O mês de outubro, no Brasil, é palco de duas celebrações que permeiam a cultura e a espiritualidade do país: o Dia de Nossa Senhora Aparecida e o Dia das Crianças. Ambas são momentos de grande significado, onde a devoção religiosa e as alegrias da infância se entrelaçam em um mosaico de tradições.
A professora da Universidade Tiradentes (Unit), Maria José Souza Santos, traz à luz essas festividades, oferecendo não apenas informações históricas, mas também compartilhando sua própria devoção e visão sobre esses eventos.
“Nossa Senhora Aparecida é uma imagem de Nossa Senhora da Conceição que ‘apareceu’ do fundo do Rio Paraíba, em Guaratinguetá, em 1717. A história dessa aparição é marcada por um ato de ajuda divina a três pescadores que enfrentavam dificuldades em encontrar peixes para um evento importante”, explica.
A imagem escura, segundo Maria José, é resultado de seu tempo submersa e simboliza a solidariedade com o povo sofrido da época, em especial os escravos. “Segundo o cardeal Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, a aparição milagrosa revitalizou o rio, antes desprovido de peixes, tornando-se uma fonte de vida”, reitera a professora.
A relação entre as datas
A origem do Dia das Crianças remonta a 12 de outubro de 1923, quando ocorreu o Congresso Sul-Americano da Criança, no Rio de Janeiro. Esse evento reuniu líderes políticos e estudiosos de diversos países para discutir questões cruciais sobre a infância. A iniciativa de Galdino do Valle Filho, em 1924, oficializou a data no Brasil como um tributo à juventude e seus direitos. Desde então, a celebração ganhou espaço em escolas, ONGs e instituições religiosas, fomentando discussões sobre políticas públicas para a infância.
“São celebrações independentes. O Dia das Crianças surgiu em 1924, enquanto Nossa Senhora Aparecida foi oficialmente proclamada padroeira do Brasil em 1930. A coincidência das datas em 12 de outubro só ocorreu em 1980, quando o presidente João Figueiredo decretou feriado nacional”, revela.
As tradições que envolvem essas celebrações são marcadas por peregrinações e romarias a diversos santuários em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, com destaque para o Santuário Nacional em Aparecida, São Paulo. Além disso, novenas são realizadas em paróquias por todo o Brasil, demonstrando a devoção popular à santa.
“Acredito que as celebrações religiosas, revelam o modo particular de expressar a fé e a crença de um povo. Elas também articulam elementos culturais como expressões artísticas visuais (bandeiras, altares, andores, flores, máscaras, quermesses), culinária, cantos, danças e encenações. As celebrações, também constituem espaços de sociabilidade, de afirmação de pertencimento, de formação e reprodução social,” enfatiza a professora.
Ao compartilhar um olhar pessoal sobre Nossa Senhora Aparecida, a professora Maria José Souza Santos revela sua devoção profundamente enraizada na fé católica. Ela destaca o papel maternal da Santíssima Virgem na vida da Igreja, refletindo o modelo de união com Cristo e de amor incondicional.
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