Etarismo é a discriminação baseada na idade, ou seja, é o preconceito contra pessoas por causa de idade, seja ela jovem ou idosa. Essa intolerância pode se manifestar em diferentes contextos, como no mercado de trabalho, na educação e na cultura. Nas universidades, apenas 5% dos estudantes possuem mais de 40 anos. Especialistas apontam que é essencial combater o etarismo e promover a inclusão e a diversidade em todas as idades.
Segundo a professora do curso de Psicologia da Universidade Tiradentes (Unit), doutora Tatiana de Carvalho Socorro, pessoas mais velhas podem desempenhar qualquer tipo de atividade, inclusive retornar ao estudos, o que pode influenciar na a saúde física e mental, bem como a aquisição de competências.
“Com o passar dos anos, as pessoas podem acumular experiências e conhecimentos que podem ser aplicados em diferentes situações. Isso pode torná-las mais confiantes em suas habilidades e mais capazes de lidar com desafios. Além disso, percebe-se que as pessoas estão investindo cada vez mais nos cuidados com a saúde física e mental, o que pode levar ao desenvolvimento de habilidades para lidar com o estresse e a ansiedade ao longo da vida, auxiliando na manutenção de uma atitude positiva”, diz.
Com 50 anos e já formado em Língua Portuguesa, Sérgio Murilo decidiu que faria uma segunda graduação. “Sou fascinado pelo conhecimento, optei por essa graduação por me sentir capaz. A minha experiência na universidade, tem sido muito gratificante e está atendendo às minhas expectativas. A receptividade dos professores é ótima e todos são bastante capacitados. Com os colegas de sala também temos construído uma relação bastante construtiva”, conta o estudante do curso de engenharia civil.
Aposentada desde 2021, Cleonildes Soares percebeu que não tinha perfil para ficar em casa e resolveu voltar à universidade para cursar psicologia. “Eu levo a minha experiência e bagagem de vida para a sala de aula. Eu vejo que os alunos mais jovens me procuram e me escolhem para fazer trabalhos em grupo. Eu fui muito bem acolhida pelos colegas, pela instituição e pelos professores. Para quem está chegando é muito importante esse acolhimento, pois dá mais motivação”, ressalta.
Como lidar com o preconceito?
No entanto, para outros, o preconceito contra a idade na universidade é uma realidade e representa um desafio. Recentemente, uma publicação de três estudantes do curso de Biomedicina de uma universidade particular de Bauru, no interior de São Paulo, debochando de uma colega de 40 anos, gerou indignação nas redes sociais.
A professora doutora Tatiana de Carvalho Socorro, listou algumas sugestões sobre como lidar com a situação:
- “Reconheça que a idade é apenas um número, ela não define sua capacidade de aprender ou contribuir para a comunidade acadêmica. Foque em suas habilidades, conhecimentos e experiências que você pode trazer para a sala de aula”;
- “Mantenha uma atitude positiva e aberta para novas experiências e conhecimentos. Esteja disposto a aprender com seus colegas mais jovens e a contribuir com seus próprios conhecimentos e experiências”;
- “Encontre um grupo de apoio dentro da universidade que possa ajudá-lo a se conectar com outros alunos mais velhos ou que compartilhem interesses semelhantes”;
- “Converse com seus professores e peça feedback sobre seu desempenho na sala de aula. Eles podem ser capazes de fornecer insights valiosos sobre como você pode melhorar”;
- “Lembre-se que você tem tanto direito quanto qualquer outro aluno de estar na universidade e receber uma educação de qualidade. Não deixe que o preconceito contra a idade o intimide ou o faça se sentir fora do lugar”.
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