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Movimentos antivacinas influenciam negativamente as populações do mundo

Com sua origem em estudos fraudados, o movimento ganha força com a internet, criando problemas em um momento crucial para a saúde coletiva

às 13h04
Campanhas antivacinas vem se formando a partir de notícias falsas divulgadas na internet (Reprodução/Portal Fiocruz)
Campanhas antivacinas vem se formando a partir de notícias falsas divulgadas na internet (Reprodução/Portal Fiocruz)
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O rápido alastramento da variante Ômicron, subtipo do coronavírus que foi descoberto em dezembro na África do Sul, e as recentes discussões sobre a validade ou não da aplicação de vacinas anti-Covid em crianças entre 5 e 11 anos no Brasil deixaram mais evidente a existência de movimentos e teorias contrárias à vacinação de pessoas, chamados de antivacinas ou antivax. Apesar do alcance que eles ganharam ultimamente, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, essa não é uma tendência nova. 

Sua origem é atribuída a um fato ocorrido em 1998: a divulgação, pela revista Lancet, de um estudo que relacionava a vacina tríplice viral ao desenvolvimento de autismo em de 11 crianças. Mais tarde, descobriu-se que esse estudo era falso e que seu autor, o ex-médico britânico Andrew Wakefield, tinha ligações com advogados interessados em conseguir indenizações de empresas fabricantes de vacinas. A Lancet retirou o falso estudo de seus arquivos e Wakefield teve sua licença cassada, mas muitas pessoas pelo mundo passaram a acreditar na teoria e a propagá-la. 

Outros movimentos passaram a pregar que as pessoas esperem um tempo para tomar as vacinas, alegando que a aplicação de muitos imunizantes ao mesmo tempo “sobrecarregaria” o sistema imunológico e “geraria doenças”. Eles passaram a evocar ainda uma “liberdade de escolha” para tomar vacina, como algo a ser respeitado por quem não concorda com tal atitude, e a existência de serviços de saúde alternativos que supostamente “combateriam” doenças que geralmente necessitam de vacinação.

Os antivax foram ganhando terreno com a divulgação de fake news (notícias falsas) pela internet e por aplicativos de mensagens. É o que constatou uma recente pesquisa internacional feita com a participação de equipes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo o estudo, mais de 150 vídeos com informações falsas sobre as vacinas foram upados no YouTube de forma indiscriminada. Os vídeos têm mais de 10 mil visualizações e interações, além de que muitos deles pertencem a canais verificados na plataforma, o que acaba passando confiabilidade a quem consome esses conteúdos.

Estragos

No Brasil, já há consequências da ação dos antivacinas: de acordo com o Ministério da Saúde, houve queda na taxa de adesão da vacinação no Brasil, que não atingiu a meta de 95% da população vacinada com as vacinas disponibilizadas pelo calendário público vacinal pela primeira vez em 2020, desde 1994. O objetivo do calendário é vacinar toda a população contra doenças como tuberculose, hepatite B, rotavírus, difteria, tétano, coqueluche, poliomielite, entre outros. No entanto, nem todos estão interessados nas vacinas. 

No entanto, essas consequências tendem a ser pequenas, pois o Brasil tem uma longa e histórica adesão a campanhas de vacinação, organizadas e executadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) presente em todo o país. É o que também se constatou com a adesão dos brasileiros à vacinação contra a Covid-19. Atualmente, mais de 78% da população recebeu a primeira dose; 68% completaram o esquema vacinal e quase 15% ̈tomaram a dose de reforço. 

“Isso é muito importante, porém observamos que nos países Europeus ainda não temos uma vacinação avançada sem esquecer que países da América Latina, da África e da Ásia temos taxas de vacinação menores que 5% e essa é uma preocupação para todos nós, já que a circulação do vírus e risco de mutação é presente e permanente, por isso que o avanço da vacinação nos garante uma proteção de forma global”, destaca a médica infectologista Gilmara Carvalho, professora do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe). 

Erradicação de doenças 

Quando falamos de vacinação, é necessário ressaltar que elas são importantes para a erradicação de doenças. “Podemos citar o exemplo de um excelente resultado que a vacina traz na nossa vida, que é a vacina da paralisia infantil, também chamada de poliomielite, onde temos temos desde 1989 a erradicação desta doença no nosso país. Isso mostra que a vacina é um produto que pode salvar a vida e modificar a qualidade de vida nos protegendo de efeitos piores dos agentes invasores, dos agentes ambientais, sejam eles bactérias ou vírus, que são os mais importantes para o nosso organismo”, lembra a professora. 

Gilmara destaca que as quatro vacinas contra a Covid-19 autorizadas para uso no Brasil (Pfizer/BioNTech, Coronavac, Astrazeneca e Janssen) passaram pelos crivos da Anvisa e da Organização Mundial da Saúde (OMS), além de contribuírem para um maior controle no número de casos e de mortes provocadas pela doença. “Características mais recentes de estudos mais avançados onde o componente é RNA mensageiro do vírus e isso vem mostrando os bons resultados dessas vacinas, cada uma com sua eficácia mas com bons resultados e na prática vemos a redução no número de adoecimentos. Quando ocorre o adoecimento, é um quadro mais brando”, afirma. 

Asscom | Grupo Tiradentes 

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