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Ansiedade: emoção natural ou transtorno?

Psicóloga explica as nuances entre a ansiedade natural e quando ela se torna um transtorno, destacando os sinais de alerta, diagnóstico e estratégias de tratamento

às 20h43
Jamile Santana Teles- Psicóloga, professora da Unit e doutora em Saúde e Ambiente.
Jamile Santana Teles- Psicóloga, professora da Unit e doutora em Saúde e Ambiente.
Estima-se que cerca de 284 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de transtornos de ansiedade (Foto: Freepik)
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Na era moderna, o termo “ansiedade” tem sido frequentemente usado para descrever uma gama de emoções que vão desde um leve desconforto até sensações avassaladoras que impactam profundamente a qualidade de vida. No entanto, diferenciar a ansiedade comum do transtorno de ansiedade é fundamental para proporcionar intervenções adequadas e eficazes. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que cerca de 284 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de transtornos de ansiedade, tornando-o um dos problemas de saúde mental mais prevalentes globalmente.

A psicóloga e professora da Universidade Tiradentes (Unit), Jamile Teles, explica que a ansiedade é natural em todos os indivíduos, pois ela é uma forma de defesa e alerta. “Com a ansiedade nos preparamos para o que ainda irá acontecer. A ansiedade é uma indefinição do futuro e é justamente por não saber o que irá acontecer, que a pessoa fica ansiosa. A emoção base da ansiedade é o medo”, explica.

Os sintomas geralmente são:

  • Coração acelerado;
  • Respiração ofegante;
  • Tremores nos braços ou pernas;
  • Dor no estômago;
  • Boca seca;
  • Sudorese;
  • Alteração na pressão arterial;
  • Pensar constantemente em um só assunto. 

A ansiedade e o medo, segundo Jamile, passam a ser reconhecidos como patológicos quando são exagerados, desproporcionais em relação ao estímulo e interferem com a qualidade de vida, o conforto emocional ou o desempenho diário do indivíduo. “Uma maneira prática de se diferenciar ansiedade normal de ansiedade patológica é basicamente avaliar se a reação ansiosa é de curta duração, autolimitada e relacionada ao estímulo do momento ou não. Por essa razão, é preciso estar atento ao conjunto de sintomas, sua frequência e intensidade”, orienta.

Principais sinais de alerta 

A diferença entre ansiedade e transtorno de ansiedade é realizada por meio de uma avaliação com um profissional de saúde mental. Mas, no geral, o transtorno de ansiedade, pode gerar danos na qualidade da vida profissional, social e afetiva da pessoa. “Por essa razão, é importante ficar atento, se a ansiedade te impede de fazer algo que é importante, ou que antes era prazeroso, pois nesses casos, você pode precisar de acompanhamento médico e psicológico”, alerta Jamile.

Jamile também recomenda que é importante procurar um profissional, caso sejam apresentados sintomas físicos ou emocionais frequentemente, como:

  • Pensamentos negativos repetitivos;
  • Insônia;
  • Preocupações e medos exagerados;
  • Incapacidade de controlar os pensamentos ruins; 
  • Angústia, falta de ar e dor no peito; 
  • Coração acelerado, entre outros. 

Critérios e diagnósticos 

Profissionais da saúde possuem protocolos observacionais para identificar os sinais e sintomas ansiogênicos, bem como instrumentos a exemplos de escalas, questionários e testes psicológicos que podem mensurar o nível da ansiedade no paciente. Além disso, existem diferenças nos impactos da ansiedade comum e do transtorno de ansiedade na vida cotidiana e no bem-estar emocional. “A ansiedade torna-se patológica quando ela afeta a vida do sujeito, por exemplo: evita sair de casa, não consegue ir trabalhar, apresentar seminários. Durante as crises de ansiedade são comuns crenças centrais de incapacidade ‘não sou capaz’, ‘não vou conseguir’”, observa. 

O tratamento para o Transtorno de Ansiedade envolve algumas características:

  • Psicoterapia;
  • Mudança de hábito: alimentação, sono, atividade física;
  • Em alguns casos, uso de fármacos;
  • Abordagens comportamentais (treinamentos, dessensibilização ao estímulo ansiogênico).

A ansiedade comum geralmente envolve o acompanhamento psicológico e a mudança de hábito.  “É importante entender a saúde mental de maneira ampliada, dessa forma, não basta apenas fazer psicoterapia para o controle de ansiedade, é necessário estratégias como: atividade física intensa, meditação, identificação dos pensamentos para seu controle. Mas, também pensar no contexto que a pessoa esteja inserida: insegurança social, desemprego, ameaças domésticas, entre outros, podem ser fatores que impedem o sujeito a ter saúde mental”, ressalta.

  • Algumas estratégias podem ser assertivas para o enfrentamento da ansiedade, como: 
  • Trabalhar os 5 sentidos (visão, audição, olfato, tato e paladar), para deslocar o pensamento diante das crises.
  • Respiração diafragmática (respiração quadrada)
  • Anotar os pensamentos
  • Realizar atividade física

A psicoterapia possibilita o autoconhecimento, ou seja, o reconhecimento das qualidades, dificuldades e limitações do sujeito. O autoconhecimento favorece ao equilíbrio emocional e consequentemente a qualidade de vida. “Durante a psicoterapia o paciente que apresente um quadro de ansiedade aprende a entender a causa da ansiedade, reconhecer quais são as contigências / variáveis que provocam a ansiedade e consequentemente identificar quando irão entrar em crise e assim conseguem manejar melhor suas emoções e abrandar os sintomas ansiogênicos”, recomenda.

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