Estudantes dos primeiros anos do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit) apresentaram na última sexta-feira, 7, no Bloco E do Campus Farolândia, uma série de projetos desenvolvidos no âmbito do Programa de Integração do Ensino à Saúde da Família (Piesf). Ao todo, foram 45 projetos realizados pelos alunos, a partir de visitas e trabalhos de campo realizados em Unidades Básicas de Saúde (UBS) da rede municipal de Aracaju. A mostra consistiu em apresentações feitas pelos próprios alunos, nos quais eles detalham seus projetos, os objetivos, as ações realizadas e os resultados alcançados.
Segundo o professor André Luiz Baião Campos, coordenador do Piesf, a iniciativa faz parte de uma das disciplinas do curso de Medicina, dentro do processo de curricularização da extensão (integração dos projetos de extensão universitária aos currículos dos cursos superiores). Nelas, os estudantes são desafiados a visitar as comunidades da capital e desenvolver projetos a partir das demandas nelas encontradas. “Aqui tem o casamento perfeito, que é juntar a extensão com a disciplina de Saúde da Família. Os alunos estão na Rede, estão nas UBS, e lá eles desenvolvem os projetos de extensão. E fazer essa amostra é o resultado de um trabalho que vem sendo feito nesse processo de curricularização”, explica ele.
As turmas foram divididas pelos territórios das UBS de Aracaju, onde puderam criar e executar seus projetos de ação direta nas comunidades, sobretudo em áreas como educação em saúde, atenção primária, prevenção de doenças e alimentação saudável, entre outros temas. “A mostra faz parte da avaliação da disciplina, e agora os alunos estão colhendo os frutos do trabalho dos projetos”, diz Baião, destacando que todo o processo é bastante integrado à atuação e aos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju (SMS), que inclusive participam como co-orientadores dos projetos, ao lado dos professores da Unit.
As profissionais da SMS convidadas como avaliadoras da mostra destacaram o Piesf como uma oportunidade de colocar os estudantes de Medicina em um contato mais intenso e profundo com a vivência das UBS e do atendimento cotidiano às comunidades locais, a partir da vivência dos processos de trabalho de cada unidade. “Os estudantes acompanham a nossa rotina, nosso dia-a-dia na unidade básica de saúde. Com isso, podem acompanhar e conhecer como é o diagnóstico, como é o paciente, o tratamento… A gente também faz visita domiciliar e esses alunos conhecem também a vivência daquele usuário. Isso é muito enriquecedor, e na verdade é uma troca, porque a gente também aprende com os alunos”, resume a enfermeira Francisca Gilmara de Castro Olímpio, da SMS.
“O nosso objetivo é contribuir para o processo de formação mais humanizado dos alunos de Medicina. É o encontro dos conhecimentos dos saberes da academia com a dinâmica da população. O aluno se aproxima, sai dessa bolha do laboratório ou do conhecimento médico-clínico, para a articulação da sociedade, a política de saúde do SUS”, afirma a assistente social Maria José de Freitas Pereira, também da SMS.
Para o professor Heriberto Anjos, coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Extensão da Unit (Niex), o principal impacto do Piesf na formação dos alunos é contribuir para o enfrentamento dos problemas sociais. “Os alunos procuram atrilha de aprendizagem, precisam observar os problemas que aquela comunidade tem, vai buscar uma solução, por isso tendo a orientação de um professor, e aí, com essa solução, ele vai fazer uma intervenção na comunidade, no sentido de melhorar a qualidade de vida e a saúde dessa população”, diz ele, informando que os melhores trabalhos da mostra serão indicados para publicação na revista científica Cadernos de Graduação – Ciências Biológicas e da Saúde, editado pela Editora Universitária Tiradentes (Edunit).
Alguns projetos
Boa parte dos alunos participantes da mostra da Piesf são do primeiro ano do curso de Medicina. Um deles, Victor Travessa Brito, esteve com seu grupo na UBS do bairro Santos Dumont, onde abordaram o Pé-de Meia, um programa recém-lançado do governo federal que paga um incentivo em dinheiro a estudantes que concluem com sucesso o Ensino Médio. Segundo ele, o programa traz repercussões positivas para a saúde da população, pois garante mais renda às famílias e incentiva a permanência dos mais jovens nas escolas, afastando-os, por consequência, da drogadição ou da exposição precoce ao mercado de trabalho, e mantendo o equilíbrio biopsicossocial de suas famílias.
“O projeto de extensão foi muito importante para incentivar até o nosso trabalho científico, estimulando a gente a procurar o que mais precisa na comunidade e trazer intervenções que sejam boas para ela. Acho que a gente, como futuros médicos, precisa ter a sensibilidade de ver o que realmente o povo está precisando. A gente tem que ter uma interação muito grande com a população, falando com ela, discutindo sobre a nossa intervenção e como isso pode ajudar na vida dela”, destaca Victor.
Já a aluna Isa Raquel Oliveira Silva esteve com sua turma na UBS do bairro 17 de Março, onde desenvolveram uma atividade de educação ambiental com crianças e adolescentes que estudam nas escolas da comunidade. Ela ganhou o sugestivo nome de “Plantando o Futuro”. “Quando a gente fez a nossa visita de reconhecimento do bairro, percebemos que tinha muito lixo e tinha poucas plantas nas praças, o que acabava inviabilizando o uso delas pelas crianças durante a tarde. Então, fomos na escola para fazer um projeto de conscientização ambiental com as crianças”, explica Isa.
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