ESTUDE NA UNIT
MENU

Sergipe celebra 203 anos de Emancipação Política 

No dia 08 de julho, Sergipe comemora 203 anos de Emancipação Política. O ato foi fundamental para construção da identidade do povo sergipano.

às 12h11
Imagem:  Shutterstock
Imagem: Shutterstock
Imagem: Observatório de Sergipe
O historiador licenciado, bacharel em Turismo e professor da Unit, Ivan Rêgo
Compartilhe:

Há 203 anos, no dia 08 de julho de 1820, os sergipanos receberam do Rei Dom João VI, a Carta Régia decretando a emancipação política de Sergipe do Estado da Bahia. A independência do território sergipano foi marcada por intensas lutas políticas. O historiador licenciado, bacharel em Turismo e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Ivan Rêgo, destaca que celebrar a data é fundamental para a construção da identidade do povo sergipano.

“Na história de Sergipe, o 8 de julho significa sua data maior. Se temos o dia 7 de setembro (dia da Independência do Brasil de Portugal), no estado, o dia dia 08 de julho está diretamente vinculado à Independência de Sergipe da Bahia”, relata.

O professor do curso de Pedagogia EAD da Universidade Tiradentes, comenta sobre a Causa Política por trás do ato. “Em agradecimento à participação da elite sergipana no processo de expansão da revolução pernambucana, o Imperador D. João VI decretou em 8 de julho de 1820 ato de Emancipação Política da Comarca de Sergipe, Capitania da Bahia. No entanto, devido às resistências, somente em 5 de dezembro de 1822, D. Pedro I já como novo imperador do país, confirmou por carta imperial a autonomia de Sergipe. O ato praticado no dia 8 de julho, foi fundamental para construção da identidade do povo sergipano”, explica.

A Emancipação Política de Sergipe também influenciou a economia local. “Vale lembrar que Sergipe era uma região eminentemente rural e o desenvolvimento da agroindústria açucareira, a partir de meados do século XVIII, fez crescer os interesses da bahia para o monopólio na  exportação do açúcar, prejudicando o lucro dos sergipanos donos dos engenhos. Esse fato  foi um dos estopins para o ato político representado pela carta régia de 1820. Sergipe como território emancipado, desenvolveu a sua sergipanidade (Sergipe + identidade) cotidianamente, quer sejam nos âmbitos políticos, econômicos, sociais e culturais”, ressalta.      

Ivan destaca os movimentos que levaram a emancipação política de Sergipe aconteceu por meio da A Revolução Pernambucana. “Houveram nomes importantes nessa revolta. D. João VI que assinou o decreto de Emancipação Política; D. Pedro I que por Carta Régia reafirmou o ato e Carlos César Burlamaqui, que foi primeiro governante de Sergipe sendo deposto em menos de um mês de governo. Foi deposto e preso por tropas baianas enviadas a São Cristóvão”, conta.

A partir da emancipação, Sergipe passou a administrar seu território e a controlar suas rendas. “Durante mais de dois séculos, Sergipe foi uma Comarca dependente da Bahia, dedicada a abastecer a capital baiana através da sua produção agropecuária, recebendo dela as autoridades, as famílias dominantes, os encargos, os produtos do seu comércio. A emancipação política consolidou também a autonomia da província sergipana que já não aceitava mais o poder da capitania baiana. Consequentemente, a partir desse processo histórico, Sergipe deu início a produção dos seus saberes e fazeres, a construir os seus bens culturais e a desenvolver os seus costumes como forma de demarcar a sua identidade”, salienta. 

Para o professor do curso de Pedagogia EAD da Universidade Tiradentes,  a identidade não se constrói ou reafirma a curto prazo e que ela se constrói pelas diferenças. “No entanto, pode-se afirmar que o Ato de Emancipação do Estado foi impulsionador para as ações voltadas na reafirmação da identidade do que é ser sergipano e não baiano”, aponta.   

De acordo com Ivan, com a emancipação os sergipanos passaram a se desvincular de aspectos adquiridos dos baianos. “Algo precisa ficar claro, no território que era a comarca de Sergipe que hoje é o Estado, antes da emancipação política, existiam indivíduos, portanto, toda uma produção cotidiana cultural, costumes e expressões. O ato no dia 8 de julho impulsionou que os ofícios e práticas do cotidiano, os saberes da cultura popular e erudita, os lugares consagrados pela memória coletiva, as crenças e valores representados nas formas de expressão se reafirmassem como processo autônomo, sobretudo com pouca influência do território baiano. Dessa forma, o Ato de independência de Sergipe da Bahia reverberou no enaltecimento da identidade sociocultural sergipana”, expõem.

O historiador dá dica sobre os lugares consagrados pela memória coletiva. “A identidade de um povo/estado/nação é construída continuamente e nas diferenças. Atualmente, o interesse pela identidade, diz respeito à percepção dos atores sociais de que seu lugar no mundo passa por investimentos simbólicos, pelos quais eles se afirmam e negociam com outros a sua forma de inserção na sociedade. Dentro desse contexto, a emancipação política de Sergipe da Bahia, se reafirma como fato histórico impulsionador da construção da sergipanidade”, conclui.

Leia mais: Samba de Coco se mantém vivo na cultura sergipana

Compartilhe: