Ir ao banheiro e fazer as necessidades fisiológicas podem representar sofrimento e desconforto para boa parte da população. São pessoas que têm a chamada constipação intestinal, também conhecida como prisão de ventre, “dor de barriga”, “intestino preso”, “intestino preguiçoso” ou “gases presos”. Estimativas da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) apontam que aproximadamente 30% da população brasileira é afetada por este problema de saúde, o mesmo que atinge cerca de 15% da população mundial, conforme o American College of Gastroenterology (ACG). Mesmo frequente, a constipação ainda desperta dúvidas das pessoas sobre as causas, os tratamentos e as formas de prevenção.
O gastroenterologista Fernando Every, professor do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), explica que a constipação pode ser causada por diversos fatores, o que exige uma consulta ao médico para identificação e tratamento das causas. Um desses fatores está relacionado ao uso de medicamentos. “Existem alguns medicamentos para hipertensão arterial, para depressão ou para dor que podem ter como efeitos adversos a constipação intestinal. E a gente tem outras situações, como câncer de intestino, como situações que causam diminuição na movimentação do intestino, situações que acometem um sistema neurológico, diabetes… São muitas as condições que podem causar a prisão de ventre”, disse ele.
Ainda segundo o médico, a prisão de ventre tem várias características e pode ser identificada por alguns sintomas. Alguns deles podem estar no tempo que a pessoa leva para fazer suas necessidades fisiológicas. “Se uma pessoa vai todo dia ao banheiro, é normal. Se ela vai duas ou três vezes ao dia, também é normal. Isso varia de acordo com o ritmo do funcionamento do intestino de cada indivíduo. Uma ida três vezes por semana é o limite da normalidade. Então, não é necessário para ser considerado normal a pessoa ir todo dia ao banheiro”, afirma ele, acrescentando que, se uma pessoa demora mais tempo para ir ao banheiro, isso pode ser um indicador de constipação ou mesmo de um problema mais grave no sistema digestivo, como tumores, disfunções ou obstruções.
Fernando ressalta que outras situações vividas pela pessoa ao defecar precisam ser consideradas neste diagnóstico. “Se a pessoa não tem esforço, se as fezes não são endurecidas, se não tem dor, se é necessário o uso de manobras manuais para ajudar na defecação… O paciente pode se queixar de um esforço para evacuar, ou ter a sensação de que não eliminou todas as fezes do reto. São todos esses elementos que a gente avalia quando verifica se um paciente tem ou não constipação intestinal”, detalha Every.
Como se prevenir
No dia-a-dia, cada pessoa pode manter alguns cuidados para evitar a prisão de ventre, o que passa necessariamente pela alimentação e da hidratação do corpo. Segundo professor, o ideal é beber entre 1,5 ou dois litros de água por dia e consumir alimentos ricos em fibras (como arroz, linhaça, granola, aveia, flocos de milho e amêndoas), além de verduras, legumes e alimentos integrais, que contribuem para o funcionamento regular do sistema digestivo. “É preciso também manter a atividade física O corpo humano pede movimento. A movimentação, exercício, atividade, é bom para inúmeras situações e também para a evitar a constipação intestinal”, orienta Every.
Além disso, é importante que a pessoa entenda e obedeça aos sinais do próprio corpo, evitando a prática de “segurar” as fezes e a urina. “Se você tiver vontade de ir ao banheiro, vá ao banheiro. A gente não pode inibir esse sinal que o corpo está dando para a gente. É muito comum a pessoa inibir esse reflexo, essa situação por conta da correria no dia-a -dia, porque está fora de casa e com o tempo a pessoa vai diminuindo esse reflexo e perdendo essa característica. E pode, com os anos, passar a ter uma dificuldade para eliminar as fezes, desenvolvendo a constipação. Então, obedeça aos sinais do seu corpo”, conclui o professor.
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