Assim como em todos os anos, o Outubro Rosa vem sendo marcado por uma série de ações de conscientização que buscam não apenas incentivar a prevenção contra o câncer de mama, mas também promover a reflexão sobre outras questões que afetam a saúde e os direitos da mulher. Esta foi a proposta do evento “Outubro Rosa: saúde para todas”, promovido no último dia 19 pelo curso de Enfermagem da Universidade Tiradentes (Unit), e realizado no Bloco G do Campus Farolândia.
A programação, aberta para toda a comunidade universitária, foi composta pela exposição “A Partida”, com fotografias relacionadas ao assunto, por uma apresentação de dança e por três mesas-redondas com a participação de convidadas. A primeira, chamada “Recomeços”, reuniu depoimentos e histórias de mulheres que foram vítimas de violência e que tiveram câncer de mama. Elas puderam partilhar suas experiências de vida, dificuldades, conquistas e aprendizados que tiveram ao lidar com estes problemas.
Na segunda mesa, “Saúde para todas: diferentes faces das necessidades femininas”, mulheres representantes de diferentes grupos sociais, como mulheres negras, mulheres trans e comunidade cigana, debateram sobre a acessibilidade aos serviços de saúde. Entre as participantes, estiveram a ativista Silvania Sousa, coordenadora estadual de Políticas Públicas e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIAPN+, e a deputada federal Yandra Moura, que também falou sobre a participação das mulheres na política e na formulação de políticas públicas.
A última mesa, “Vulnerabilidades femininas”, tratou principalmente de crimes e violações de direitos que atingem principalmente a população feminina, como violência doméstica, tráfico humano e exploração sexual. Entre as debatedoras, estavam a advogada criminalista Valdilene Cruz Martins e a psicóloga Sabrina Duarte Cardoso, integrante da Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE), além do delegado Adriano Moreira Silva, da Polícia Federal.
Para a professora Juliana de Oliveira Musse Silva, coordenadora operacional do curso de Enfermagem da Unit, o evento procurou extrapolar as questões do Outubro Rosa, ao propor uma forma ampliada de discutir a saúde da mulher, apontando outras vulnerabilidades e sob a perspectiva de diferentes grupos sociais. Ela explica que o mês de outubro também tem uma alusão à violência doméstica contra a mulher. Em 10 de outubro de 1980, integrantes de movimentos feministas se reuniram no Teatro Municipal de São Paulo (SP) para protestar contra o aumento dos crimes de gênero em todo o país. A data entrou para o calendário das celebrações femininas no Brasil.
“Foi um evento diferente, porque trouxe essa perspectiva. Primeiro, a de saúde da mulher em relação às mulheres de diferentes grupos sociais, que a gente sabe que nem todas têm o mesmo acesso à saúde, aos exames, às consultas. E foi muito importante ter a mulher negra falando, a mulher da população cigana, a mulher trans…Trazer a discussão sobre a violência contra a mulher, e esses representantes de diferentes órgãos sociais, diferentes órgãos, entidades e instituições que compõem essa rede de proteção a essas mulheres, foi muito interessante”, avaliou Juliana.
O movimento global do Outubro Rosa, que surgiu nos Estados Unidos na década de 90, busca sensibilizar a população sobre o controle do câncer de mama. Anualmente, ações são promovidas em todo o mundo para compartilhar informações sobre a doença, divulgar serviços, formas de diagnóstico e tratamento, tudo com o propósito de contribuir para a redução da mortalidade.