Os estudantes do curso de Direito da Universidade Tiradentes (Unit), que participaram do projeto piloto do Programa Laboratório Social apresentaram o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), após retornarem da Universidad de Valladolid (UVa), na Espanha. A iniciativa proposta aos estudantes Daniela Santos Cruz, Carla Maria Teixeira Porto e Mateus de Paz, era de concluir suas pesquisas enquanto passavam quatro semanas imersos na cultura e metodologia de ensino do país.
O professor e orientador, Fran Spinoza, diz estar muito feliz com o resultado do Programa. “Acredito que os alunos tiveram pouco tempo para desenvolver uma pesquisa com essa característica. Eles realizaram o estudo de campo na comunidade, analisaram as entrevistas e depois escreveram o trabalho em um curto prazo, além disso, prepararam-se para ficarem um mês em Valladolid. Um sistema educativo diferente, um país, e língua diferente. Como coordenadores e colaboradores do projeto faremos uma avaliação para melhorar o Programa em alguns aspectos. Pessoalmente ficou feliz por ver que a Unit está mostrando ótimos resultados em pesquisas empíricas e também em internacionalização. Sem dúvida nenhuma estamos sendo os pioneiros em desenvolver projetos internacionais no Nordeste”, ressalta.
Os estudantes realizaram suas pesquisas a partir do projeto: ‘A função social dos estudantes da Ciência Jurídica na redução da insegurança alimentar no estado de Sergipe, Brasil’, que se encaixa no 10º tema da Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O estudante Mateus da Paz, concluiu seu TCC pautando sobre: A segurança alimentar e o princípio da dignidade da pessoa humana: Uma análise a partir da comunidade Xocó/SE. “A comunidade tem um problema social devido à insegurança alimentar, além deles, refletir acerca da segurança alimentar na comunidade sob o prisma dos direitos humanos e no princípio da dignidade da pessoa humana. Esses foram os pilares de estudo para a realização do meu projeto. A escolha desse tema se deu em virtude da grande necessidade que existe de informações mais precisas e atuais acerca das comunidades indígenas, sobretudo do Povo Xocó, no que tange a sua alimentação”, diz
A estudante Daniela Cruz, abordou o tema: ‘A insegurança alimentar na comunidade Xocó-Sergipe: Uma análise das políticas públicas estaduais’. “Conversei com o pajé e alguns membros que representam a comunidade para saber se havia ou não a insegurança alimentar. Nas entrevistas, cheguei a conclusão que existem pouquíssimas políticas públicas em Sergipe voltadas para as comunidades indígenas. Devido a essa falta, não existem dados sobre insegurança alimentar nessas comunidades, e isso ocorre porque não tem nem nutricionistas para fazer um acompanhamento desses casos. O que temos é o testemunho da população que fala sobre a dificuldade de ter acesso a alimentos”, aponta.
Um dado alarmante em sua pesquisa é que não existem estabelecimentos comerciais dentro dessas comunidades. “Os moradores me explicaram que eles se juntam e uma vez por mês contratam transportes para irem até a cidade mais próxima e fazerem a compra do mês. É importante que existam políticas que garantam o acesso facilitado para isso, seja por meio de transportes terrestre ou fluvial. Levamos esses dados para os professores da Universidade de Valladolid, Óscar Sánchez Muñoz e Javier Garcia Medina, que nos ajudaram a encontrar soluções para esses problemas encontrados na comunidade Xokó”, destaca.
A terceira estudante, orientada pelo professor Spinoza, Carla Teixeira Porto, destaca que em seu estudo: ‘A mudança da cultura alimentar e a insegurança alimentar: uma reflexão dentro da comunidade Xocó, em Sergipe’, percebeu que existe a problemática da insegurança alimentar, mas eles não estão em situação de extrema pobreza por que há uma coletividade na comunidade e os membros da comunidade Xokó são cadastrados nos programas de benefícios sociais, como por exemplo o bolsa família.
“Durante o período que estive entrevistando os membros da comunidade percebi que não existem políticas públicas de incentivo à agricultura familiar. Outra problemática que encontrei é que devido a má alimentação, existem muitos casos de doenças crônicas como a diabetes, obesidade e hipertensão. A conclusão que tirei é que eles precisam ser amparados por políticas públicas de incentivo a agricultura, acesso a transporte público para saírem da ilha e conseguirem comprar alimentos, porque na ilha não tem mercadinho, e por fim, acompanhamento nutricional de médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) para reverter os quadros de comorbidades e ensina-los a se alimentarem bem”, conclui.
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