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Segurança feminina em espaços públicos

A coordenadora do PPGD, doutora Grasielle Vieira, comenta sobre a necessidade de políticas públicas eficientes para assegurar a segurança das mulheres em espaços públicos

às 20h26
Foto: iStock
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A segurança feminina em locais públicos é um tema sensível na sociedade atual. Assim como acontece em transportes públicos, o assédio que transita em locais privados, também alcança as mulheres quando acionam transporte por aplicativo. Pensando na segurança das usuárias, empresas que em grandes centros, o público feminino já pode contar em contratar este serviço de transporte por aplicativos de empresas que priorizam motoristas e público composto somente por mulheres. 

A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos (PPGD) da Universidade Tiradentes (Unit), doutora Grasielle Vieira, e a doutoranda em Direitos Humanos, Fernanda Mattos, ressaltam que a segurança feminina em locais públicos é um tema sensível na sociedade de hoje. “A implementação de serviços de transporte por aplicativos que priorizam motoristas e público composto apenas por mulheres é uma das várias medidas que podem contribuir para aumentar a segurança das mulheres em locais privados. Ao oferecer opções exclusivas para mulheres, essas empresas buscam criar um ambiente mais seguro e confortável, onde as passageiras possam se sentir mais protegidas durante suas viagens”, comenta. 

De acordo com Grasielle, existem alguns fatores que influenciam na sensação de segurança que as mulheres sentem na presença de outras. “Isso acontece por vários fatores, entre eles a identificação e empatia, uma vez que mulheres compartilham experiências semelhantes e entendem as preocupações e medos que outras mulheres enfrentam em determinadas situações. Essa identificação mútua pode gerar um sentimento de empatia e solidariedade, o que contribui para uma sensação de segurança ao interagir com outras mulheres”, acentua. 

Além disso, o risco de sofrer violência por parte de outra mulher é geralmente menor, bem como a presença em ambientes exclusivamente femininos deixam as mulheres mais à vontade para expressar suas preocupações e compartilhar suas experiências, o que pode aumentar o senso de confiança e segurança. 

“É importante observar que essa sensação de segurança pode variar de acordo com o contexto e as experiências individuais de cada pessoa. Além disso, nem todas as mulheres se sentem mais seguras com outras mulheres, pois fatores como personalidade, histórico pessoal e contexto específico também desempenham um papel na percepção de segurança. A segurança geralmente é um assunto complexo e multifacetado, e uma abordagem abrangente é necessária para garantir a segurança e o bem-estar de todas as pessoas, independentemente do gênero”, enfatiza Fernada.

As especialistas evidenciam os dados da pesquisa mencionada no dossiê da Agência Patrícia Galvão, 97% das mulheres já foram vítimas de assédio em meios de transporte. Essa realidade é corroborada por outra pesquisa mencionada pela CNN Brasil, na qual 81% das mulheres afirmam terem sofrido violência durante deslocamentos.

“Na 4ª edição da pesquisa Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil, realizada pelo Datafolha em parceria com a Fundação Perseu Abramo, fornece mais informações importantes. De acordo com esse levantamento, 81% das mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de violência em espaços públicos, privados ou virtuais. Esse dado corrobora com as pesquisas anteriores mencionadas, evidenciando a grave situação da violência de gênero no país”, cometa a doutra Grasielle.

Para Fernanda, esses estudos em conjunto apontam para a urgência de enfrentar e erradicar a violência contra as mulheres, promovendo uma cultura de respeito, igualdade de gênero e segurança para todas as pessoas. “A conscientização, a educação, a implementação de políticas públicas efetivas e a criação de espaços seguros são fundamentais para combater essa problemática e construir uma sociedade mais justa e inclusiva para todos”, aponta.

Políticas públicas

Para Grasielle, não adianta pensar em ações isoladas sem considerar planejamento de médio e longo para atuar nas questões estruturais vinculadas ao assédio sexual e à violência de gênero. “E é nesse aspecto que as políticas públicas entram. O engajamento dessas políticas pode e deve ser amplo, desde campanhas de conscientização (promovendo campanhas de sensibilização e educação sobre o tema), treinamento de motoristas e funcionários de empresas, melhoria da iluminação e segurança nas vias públicas, o estabelecimento de delegacias especializadas no atendimento a mulheres vítimas de violência e assédio, proporcionando um ambiente acolhedor e equipes capacitadas para lidar com esses casos, entre outras podem ser pensadas, planejadas e efetivadas pelo poder público e pela sociedade civil”, afirma.

A doutoranda Fernanda, destaca o que seria determinante para mulheres terem espaços que preservem a integridade. “É fundamental considerar diversas questões que abrangem desde políticas públicas até mudanças culturais. Algumas medidas determinantes para criar ambientes mais seguros e respeitosos para as mulheres incluem: ações de educação e conscientização, implementação de políticas de combate e prevenção à violência de gênero, policiamento eficiente e sensível às questões específicas das mulheres, melhoria da infraestrutura urbana e de transporte”, reforça. 

No entanto, é importante lembrar que a segurança das mulheres não pode ser resolvida apenas através de serviços exclusivos para elas. “Para enfrentar esse problema de forma abrangente, é necessário o engajamento de políticas públicas que abordem a questão do assédio e da violência de gênero em todos os setores da sociedade. Embora os serviços de transporte exclusivos para mulheres possam ser uma medida útil, é fundamental adotar uma abordagem abrangente e multidimensional para combater o assédio e aumentar a segurança das mulheres em todas as esferas da sociedade. Uma forma de pensar em soluções é por meio da colaboração entre o setor privado, as instituições governamentais e a sociedade civil para enfrentar esse desafio”, frisa.

Canais de denúncias

No Brasil, existem diversos canais efetivos para realizar denúncias, abrangendo diversas áreas, como violência doméstica, assédio, discriminação, abusos e outras questões. Abaixo estão alguns dos principais canais que podem ser utilizados: Polícia Militar (190); Disque e o Disque 180. Esses canais oferecem orientação sobre direitos, encaminhamento para serviços de assistência e acolhimento, além de receber denúncias de violência doméstica, assédio, agressões e outras formas de violência contra mulheres.

Também é possível procurar ajuda ou realizar denúncias nas Delegacias Especializadas. Nesses locais, é possível fazer uma denúncia presencialmente e receber apoio especializado. Além das ouvidorias e canais de denúncia das empresas e instituições, o próprio Ministério Público e as redes sociais de órgãos governamentais ou de organizações que trabalham em questões relacionadas aos direitos humanos e à igualdade de gênero também.

*Com informações da Agência Brasil  e Agência de Notícias CEUB

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