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Inclusão no mercado de trabalho: valorizando os talentos neurodiversos

Desafios e perspectivas para construir um ambiente profissional mais acolhedor e diverso

às 14h01
Janaína Machado- gerente do Unit Carreiras
Janaína Machado- gerente do Unit Carreiras
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Nos últimos anos, tem sido perceptível um crescente movimento em prol da inclusão de pessoas com autismo no mercado de trabalho. Algumas empresas começaram a olhar para a questão e passaram a incluir em suas políticas de diversidade e inclusão as pessoas neurodiversas – aquelas com autismo, dislexia, disgrafia, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e síndrome de Tourette, entre outras condições. 

No entanto, apesar dos avanços, ainda há desafios a serem superados para garantir uma inclusão efetiva e acolhedora para essa parcela da população. Segundo a gerente do Unit Carreiras, Janaína Machado, a conscientização e o reconhecimento das habilidades únicas dos autistas são fatores cruciais para promover a inclusão no mercado de trabalho. 

“É fundamental que as empresas e a sociedade em geral compreendam que o autismo não é uma limitação, mas sim uma diversidade que agrega talentos e perspectivas valiosas ao ambiente profissional”, afirma Janaína.

Ela ressalta a importância de reconhecer as habilidades e talentos únicos que as pessoas com autismo podem trazer para o ambiente de trabalho, tornando-o mais diversificado e enriquecedor. No entanto, Janaína aponta os desafios enfrentados pelos autistas, como as dificuldades na comunicação e interação social, que demandam uma compreensão e adaptabilidade cuidadosas.

“É essencial promover a conscientização e o treinamento para colegas de trabalho e profissionais, a fim de fomentar um ambiente de respeito e compreensão. As empresas também devem estar preparadas para lidar com questões relacionadas à rotina e à flexibilidade, considerando as preferências individuais dos autistas”, destaca.

O papel do ensino superior na inclusão profissional

O ensino superior desempenha um papel fundamental na preparação e inclusão de pessoas com autismo no mercado de trabalho. “As instituições de ensino têm o dever de promover uma formação inclusiva, capacitando os alunos autistas e neurodiversos para a inserção no mundo profissional”, afirma.

Para isso, é essencial que as universidades estejam atentas às necessidades específicas de cada aluno, oferecendo programas de apoio individualizados e realizando adaptações educacionais quando necessário. Além disso, a aproximação com o mercado de trabalho e a criação de parcerias com empresas inclusivas são importantes para garantir oportunidades de estágio e trabalho para os alunos autistas.

“A inclusão no ensino superior é o primeiro passo para uma inclusão plena no mercado de trabalho. Ao preparar os estudantes autistas para os desafios profissionais, estamos construindo uma sociedade mais diversa e inclusiva”, pontua.

Benefícios do EAD para pessoas com autismo

No contexto da Educação à Distância (EAD), Janaína destaca que esse modelo pode ser especialmente benéfico para pessoas com autismo. A flexibilidade e personalização do EAD permitem um ambiente de aprendizado adaptado às necessidades individuais de cada estudante, incluindo autistas. 

“A educação à distância oferece menos pressão social e mais possibilidades de adaptação às suas necessidades específicas, respeitando suas particularidades e ritmos de aprendizado”, ressalta.

Nesse sentido, o EAD oferece uma oportunidade valiosa para a preparação desses estudantes para o mercado de trabalho, considerando suas habilidades e potencialidades. Através desse modelo, os alunos têm acesso a recursos de apoio, como fones de ouvido e computadores, além de poderem escolher ambientes mais confortáveis para estudar, facilitando o processo de aprendizagem.

“Acredito que o EAD apresenta menos estímulos sensoriais em comparação com uma sala de aula tradicional, o que pode ajudar o autista a se sentir mais calmo. Além disso, o estudante tem acesso a recursos de apoio, como o fone de ouvido e o computador, e possui mais controle sobre as interações sociais, evitando situações que podem ser desestabilizadoras, como falar em público ou receber críticas de colegas”, acrescenta Janaína.

Estratégias e adaptações para a inclusão no ensino superior

No que diz respeito ao ensino superior, Janaína enfatiza a importância de sensibilizar e treinar a comunidade acadêmica para acolher os estudantes autistas. “Oferecer treinamento para professores, colaboradores e colegas é fundamental para promover uma cultura de inclusão e respeito”, afirma Janaína.

Ela destaca ainda a necessidade de tornar o ambiente de aprendizagem acessível, incluindo a criação de programas de apoio individualizados e a flexibilização das avaliações, de forma a permitir que os alunos autistas participem ativamente das atividades acadêmicas.

“Também é importante considerar que nem todos os alunos com autismo se sentirão confortáveis em trabalhos em grupo. Portanto, é necessário oferecer opções e ajustar as atividades de acordo com as necessidades de cada aluno”, ressalta.

Para promover a inclusão no mercado de trabalho, Janaína enfatiza a importância de criar parcerias com empresas inclusivas interessadas em promover a diversidade. Programas de mentoria e tutoria podem ser uma excelente opção para apoiar esses alunos de forma individualizada e oferecer um feedback contínuo para que eles se sintam bem e aprendam de forma eficaz.

“A conscientização, o treinamento, a adaptação do ambiente de aprendizagem e a criação de parcerias são fundamentais para garantir a inclusão de pessoas com autismo no mercado de trabalho e na sociedade como um todo. Ao valorizar suas habilidades e potencialidades, estamos construindo um ambiente profissional e acadêmico mais diverso, inclusivo e enriquecedor para todos”, infere.

Leia também: Inclusão e diversidade no EAD: como o Serviço Social promove uma educação equitativa

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