Nada melhor do que chegar em casa e preparar uma boa refeição com alimentos bem preparados e bem conservados, que chamam a atenção tanto pela beleza quanto pelo sabor. Essa sensação pode ser frustrada quando algum dos ingredientes apresenta um cheiro ou gosto desagradável. Ou, em casos mais graves, uma infecção intestinal. Aqui está um exemplo da importância de preservar a segurança dos alimentos, mantendo-os conservados e protegidos de contaminação.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, em todo o mundo, uma em cada dez pessoas adoecem após consumir alimentos contaminados, e que 420 mil pessoas morrem a cada ano, sendo que desse total, 125 mil são crianças de até cinco anos de idade. E as mais afetadas são as famílias de regiões e comunidades mais pobres. Já a literatura médica aponta a existência de 250 tipos de doenças transmitidas por alimentos (DTAs), em sua maioria infecções causadas por bactérias e suas toxinas, vírus e outros parasitas.
A farmacêutica e microbiologista Ingrid Borges Siqueira, professora dos cursos de Farmácia, Nutrição e Gastronomia da Universidade Tiradentes (Unit) explica que o conceito de segurança dos alimentos ou alimento seguro “está relacionado à garantia de que os alimentos sejam produzidos, processados, armazenados e distribuídos de maneira a minimizar os riscos de contaminação e doenças transmitidas por alimentos, sejam contaminações microbianas, químicas ou físicas”. E que é diferente do termo segurança alimentar, que aborda a garantia de que todas as pessoas tenham acesso a alimentos nutritivos, seguros e suficientes para atender às suas necessidades e preferências.
Apesar desta diferença, os dois conceitos estão relacionados um ao outro. “A segurança dos alimentos (ou alimentos seguros) é um componente essencial da segurança alimentar, pois alimentos seguros são essenciais para garantir que as pessoas possam consumir uma dieta nutritiva sem correr riscos para sua saúde. Por sua vez, a segurança alimentar também pode influenciar a segurança dos alimentos, já que a disponibilidade e o acesso a alimentos podem afetar a qualidade e a segurança dos alimentos disponíveis para consumo”, explica Ingrid.
Alimentos seguros em casa
E como manter a segurança dos alimentos em casa? Antes de tudo, uma providência importante é fazer uma inspeção visual em cada alimento, avaliando se ele tem algum sinal de deterioração, como mofo, descoloração, odores estranhos ou textura incomum. Além disso, deve-se verificar a data de validade e as condições da embalagem, ou seja, se ela não está rasgada, estufada ou, no caso das latas, enferrujada. “Vale ressaltar que o alimento deve estar em ambiente adequado, em temperatura controlada, livre de calor excessivo e umidade. A garantia da qualidade do alimento também pode ser demonstrada a partir de certificações de segurança”, completa Ingrid.
Um dos principais fatores de conservação dos produtos passa pela guarda deles em alimentos, despensas, geladeiras e congeladores. Alimentos perecíveis, como carne, laticínios e produtos frescos, devem ser mantidos na geladeira a temperaturas adequadas, o que evita a proliferação de bactérias (inclusive para os ovos). “O congelamento é um método de conservação muito eficiente quando se trata de alimentos frescos, no entanto, deve-se ficar atento ao processo de descongelamento, respeitando a cadeia fria, nunca descongelando fora da geladeira ou ambientes frios. O controle de estoque também pode ajudar na conservação, sendo aquele primeiro que entra, o primeiro a sair para ser consumido”, orienta a professora.
E quanto à forma de guardar os alimentos, deve-se avaliar a característica de cada alimento. Os que forem frios, devem ser colocados em resfriamento e mantidos desta forma enquanto estiverem sendo consumidos. É recomendável o uso de recipientes herméticos ou sacos próprios para congelamento para armazenar alimentos no freezer. Sempre promover o descongelamento em cadeia fria (geladeira). Evitar exposição em ambientes com umidade ou quentes. E sempre seguir as recomendações descritas no rótulo”, completa a farmacêutica.
Lavar direitinho
Existe ainda uma maneira correta de higienizar os alimentos, a começar por lavar bem as mãos e manter a higiene ao manipular os produtos. Os alimentos como frutas, legumes, hortaliças em geral devem ser lavados por 20 segundos sob água corrente. As partes dos alimentos que estejam danificadas, mofadas ou estragadas devem ser cortadas e descartadas.
Para a sanitização dos alimentos, o recomendável é usar uma mistura com duas colheres de sopa de hipoclorito de sódio (2,5%) em 1 litro de água (ou 5 xícaras de chá). Após, deve-se enxaguar bem para a retirada do produto. Para alimentos com casca rígida, como melões e abóboras, lave a superfície externa antes de cortar, para evitar a contaminação dos utensílios de corte. “Os ovos não devem ser lavados, quando se lava o ovo, pode retirar essa película natural da casca. Além disso, a água ou a esponja utilizada pode empurrar as bactérias que estão na casca para o interior do ovo”, acrescenta Ingrid.
Além de manter as mãos bem lavadas, a maneira correta e segura de preparar os alimentos passa também pelo uso de utensílios e equipamentos limpos para cada produto. Tábuas de madeira ou com alguma porosidade, não devem ser usadas, para evitar acúmulo de sujeiras. E os alimentos devem ser cozidos até que atinjam temperaturas seguras, para que elas matem quaisquer microrganismos prejudiciais à saúde.
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