As doenças cardiovasculares afetam milhões de pessoas em todo o mundo, e entender a relação entre os anticorpos, o sistema imunológico e a saúde do coração torna-se crucial. Imagine um exército de proteínas, os anticorpos, fabricados pelo sistema imunológico para reconhecer e destruir agentes invasores, como vírus e bactérias. No entanto, essas sentinelas biológicas têm uma missão ainda mais crítica: distinguir o que é próprio do nosso corpo e o que não é.
Não se limitando a combater infecções, o sistema imunológico permeia todos os órgãos e tecidos do corpo, incluindo o coração. A médica e professora da Universidade Tiradentes (Unit), Dra. Maria Fernanda Malaman, destaca que o tecido cardíaco é rico em células imunológicas. Desta forma, diversos processos inflamatórios e/ou imunes podem ter repercussões cardíacas.
“Além de combater agentes infecciosos, os anticorpos têm papel fundamental em diferenciar o próprio do não próprio. Desta forma, existem algumas situações onde, por algum motivo, começamos a fabricar anticorpos contra nossas próprias células e/ou órgãos (são os chamados auto anticorpos), podendo levar a doenças. Alguns exemplos são a febre reumática, a artrite reumatoide, miocardites (inflamação do músculo cardíaco), etc. Em outras palavras, são anticorpos que atacam tecidos, células ou moléculas saudáveis, causando uma resposta imunológica contra eles. Quando isso acontece, provocam danos e reações inflamatórias”, elenca a Dra Maria Fernanda Malaman.
Fatores de risco
A interação entre o sistema imunológico e o coração é especialmente proeminente em doenças autoimunes. O coração é frequentemente afetado, seja porque o sistema imune confunde as células cardíacas com agentes infecciosos ou devido a processos inflamatórios decorrentes de doenças autoimunes. “O passo inicial para o tratamento é controlar a doença que desencadeou o processo e, posteriormente, tratar de forma específica a lesão cardíaca”, orienta a médica.
O estresse, segundo a Dra. Maria Fernanda, desempenha um papel significativo no agravamento de diversas doenças. Além de contribuir para a piora de doenças autoimunes, ele pode afetar a saúde cardiovascular, intensificando processos inflamatórios.
“Para fortalecer o sistema imunológico e, indiretamente, promover a saúde do coração, é fundamental ter uma alimentação baseada em alimentos frescos, boas noites de sono, prática regular de atividade física e o controle do estresse são medidas fundamentais. Atividades ao ar livre, a convivência com entes queridos e a busca pela felicidade são práticas que contribuem significativamente para o bem-estar geral”, aconselha a especialista.
O entendimento dessa conexão entre sistema imunológico, anticorpos e saúde cardiovascular destaca a importância da prevenção em doenças metabólicas e hipertensivas, que desencadeiam processos inflamatórios significativos. “Até alguns anos atrás, pensávamos que o coração era somente uma bomba responsável por impulsionar o sangue através de um encanamento que seriam nossos vasos sanguíneos. Hoje, sabemos que tanto o coração como nossos vasos são ricos em células imunológicas e o papel da inflamação é o desenvolvimento da aterosclerose, infarto, etc. Desta forma, a prevenção das doenças metabólicas (diabetes, aumento de colesterol), hipertensão, etc que levam a um processo inflamatório significativo, é importantíssima para manter a saúde cardíaca em dia”, finaliza.
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