luto existe um grande risco de adoecimento em várias dimensões. Há uma baixa na imunidade, a pessoa também fica distraída do mundo, há maior risco de se envolver em acidentes e também fica com dificuldade para completar tarefas, pois está com sua atenção plena apenas na dor.

Para as outras pessoas próximas, que vão cuidar de alguém que está em luto, é importante saber fazer silêncio presente. Isso significa estar do lado como alguém com quem se pode contar, mas sem palavras vazias que nesse momento podem até machucar. Fará toda a diferença saber ouvir e estar presente de forma incondicional.

Cultura

Na cultura ocidental, a maneira de vivenciar o luto tem se modificado através da história. No Século 18, os cemitérios eram pouco visitados, pois eram locais mal vistos. Isso começou a mudar no século 19 e as pessoas passaram a ver na visita anual no dia de finados como um marco, algo importante, em função da memória e sinal de estima para com os mortos.  

Em outros tempos, havia a adoção de códigos de conduta sociais para lidar com esse tempo como, por exemplo, o vestuário preto por determinado período de tempo, o distanciamento social, principalmente de festas e eventos. Na época mais contemporânea, lidamos pior diante da morte e já não se tem tantos rituais. Pessoas religiosas têm o amparo da fé, mas mesmo elas precisam cultivar em si um significado para a própria saudade.

Asscom | Grupo Tiradentes

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