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Países enfrentam crises e desafios na produção de energia

Escassez de carvão na China e queda na oferta de gás na Europa geram crises energéticas nestes países e chamam a atenção para a necessidade de modelos alternativos

às 20h45
Uso de usinas nucleares está sendo retomado para produção de energia em alguns países, numa tentativa de suprir a demanda por energia na Europa (Markus Distelrath/Pexels)
Uso de usinas nucleares está sendo retomado para produção de energia em alguns países, numa tentativa de suprir a demanda por energia na Europa (Markus Distelrath/Pexels)
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Passado o desafio de superar a pandemia do coronavírus, o mundo está diante de outra encruzilhada: atender às crescentes e urgentes demandas por geração de energia, mas sem agravar os problemas da poluição e do aquecimento global. Esse conflito aparece em questões como o aumento generalizado dos preços da energia elétrica, do gás e do petróleo, principalmente nos países da União Europeia. 

Por um lado, o aumento da produção industrial e do consumo de energia, por força da retomada das atividades, vem exigindo um maior fornecimento, o que aumenta a pressão sobre o setor energético, que no entanto vem sendo sacudido por uma guerra e outros desdobramentos de crises econômicas ao redor do planeta. Neste contexto, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou nesta segunda-feira, 26, o aumento das projeções de produção de energia nuclear pelas usinas de todo o mundo. 

Segundo o órgão, o volume desse tipo de energia deve alcançar os 873 gigawatts em 2050, mais que o dobro dos atuais 389 gerados pelas cerca de 430 usinas nucleares em funcionamento atualmente – em sua maioria na Europa, na China e nos Estados Unidos. E alguns países, como Alemanha, Bélgica e Japão, que já tinham desativado a maior parte de suas usinas nucleares, já anunciaram a retomada do funcionamento de algumas delas.  

Por outro lado, a União Europeia é afetada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que envolve ainda uma série de sanções econômicas impostas pelo bloco para forçar os russos a se retirarem do país vizinho e encerrarem o conflito. O governo de Vladmir Putin retaliou, dificultando ao máximo o fornecimento de gás natural para a Europa, cobrando pagamentos em sua moeda nacional (rublo, em vez do dólar americano) e chegando a simplesmente interrompê-lo, principalmente nos dutos que ligam o país à Alemanha. A diminuição da oferta de gás, usado principalmente em aquecedores, impactou principalmente nas tarifas de energia elétrica, que saltaram de um custo anual médio de US$ 2,4 mil para US$ 6 mil.

Outra crise que preocupa é a da China, cuja indústria depende principalmente da energia gerada pela queima de carvão mineral. A extração do minério não conseguiu acompanhar o ritmo de produção das fábricas e estas chegaram a interromper seus expedientes por falta de energia, em “apagões” que se repetem desde o fim do ano passado, principalmente no nordeste do país, e levaram o governo chinês a impor um racionamento, somando-se a leis que determinam uma redução maior na emissão de gases. O preço do minério também disparou, chegando a alcançar quase US$ 205,00 por tonelada. Com isso, o mundo já começa a sentir a redução no ritmo de crescimento da economia do gigante asiático. 

E a energia no Brasil?

No caso do Brasil, o problema é a falta de chuvas, mas já esteve pior. Ao longo do ano de 2021, o país enfrentou uma das suas piores crises hídricas da história, com uma grande diminuição no volume de chuvas oriundas da Amazônia e do Pantanal. Por consequência, houve uma forte redução nos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas, que geram cerca de 56% da energia consumida aqui. A disparada dos preços foi impulsionada pelo acionamento das termelétricas, que são movidas a gás natural e têm um custo maior que o das hidrelétricas. 

A situação das chuvas no Brasil melhorou ao longo de 2022, mas apenas uma parte dos volumes dos reservatórios foi recomposta. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico, o volume útil dos conjuntos de hidrelétricas variava entre 51,15% (Sudeste/Centro-Oeste) e 83,51% (Sul). E as tarifas de energia acabaram reduzidas a partir de medidas de redução de impostos cobrados pelos governos federal e estaduais. 

O cenário vem favorecendo a adoção de modelos e caminhos alternativos para a produção de energia, baseada em fontes naturais e sustentáveis. Dados de um levantamento do Instituto Lactec mostram que 26,4% da energia produzida no Brasil vem de modelos alternativos: principalmente a energia solar (a partir da luz e do calor do sol), a eólica (a partir dos ventos) e a de fontes orgânicas (a exemplo do biogás, produzido pela decomposição do lixo orgânico). O setor está entre os que mais crescem no Brasil, seja pela grande disponibilidade destes recursos naturais ou por representarem alternativas mais econômicas e menos agressivas para o meio ambiente. 

Asscom | Grupo Tiradentes
com informações das agências internacionais

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