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Cresce o número de mortes por hepatite crônica no Norte e Nordeste

De acordo com dados da pesquisa realizada pela a cirurgiã e orientadora da pesquisa Sonia Oliveira Lima, mortes por hepatite crônica aumentam no Norte e Nordeste

às 20h01
Médica cirurgiã e orientadora da pesquisa Sonia Oliveira Lima
Médica cirurgiã e orientadora da pesquisa Sonia Oliveira Lima
Estudante do curso de Medicina, Laryssa Fialho de Oliveira Sousa
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Uma pesquisa realizada no Trabalho de Conclusão de Curso da estudante do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), Laryssa Fialho de Oliveira Sousa, orientada pela médica cirurgiã e professora, Sônia Oliveira Lima, foi publicada no início do mês na Revista Brasileira de Epidemiologia. A publicação trouxe os dados dos últimos 20 anos que apontam para o crescimento dos óbitos por hepatite crônica no Norte e Nordeste.

Para realizar o estudo, as pesquisadoras buscaram dados dos períodos de 2001 a 2020. Foi analisando que nas regiões Norte e Nordeste houve um aumento de 6% e 5%, respectivamente, na mortalidade por hepatite crônica viral. 

“A hepatite é uma inflamação no fígado que pode ser aguda ou crônica; além de curável ou fulminante. A hepatite tipo A sempre foi uma doença curável. As hepatites B e C são as que podem causar câncer na evolução crônica quando diagnosticadas podem ser prevenidas com vacina. Com o advento da vacina, houve uma redução na mortalidade, porém ela não é acessível a toda a população, principalmente na região Norte e Nordeste”, explica a professora Sônia.

Nos últimos 20 anos, foram registradas 49.831 mortes por hepatites no Brasil. Considerados os números absolutos, a região com maior mortalidade foi a Sudeste, com 51% dos óbitos. E a com menor mortalidade foi a Centro-Oeste, com 5% dos óbitos. Esse resultado foi obtido a partir dos cálculos habitacionais das regiões.

A pesquisa apresentou que a região Nordeste ocupou o terceiro lugar, com 13% das mortes. Quando analisadas as taxas de mortalidade, as médias brasileiras foram 0,88 mortes por hepatite viral crônica para cada 100 mil habitantes, quatro vezes maior que a taxa das outras hepatites virais (0,22 mortes para cada 100 mil habitantes).

Na hepatite viral crônica, as regiões Sul e Sudeste ultrapassaram a média nacional, com 1,38 e 1,06 para 100 mil habitantes. A região Norte ultrapassou a média brasileira para hepatite A, hepatite B, outras hepatites e hepatite não especificada.

As autoras alertam para os estados do Acre e Amazonas, que, no período analisado, apresentaram as taxas de mortalidade por hepatite viral crônica mais altas do país. Ambos registram conglomerados espaciais com altas taxas de mortalidade em todas as hepatites. Essa ocorrência, afirmam os pesquisadores, pode ser explicada pela alta prevalência de soropositividade para o vírus da hepatite Delta (VHD) na região Norte, concentrando 77% dos casos nacionais.

A cirurgiã Lima destaca a importância da notificação. “Uma das explicações é que melhorou a notificação, que passou a ser obrigatória”, disse. Além disso, a transmissão é outra questão importante. A hepatite A, por exemplo, tem transmissão fecal-oral, e depende de saneamento básico, higiene pessoal e uso de descartáveis.”

No caso das hepatites B, C e D, a transmissão é por sangue ou esperma. “A cobertura vacinal nessas regiões é insuficiente, e o diagnóstico é simples, mas o exame precisa ser solicitado. Somente a região Sudeste teve tendência de redução das mortes por hepatite no período pesquisado. O restante apresentou um número estacionário, sem aumento ou redução, o que é muito grave”, afirma.

Ao analisar uma amostra temporal considerável, os cientistas esperam que os resultados auxiliem o direcionamento das tomadas de decisão e as ações de educação em saúde relacionadas à prevenção e ao tratamento de hepatites no Brasil. “Os próximos passos envolvem olhar com mais atenção aos cenários específicos do Acre e Amazonas para compreender os tratamentos disponíveis e estratégias para políticas de saúde mais efetivas”.

A professora defende que é preciso uma melhor comunicação para que a informação sobre a doença chegue até as pessoas, assim como incentivo à vacinação. “Tiveram muitas mortes, classificadas como hepatites não especificadas, em que não é possível verificar qual tipo de hepatite era. Isso demonstra uma possível falha na notificação”, recorda. Ela recomenda que os médicos e gestores de saúde tenham mais treinamento e estímulo para incluir o diagnóstico exato no atestado de óbito para conferir um retrato epidemiológico mais real. Por fim, o enfermeiro Batista sugere a inclusão de exames periódicos para detectar hepatites de forma precoce na população brasileira”, conclui

Para a estudante Laryssa, uma das autoras da pesquisa, esse trabalho é motivo de orgulho. “A pesquisa foi iniciada há pouco mais de um ano quando comecei a pensar no meu TCC. Pedi ajuda à minha orientadora, Sônia Lima, que comentou que o tema era relevante e que valeria a pena já que não existem muitos estudos analisando a mortalidade por todas as hepatites virais no Brasil em relação ao espaço e tempo. No início foi um desafio, já que precisei buscar entender muito sobre cada hepatite e como era a prevalência deles em cada lugar. Mas com o tempo foi ficando muito legal fazer o trabalho, já que eu comecei a conseguir enxergar o porquê de cada realidade em cada região do país, sem contar com a ajuda da minha orientadora que foi excelente. E o resultado depois de pronto só me trouxe alegria”, declara. 

Mais informações sobre o tema estão disponíveis na entrevista concedida à CNN Brasil no Youtube

Com informações do UOL e CNN Brasil

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