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Doutora formada pelo PEP faz estágio em laboratório de pesquisas de biocombustíveis no Canadá

Larissa Andrade atuou por 10 meses em um laboratório que é referência em pesquisas sobre transição energética; ao mesmo tempo, publicou artigos relacionados à sua tese sobre a produção de biogás a partir do resíduo líquido da mandioca

às 20h37
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A realização de estágios e intercâmbios no exterior é um importante diferencial de qualificação dos professores e pesquisadores de uma universidade ou centro de pesquisa. Entre os que já viveram esta experiência, está Larissa Renata Santos Andrade, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP), da Universidade Tiradentes (Unit), e pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP). Entre junho de 2022 e abril de 2023, ela realizou estágio de pesquisas na Universidade de Sherbrooke, na província de Québec (Canadá). 

A oportunidade surgiu a partir de um evento na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal (RN), onde Larissa se inscreveu para um intercâmbio no Laboratório de Tecnologias da Biomassa (LTB) criado e mantido há pouco mais de 10 anos pela universidade canadense. O centro de pesquisa, em parceria com indústrias locais de Québec, desenvolve tecnologias voltadas à transição energética e concentra-se na produção de biocombustíveis a fim de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, tornando-se uma das referências mundiais em estudos na área. 

“Esse trabalho me permitiu vivenciar a pesquisa sendo aplicada em contextos industriais, demonstrando na prática a viabilidade da produção de biogás a partir de resíduos de diferentes processos produtivos. Além disso, essa vivência me aproximou das mais recentes tecnologias aplicadas à pesquisa de biocombustíveis”, diz Larissa, que ainda no LTB, trabalhou no projeto “Detoxificação de Hidrolisados para Produção de Bioetanol”, no qual diferentes tratamentos foram aplicados em hidrolisados de resíduos agroindustriais locais a fim de reduzir o teor de inibidores que afetam o rendimento da produção do etanol de segunda geração (E2G).

Para a pesquisadora baiana, a escolha pelo Canadá para fazer o intercâmbio se deu justamente à vocação e aos investimentos feitos pelos setores públicos e privados canadenses em temas e estratégias voltadas à preservação do meio ambiente, à busca por fontes sustentáveis de energia e à redução dos efeitos do aquecimento global. “Escolhi o Canadá devido ao seu forte compromisso com a sustentabilidade e a transição energética, temas intrinsecamente ligados à minha pesquisa”, justifica. 

Larissa também falou sobre as impressões que teve sobre o país: “As cidades que conheci na província de Quebec são ricas em belezas naturais, um ótimo destino para amantes da natureza assim como eu. Outros pontos positivos foram a segurança e o intercâmbio cultural. O Canadá é considerado um dos países mais seguros do mundo, o que atrai pessoas de diferentes nacionalidades, e contribui para a pluralidade cultural do país”. 

Outras pesquisas

Em paralelo ao estágio no Canadá, Larissa Andrade desenvolveu no PEP/Unit a tese “Avanços da valorização de resíduos de mandioca com ênfase na bioestimulação da produção de biogás utilizando nanoplacas de TiO2 anatase imobilizadas em Luffa cylindrica na digestão anaeróbia da manipueira”, defendida em 2023, com orientação dos professores Luiz Fernando Romanholo Ferreira e Ranyere Lucena de Souza. O trabalho, que é parte da linha de pesquisa “Uso e transformação dos recursos agrícolas”, apresentou os principais bioprodutos gerados a partir de resíduos do processamento da mandioca, destacando o potencial de bioconversão de seu resíduo líquido (manipueira) em biogás. 

O estudo do doutorado foi sendo construído a partir de uma dissertação de mestrado que defendeu também no PEP/Unit, em 2019, sobre a “Estabilização de pH da manipueira utilizando conchas de ostra e degradação fotocatalítica do cianeto sob luz visível para produção de biogás”. Segundo a autora, a pesquisa do doutorado avaliou o estímulo da produção de biogás através da utilização de nanoplacas de dióxido de titânio (TiO2) suportadas em Luffa Cylindrica (conhecida como bucha vegetal) durante a digestão anaeróbia da manipueira. 

De acordo com a pesquisadora, a tese apresenta uma rota de reaproveitamento da manipueira através da produção de biogás, utilizando-a como substrato e o lodo de esgoto como fonte de microrganismos da digestão anaeróbia. “Nesse tratamento biológico, microrganismos degradam a matéria orgânica na ausência de oxigênio, produzindo biogás e digestato”, diz ela, acrescentando que a pesquisa contribuiu para o avanço das tecnologias de produção de biogás, otimizando o processo de digestão anaeróbia da manipueira.

“O biogás é composto majoritariamente por metano e dióxido de carbono, e quando purificado pode ser utilizado como fonte de energia, calor e combustível, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis. A produção desse biocombustível pode gerar uma fonte adicional de renda para agricultores, contribuir com a redução de custos com energia em indústrias de farinha e fécula, além de mitigar o impacto ambiental causado pela manipueira. O incremento da produção de biogás irá estimular a autossuficiência energética e a descarbonização da cadeia produtiva de mandioca”, afirma.

Carreira consolidada

Larissa Andrade é engenheira de petróleo graduada pela Unit e também tem especializações em Segurança de Processos e em Automação e Controle de Processos Industriais, além do mestrado e doutorado em Engenharia de Processos pelo PEP/Unit. Atualmente, ela é bolsista de pós-doutorado do projeto “Processamento Integral da Biomassa do Licuri para Fortalecimento da Economia Circular no Semiárido”, no Laboratório de Engenharia de Bioprocessos (LEB), do ITP. 

Para a pesquisadora, as experiências vividas no Canadá foram importantes para a consolidação de sua carreira acadêmica e profissional. “Pude expandir meu conhecimento teórico e prático, ter acesso a novos equipamentos e novas tecnologias do mercado de biocombustíveis. Além disso, essa vivência me proporcionou a troca de experiências com profissionais de diferentes nacionalidades e ampliação da minha rede de contatos”, define Larissa.

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