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Primeiros dados do Censo 2022 apontam menor crescimento da população

Resultados oficiais do Censo começam a ser divulgados pelo IBGE; população do Brasil está hoje em mais de 203 milhões de habitantes e cresce menos de 1% ao ano

às 14h11
A cidade de Senador Canedo (GO), uma das que mais cresceram em população, segundo o Censo 2022: preferência por cidades de médio porte (Divulgação/Prefeitura de Senador Canedo)
A cidade de Senador Canedo (GO), uma das que mais cresceram em população, segundo o Censo 2022: preferência por cidades de médio porte (Divulgação/Prefeitura de Senador Canedo)
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Os primeiros resultados do Censo 2022, apresentados no último dia 28 de junho, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelaram uma queda mais acentuada no ritmo de crescimento da população do Brasil, apontando a tendência de que ela comece a diminuir nos próximos anos. De acordo com os resultados, o país tem hoje 203.062.512 habitantes, distribuídos por 90,7 milhões de domicílios. O total é menor do que a estimativa de 207.750.291 habitantes em mais de 75 milhões de domicílios, divulgada na prévia do dia 28 de dezembro. 

Em comparação com o último Censo, realizado em 2010, o aumento na população foi de 12,3 milhões de pessoas, o equivalente a 6,5%. No entanto, a taxa de crescimento atingiu 0,52% ao ano, sendo a menor desde o início dos recenseamentos e levantamentos demográficos no Brasil, em 1872. Essa queda é explicada por dois fatores possíveis: os brasileiros estão envelhecendo mais e gerando menos filhos. 

“A população brasileira apresentou, até a década de 1940, altos níveis de fecundidade e mortalidade. Com o início do processo de redução dos níveis da mortalidade, a partir de meados dos anos 1940, e a manutenção dos altos níveis de fecundidade vigentes à época, o ritmo do crescimento populacional aumentou e apresentou seu maior pico na década de 1950, com uma taxa média de crescimento anual de 2,99%. No começo dos anos 1960, inicia-se lentamente o declínio dos níveis de fecundidade, e, a partir de 1970, já é possível verificar, por meio dos dados dos Censos Demográficos, a redução do crescimento populacional.  As famílias estão tendo cada vez mais menos filhos, a fecundidade no Brasil está em um declínio maior que o esperado”, diz o professor e economista Saumíneo Nascimento, doutor em Geografia e vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Tiradentes. 

Os dados específicos sobre taxas de fecundidade e mortalidade da população serão conhecidos nas próximas etapas de divulgação do Censo, que seguem até 2025. No entanto, os dados das edições anteriores fornecem uma pista, explorada pelo estudo “Fecundidade e Dinâmica da População Brasileira”, elaborado em 2019 pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Ele mostra que a média de filhos por mulher caiu de 6,28 em 1960 para 1,87 em 2010. 

Também são aguardados os resultados sobre o envelhecimento da população, outra tendência que aparece com mais força. O dado mais recente é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada em 2022 pelo próprio IBGE: em 2012, a proporção de pessoas abaixo de 30 anos de idade era de 49,9% (quase metade da população); já em 2021, o percentual foi para 43,9%. “Ao mesmo tempo, houve aumento nas porcentagens dos grupos de idade que ficam no topo da pirâmide. Certamente quando sair a nova pirâmide etária o percentual será menor que o de 2021”, prevê o professor. 

Aumentam as cidades médias

Em relação às populações de cada cidade e de cada estado, outros dados também chamaram muito a atenção. Algumas capitais, como Recife (PE), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belém (PA), Rio de Janeiro e Porto Alegre (RS), tiveram queda em seu total de habitantes, sendo a maior delas em Belo Horizonte (MG), com 9,6%. Por outro lado, capitais como João Pessoa (PB), Campo Grande (MS), Manaus (AM) e Goiânia (GO) receberam mais pessoas, sendo o maior crescimento registrado na capital paraibana: 15,3%. 

O Censo 2022 mostrou também o aumento da população em cidades vizinhas às capitais e grandes metrópoles. São municípios que no passado eram chamados de “cidades-dormitório”, mas conseguiram ampliar a sua infra-estrutura e a oferta de empregos e serviços, fixando moradores que antes saíam para estudar e trabalhar nas metrópoles. Estas cidades formam as chamadas concentrações urbanas, municípios agrupados ou isolados acima de 100 mil habitantes onde há uma forte integração. 

De acordo com Saumíneo, essas concentrações “reúnem um montante populacional de magnitude considerável, resultado de um dinamismo com expressiva mobilidade espacial e com intensos processos de urbanização e metropolização, que imprimiram padrões de concentração e dispersão significativos no território brasileiro a partir da segunda metade do século XX”. 

Ao todo, o Brasil tem 185, que reúnem 124,1 milhões de pessoas. As principais são as de São Paulo (SP), com 37 municípios; Belo Horizonte (MG), com 23; Rio de Janeiro (RJ), com 21; e Curitiba (PR), com 18. No entanto, muitas dessas cidades ficam no interior, assim como os municípios de médio porte, que têm mais de 100 mil habitantes. Os que mais cresceram estão em regiões cuja economia vem sendo impulsionada pelas atividades do agronegócio: Senador Canedo (GO), que cresceu 84,3%; Fazenda Rio Grande (PR), que subiu 82,3%; e Luís Eduardo Magalhães (BA), com 79,5%. 

Asscom | Grupo Tiradentes

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