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Mudanças climáticas reforçam necessidade de cidades preparadas

Conceito de "cidades-esponja" ganha destaque como solução sustentável para alagamentos urbanos

às 12h45
O maior parque-esponja de Shanghai:
O maior parque-esponja de Shanghai: "Céu estrelado" - China Daily
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As mudanças climáticas têm intensificado eventos extremos, como chuvas torrenciais e enchentes, desafiando a infraestrutura das cidades modernas. Para enfrentar esses desafios, surge a necessidade de cidades cada vez mais preparadas e resilientes. Um conceito que tem ganhado destaque nesse contexto é o de “cidades-esponja”, que propõe soluções urbanísticas para melhorar a absorção e o gerenciamento das águas pluviais.

O conceito de cidades-esponja define toda e qualquer cidade que apresenta soluções técnicas de permeabilidade do solo, drenagem urbana e armazenamento temporário hídrico-pluvial, conforme explica o arquiteto e urbanista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Rooseman de Oliveira Silva “Elas funcionam adotando técnicas urbanísticas de arquitetura e de engenharia como jardins de chuva, arborização urbana, parques e praças alagáveis, pavimentos drenantes, tanques subterrâneos, entre outras”, completa Rooseman.

Para alcançar esses objetivos, as cidades-esponja adotam diversas técnicas, como:

  • Jardins de chuva: áreas verdes com solo permeável que retêm a água da chuva, evitando que ela escoe para o sistema de drenagem convencional.
  • Arborização urbana: árvores ajudam a absorver a água da chuva e diminuir o escoamento superficial.
  • Parques e praças alagáveis: projetados para serem inundados em períodos de chuvas fortes, armazenando a água e liberando-a lentamente.
  • Pavimentos drenantes: permitem que a água da chuva infiltre no solo, reduzindo o volume que chega aos sistemas de drenagem.
  • Tanques subterrâneos: armazenam a água da chuva para uso posterior, como irrigação de jardins ou lavagem de ruas.

Os benefícios dessas soluções são inúmeros. As cidades-esponja facilitam a absorção e o escoamento das águas pluviais, reduzindo significativamente os riscos de alagamentos intensos. Além disso, elas promovem o reuso das águas armazenadas, eliminam as ilhas de calor e de carbono, e criam um microclima agradável em áreas densamente ocupadas. “Essas medidas reduzem os impactos das chuvas através da permeabilidade do solo e das soluções de escoamento e armazenamento hídrico-pluvial”, destaca o professor.

Exemplos de cidades-esponja no mundo:

  • Xangai (China): uma das maiores cidades do mundo, Xangai investe pesado na construção de infraestrutura verde para se tornar uma cidade-esponja.
  • Nova York (Estados Unidos): a cidade de Nova York também tem implementado diversas medidas para aumentar a permeabilidade do solo e melhorar a drenagem urbana.
  • Curitiba (Brasil): Curitiba é conhecida por suas soluções inovadoras em transporte público e planejamento urbano, e também tem incorporado o conceito de cidades-esponja em seus projetos.
  • São Paulo (Brasil): a maior cidade do Brasil enfrenta diversos desafios relacionados à água, como inundações e escassez, e o conceito de cidades-esponja pode ser uma solução para esses problemas.

Tecnologia, planejamento urbano e arquitetura sustentável

Segundo Rooseman, existem diversas tecnologias verdes que podem ser utilizadas nas cidades-esponja, como pavimentos permeáveis, sistemas de captação de água da chuva e sistemas de reuso de água. “Na maioria das vezes, essas soluções são simples, com baixo investimento e alta eficiência”, afirma.

O planejamento urbano e a arquitetura também desempenham um importante papel na implementação das cidades-esponja. Adotar soluções sustentáveis em projetos arquitetônicos e urbanísticos, além de incluir a participação pública na aprovação de planos diretores que incorporem dispositivos legais alinhados aos desafios climáticos, são passos essenciais para a criação de cidades mais resilientes. 

“O impacto na biodiversidade e na qualidade de vida é significativo, com a redução dos riscos de enchentes, melhoria do microclima local, redução da poluição atmosférica e dos custos gerados por soluções emergenciais, além de uma melhoria geral na saúde urbana coletiva”, complementa Rooseman.

O arquiteto destaca que, para que essas ideias se tornem realidade, é fundamental sensibilizar tanto a população quanto os representantes dos poderes públicos. “Especialmente o legislativo municipal, para que incluam em suas agendas a discussão e aprovação de leis urbanísticas compatíveis com o modelo de cidades com infraestrutura verde e princípios semelhantes aos das cidades-esponja”, finaliza.

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