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Bionegócios na Amazônia: um novo horizonte econômico sustentável

Professor e pesquisador explica o potencial dos negócios sustentáveis impulsionados pela biodiversidade da região

às 20h55
Marcelo Mendonça- Professor do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Biotecnologia Industrial da Universidade Tiradentes (Unit) e Pesquisador do ITP
Marcelo Mendonça- Professor do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Biotecnologia Industrial da Universidade Tiradentes (Unit) e Pesquisador do ITP
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No cenário atual, o termo “bionegócios” tem ganhado cada vez mais destaque, especialmente após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinar um decreto que visa impulsionar esse setor na Amazônia. Mas o que exatamente são bionegócios e como podem ser estimulados em locais como Sergipe? Para esclarecer essas questões e mergulhar mais fundo no potencial desses empreendimentos, o Professor do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Biotecnologia Industrial da Universidade Tiradentes (Unit) e Pesquisador do ITP, Marcelo Mendonça explica como funciona.

“O termo ‘bionegócio’ refere-se a um tipo de negócio com características específicas, cujo produto ou insumo foi gerado a partir de recursos naturais da biodiversidade. Isso é um diferencial de comercialização, pois agrega valor ao produto ou ao processo e estimula a bioeconomia local. É importante conhecer e refletir sobre o potencial impacto na economia local da obtenção e a comercialização de produtos da biodiversidade de uma determinada região ou bioma. Neste sentido, a participação de equipes multidisciplinares e centros especializados para tratar deste assunto reforçam uma exploração consciente, que traz resultados para a bioeconomia local, mas avalia o impacto sobre a biodiversidade de forma a garantir a sua preservação”, explica Mendonça.

A medida assinada por Lula tem como objetivo agregar valor e impulsionar novos negócios baseados nos recursos naturais da região. Mendonça destaca que essa ação representa um passo importante para o desenvolvimento regional e para os habitantes da região norte do país. “A criação do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) teve o objetivo de amenizar estas questões e apoiar a exploração sustentável da biodiversidade da Amazônia”, complementa.

Promovendo a biodiversidade

A riqueza da biodiversidade amazônica é vasta e é estudada não somente por pesquisadores do Brasil, mas também de outros países. São inúmeros produtos originários da biodiversidade amazônica e utilizados em diferentes setores, desde alimentos até fitoterápicos. 

“O CBA tem por objetivo criar alternativas econômicas mediante a inovação tecnológica para o melhor aproveitamento econômico e social da biodiversidade amazônica de forma sustentável. Para isso, o CBA é dividido em mais de trinta unidades componentes, dentre as quais laboratórios, unidades de apoio tecnológico, unidades de apoio técnico e áreas administrativas e conta com vários profissionais qualificados com formação de mestrado e doutorado para execução das atividades e prestação de serviço”, informa.

Além da Amazônia, o Brasil abriga outros cinco biomas, incluindo a caatinga. Marcelo ressalta o potencial desse bioma para a bioprospecção sustentável de novos produtos que poderão impulsionar o desenvolvimento da região e do país. “A biodiversidade da caatinga ampara diversas atividades econômicas voltadas para fins agrosilvopastoris e industriais, especialmente nos ramos farmacêutico, de cosméticos, químico e de alimentos”, afirma.

Para que esse potencial seja plenamente explorado, Marcelo enfatiza a importância de investimentos em pesquisa científica e tecnológica, bem como a criação de marcos legais que regulamentem o acesso e uso conscientes dessa biodiversidade. “É importante estabelecer marcos legais através de políticas públicas que regulam o acesso e uso conscientes desta biodiversidade, a fim de preservá-la, porém, permitindo a geração de bionegócios que favoreçam o desenvolvimento econômico e social da região”, conclui.

Essa crescente cultura empreendedora na região amazônica, impulsionada pela riqueza da biodiversidade, tem dado origem a uma nova geração de empreendedores focados em negócios sustentáveis. Isso não apenas abre novos horizontes econômicos, mas também contribui para a preservação desse valioso ecossistema. 

Marcelo Mendonça aponta para exemplos de sucesso, como a startup Engenho Café de Açaí no Amapá, que reaproveita o caroço do açaí para produzir uma bebida aromática rica em antioxidantes e fibras. Outras iniciativas, como a Soul Brasil Cuisine, estão desenvolvendo produtos a partir de ingredientes nativos da biodiversidade brasileira, promovendo o desenvolvimento sustentável das comunidades da floresta.

Esses empreendimentos representam não apenas uma promissora fonte de receita, mas também um testemunho da capacidade empreendedora que surge quando se une inovação tecnológica e preservação ambiental. Com iniciativas como o Centro de Bionegócios da Amazônia, o Brasil está pavimentando o caminho para um futuro onde a biodiversidade não é apenas preservada, mas também valorizada como um recurso econômico fundamental.

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