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Estudante de Medicina realiza internato nos EUA e destaca diferenças entre sistemas de saúde

Matheus Jhonnata Santos Mota estudou diversas áreas durante o internato, com foco especial em Oftalmologia e Urologia, complementadas por experiências em Cirurgia Robótica

às 12h56
Matheus Jhonnata Santos Mota- Aluno do 12º período de Medicina da Universidade Tiradentes
Matheus Jhonnata Santos Mota- Aluno do 12º período de Medicina da Universidade Tiradentes
Matheus Jhonnata Santos Mota- Aluno do 12º período de Medicina da Universidade Tiradentes
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A realização de um internato em um país estrangeiro representa uma oportunidade ímpar para estudantes de medicina, oferecendo uma ampliação de horizontes tanto profissionais quanto pessoais. Matheus Jhonnata Santos Mota, aluno do 12º período de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), teve essa experiência ao participar de um internato no Cambridge Health Alliance (CHA) em Boston, Estados Unidos, entre 15 de abril e 10 de maio. Esse estágio proporcionou a Matheus não apenas a chance de aprimorar suas habilidades médicas, mas também de comparar de perto os sistemas de saúde do Brasil e dos EUA.

“Tive a oportunidade de conhecer todas as unidades do CHA e ter contato com diversos médicos, desde a atenção primária até as especialidades em que rodei, que foram a Oftalmologia e Urologia. Aprendi bastante sobre o sistema de saúde dos EUA. Pude ver como realmente é um sistema engessado baseado em planos de saúde, porém pude ver também pontos positivos. O Estado de Massachusetts tem um diferencial por receber muitos imigrantes, então eles têm uma política de saúde mais democrática”, destaca Matheus.

De acordo com Matheus, o CHA é um hospital-escola vinculado à Harvard Medical School, que atende pacientes de baixa e média renda. “A maioria dos pacientes que atendemos eram imigrantes, por exemplo, provenientes do Brasil, Haiti, Bangladesh e outros países latinos. Todos os pacientes têm direito a intérprete. Aprendi que o sistema americano tem muitos recursos, medicações novas e pesquisas inovadoras, porém carece de um atendimento universal como o Sistema Único de Saúde (SUS)”, relata.

Diferenças estruturais e operacionais 

Durante o internato, Matheus pôde observar particularidades operacionais e estruturais do sistema de saúde dos EUA. “Na atenção primária, atendi diversos pacientes com alunos de medicina de Harvard, repassando os casos para médicos ou assistentes (PA), profissão inexistente no Brasil. Atuei em oftalmologia, urologia e cirurgia robótica. A estrutura conta com várias salas de atendimento e um pré-atendimento com PA. Um diferencial é o optometrista, que realiza exames de campo visual e refração, otimizando o tempo do oftalmologista, que atende cerca de 40 pacientes por dia”, pontua.

Já no centro cirúrgico, Matheus notou a carência de anestesistas, com anestesias frequentemente realizadas por enfermeiros anestesistas, gerando ocasionalmente conflitos interpessoais. Além disso, ele acompanhou intérpretes, profissionais dedicados a traduzir consultas e pré/pós-operatórios em qualquer especialidade. “Trabalhei com intérpretes de português e espanhol em consultas de psiquiatria e pós-operatórios de cesárea, o que ampliou meu vocabulário e ressaltou a importância de aprender outros idiomas, como espanhol e francês, devido ao atendimento a muitos haitianos. O contato com os médicos foi extremamente positivo; eles são muito receptivos com estudantes de medicina. A experiência superou todas as expectativas”, revela.

Outro ponto destacado por Matheus é o fato dos americanos possuírem recursos e incentivos financeiros significativos para o desenvolvimento de pesquisas. Mas a carência por um sistema de saúde semelhante ao do Brasil ainda é urgente. “Essa experiência me fez valorizar ainda mais o sistema de saúde brasileiro e nossa formação profissional. Com o contato com os alunos da escola de medicina de Harvard, percebi que a formação médica no Brasil é mais dinâmica, menos engessada e mais democrática. Nos EUA, após o ensino médio, os estudantes primeiro fazem quatro anos de faculdade (em biologia, psicologia, etc.) e depois mais quatro anos de medicina. No Brasil, são seis anos de medicina diretamente após o ensino médio”, enumera.

Ele destaca que, para entrar em uma faculdade de medicina nos EUA, não basta estudar muito e ter um grande poder aquisitivo, pois as faculdades são muito mais caras. É também necessário se encaixar no perfil específico da instituição, o que torna o acesso à medicina no Brasil, de modo geral, mais democrático. Outro ponto importante é o receio da judicialização que os profissionais de saúde nos EUA têm. “A maioria dos pacientes lá são operados intubados e com anestesia geral, e não há muito espaço para empirismo na atenção primária. Acredito que, em relação à anestesia, o suporte no Brasil é diferenciado e eficaz”, elenca.

Impacto pessoal, profissional e trajetória acadêmica

Desde o início da faculdade, Matheus almejava uma experiência internacional. “Como eu não sabia espanhol e tinha apenas uma base escolar de inglês, sabia que precisaria melhorar meu inglês para aproveitar a oportunidade. Fiz o nivelamento no Unit Idiomas, começando no nível 6 e estudando para alcançar o nível 10 e a proficiência. Embora tenha pausado os estudos por um tempo, participar do Programa Mentoria me ajudou a continuar, com um incentivo de 60% de desconto”, relembra.

Essa preparação resultou em estágios concorridos, como na Cardiologia do Hospital do Coração e na Clínica Médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), em São Paulo. “No segundo período, ao competir por monitoria com internos mais experientes, percebi a necessidade de ter um currículo competitivo. Participei de pesquisas, centro acadêmico, ligas, iniciação científica, monitoria e estágios extracurriculares. Na fase final da faculdade, intensifiquei meu contato com pesquisa e passei a estudar artigos em inglês sem tradução, o que melhorou meu aprendizado e aproveitamento do estágio em Boston”, aponta Matheus.

A experiência em Boston impactou profundamente a visão de Matheus sobre a prática médica e sua formação. “Profissionalmente, estou mais motivado para aprender tecnologias avançadas e lidar com equipes multidisciplinares. Pessoalmente, a experiência reforçou meu compromisso com a humanização do atendimento médico e a aprendizagem contínua de novos idiomas e culturas”, afirma.

Matheus recomenda a experiência de internato internacional para outros estudantes. “Recomendo demais essa experiência. É uma oportunidade de vivenciar diferentes sistemas de saúde, trabalhar com diversas especialidades e profissionais, aprender novos idiomas e culturas, e se motivar para inovação e pesquisa. É uma experiência de vida que todos os alunos deveriam ter”, orienta Matheus.

O estudante relata que o Programa Mentoria oferece um desconto significativo graças à parceria com o Unit Idiomas. No entanto, a mentoria para Medicina só começou em 2020, com Matheus sendo o primeiro mentor do curso. Essa parceria o ajudou a continuar os estudos até o décimo nível, embora haja poucas vagas para quase mil alunos de Medicina. Além disso, a faculdade possui um programa de iniciação científica, que o incentivou a desenvolver e participar de pesquisas durante sua formação.

“As iniciativas de relações internacionais, como os debates com alunos brasileiros em Harvard e o convênio com o CHA em 2022, também me incentivaram nesse processo. Esses programas e parcerias foram fundamentais para meu desenvolvimento acadêmico e profissional. Acredito que uma maior ênfase no estudo de idiomas e a ampliação das vagas de mentoria podem beneficiar ainda mais os estudantes da Unit”, pontua.

Matheus destaca diversos benefícios de realizar um internato, como:

  • Experiência valiosa no sistema de saúde dos EUA.
  • Oportunidade de trabalhar em várias especialidades, tanto clínicas quanto cirúrgicas.
  • Contato com diversos profissionais, incluindo alguns que não existem no Brasil, ampliando a visão da equipe multidisciplinar.
  • Atendimento a uma grande população de imigrantes, muitos de baixa e média renda, proporcionando um atendimento inclusivo, humanitário e efetivo por meio de intérpretes.
  • Aprendizado de novos idiomas, como espanhol e francês.
  • Contato com alunos de medicina de Harvard, oferecendo um ambiente de aprendizado de alto nível.
  • Motivação para inovação e pesquisa nos EUA e exposição a tecnologias avançadas, como a robótica.

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