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Atividade física na adolescência gera impactos profundos na saúde adulta

Pesquisa destaca relação entre exercícios na juventude e benefícios para a saúde cardiovascular e mental ao longo da vida

às 18h31
Nara Michelle Moura Soares- Professora dos cursos de Educação Física, Fisioterapia, Psicologia e Medicina da Universidade Tiradentes
Nara Michelle Moura Soares- Professora dos cursos de Educação Física, Fisioterapia, Psicologia e Medicina da Universidade Tiradentes
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Quatro em cada cinco adolescentes no mundo são sedentários, segundo um estudo recentemente divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a pesquisa, 81% dos jovens escolarizados entre 11 e 17 anos em todo o mundo não cumpriram a recomendação de uma hora diária de atividade física em 2016, registrando uma ligeira queda em relação a 2001 (82,5%). A situação é mais preocupante ainda entre as meninas, já que 85% delas são sedentárias, em comparação com 78% dos meninos.

Neste cenário, marcado por um aumento preocupante do sedentarismo entre os jovens, uma questão essencial surge: a atividade física na adolescência pode moldar a qualidade de vida na idade adulta? A professora dos cursos de Educação Física, Fisioterapia, Psicologia e Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), Nara Michelle Moura Soares, explica.

“A prática regular de atividade física, ou seja, o exercício físico na adolescência pode influenciar positivamente os níveis de colesterol na idade adulta.  A literatura pontua que que indivíduos que se exercitam regularmente durante a adolescência tendem a ter níveis mais saudáveis de colesterol quando adultos, pois o exercício ajuda a aumentar os níveis do ‘bom’ colesterol (HDL) e a reduzir os níveis do ‘mau’ colesterol (LDL), contribuindo assim para a saúde cardiovascular a longo prazo”, pontua.

Impactos positivos 

Além da redução do colesterol, a prática de atividade física na adolescência pode influenciar positivamente a qualidade de vida na idade adulta, na saúde cardiovascular, no controle da massa corporal, na saúde mental, no desenvolvimento ósseo, na socialização e na formação de hábitos saudáveis. 

“No que se refere à Saúde cardiovascular, a atividade física regular na adolescência promove a saúde do coração, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares na idade adulta.  No Controle do peso, pode contribuir para prevenir a obesidade e suas complicações na idade adulta. Na Saúde mental, o exercício na adolescência está associado a melhorias na saúde mental, reduzindo o estresse, ansiedade e sintomas depressivos”, elenca a professora.

Segundo Nara, a prática de atividade física na adolescência promove um desenvolvimento ósseo saudável, ajudando a prevenir a osteoporose e outras doenças ósseas na idade adulta. “Adolescentes que se exercitam regularmente têm maior probabilidade de manter hábitos saudáveis ​​ao longo da vida, incluindo alimentação equilibrada e sono adequado. Consequentemente, a participação em atividades físicas durante a adolescência pode promover habilidades sociais, autoconfiança e senso de pertencimento, fatores que contribuem para uma melhor qualidade de vida na idade adulta”, ressalta.

Recomendações

Para alcançar esses benefícios, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS) recomendam que adolescentes realizem pelo menos 60 minutos de atividade física moderada a vigorosa por dia.

“Isso pode incluir atividades aeróbicas, como corrida, natação, ciclismo, além de exercícios que fortaleçam os músculos e ossos, como flexões, abdominais e levantamento de pesos.  A intensidade da atividade física pode variar de moderada a vigorosa. Atividades moderadas incluem aquelas que aumentam a frequência cardíaca e a respiração, como caminhada rápida, andar de bicicleta em terreno plano e dança. Atividades vigorosas incluem aquelas que exigem um esforço maior, como corrida, natação rápida e esportes competitivos”, recomenda a professora.

A professora também ressalta que é importante que os adolescentes encontrem atividades físicas que gostem e que sejam seguras para sua idade e habilidades. Evitar passar longos períodos de tempo sedentários, limitando o tempo dedicado a atividades sedentárias, como assistir TV e jogar videogame, também é recomendado. Seguir essas recomendações de atividade física na adolescência pode contribuir significativamente para a saúde e o bem-estar ao longo da vida adulta.

“No tangente à Prevenção de doenças cardiovasculares, a atividade física regular na adolescência ajuda a melhorar a saúde cardiovascular, reduzindo fatores de risco como pressão arterial elevada, colesterol LDL elevado, excesso de peso e obesidade. Além disso, promove a saúde do coração e dos vasos sanguíneos, o que pode reduzir o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como hipertensão, doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral (AVC) na idade adulta”, reforça.

Saúde mental e atividade física

Na melhoria da saúde mental, a prática regular de atividade física ajuda a reduzir os sintomas de ansiedade e depressão, melhora a autoestima e promove um sono mais saudável, isso porque a atividade física libera endorfinas, neurotransmissores que ajudam a aliviar o estresse e melhorar o humor. 

“No desenvolvimento cognitivo, estudos mostram que o exercício pode melhorar a concentração, a memória e a capacidade de aprendizado, contribuindo para um melhor desempenho acadêmico e habilidades cognitivas ao longo da vida. Alem disso, ajuda na redução do risco de diabetes tipo dois na idade adulta, aumentando a sensibilidade à insulina e ajudando a controlar os níveis de açúcar no sangue”, relata.

Há, também, várias orientações que pais, educadores e profissionais de saúde podem seguir para incentivar os adolescentes a adotarem um estilo de vida mais ativo, de acordo com Nara Michelle, sendo elas:

  • Dê o exemplo: Os adultos devem ser modelos de um estilo de vida ativo. “Quando os adolescentes veem seus pais, professores e profissionais de saúde praticando atividade física regularmente, eles são mais propensos a seguir o exemplo”, diz.
  • Ofereça opções variadas de exercício: Ajudar os adolescentes a encontrar atividades físicas que sejam do interesse e que se encaixem em habilidades e preferências. “Isso pode incluir esportes em equipe, dança, artes marciais, caminhadas, ciclismo, entre outros”, orienta.
  • Faça atividades em família: Para isso, planeje atividades físicas em família, como caminhadas, passeios de bicicleta, jogos de tabuleiro ativos ou esportes recreativos. “Isso não só promove a atividade física, mas também fortalece os laços familiares”, planeja.
     
  • Ofereça apoio e incentivo: Reconheça e elogie os esforços dos adolescentes em serem ativos. “Ofereça apoio emocional e incentive-os a continuar mesmo diante de desafios”, aconselha.
  • Eduque sobre os benefícios: Explique aos adolescentes os benefícios físicos, mentais e emocionais da atividade física, destacando como ela pode melhorar sua saúde geral e qualidade de vida.
  • Promova um ambiente ativo: Crie um ambiente em casa e na escola que incentive a atividade física, como disponibilizar equipamentos esportivos, promover competições amigáveis ​​e integrar atividades físicas em eventos escolares.

A conscientização sobre a importância da atividade física na adolescência pode contribuir significativamente para combater o sedentarismo entre os jovens por meio de educação nas escolas, introduzindo programas educacionais sobre os benefícios da atividade física desde cedo nas escolas pode ajudar os jovens a entender a importância de se manterem ativos. “Isso pode incluir aulas de educação física, palestras sobre saúde e bem-estar, e atividades extracurriculares relacionadas ao esporte e à atividade física”, aponta.

O envolvimento dos pais e cuidadores também desempenham um papel fundamental na promoção da atividade física entre os jovens. Educar os pais sobre a importância de incentivar seus filhos a serem ativos e fornecer recursos e suporte para que isso aconteça pode ser uma estratégia eficaz. 

“Criação de ambientes favoráveis que facilitem a prática de atividade física para os jovens. Isso pode incluir a disponibilidade de espaços públicos para a prática de esportes e atividades físicas, políticas escolares que promovam a atividade física e parcerias com organizações comunitárias para oferecer programas de atividades físicas acessíveis e inclusivas. Incentivos e reconhecimento dos esforços dos jovens em serem ativos pode motivá-los a continuar participando de atividades físicas. Isso pode incluir prêmios, certificados de reconhecimento e eventos especiais para celebrar as conquistas relacionadas à atividade física”, finaliza.

Leia também: Pesquisa sobre saúde mental de pessoas com HIV é publicada em revista científica espanhola

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