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Alta do dólar e reajuste da gasolina devem pressionar inflação após surpresa positiva no mês de junho

Economista alerta para os efeitos da alta do dólar e do reajuste da gasolina na inflação dos próximos meses, destacando os desafios para o mercado e consumidores brasileiros.

às 18h52
Segundo o Banco Central, a cotação do dólar fechou em R$ 5,15 no final de julho de 2024, marcando uma alta significativa em relação aos R$ 4,70 do início do ano (Foto: Freepik)
Segundo o Banco Central, a cotação do dólar fechou em R$ 5,15 no final de julho de 2024, marcando uma alta significativa em relação aos R$ 4,70 do início do ano (Foto: Freepik)
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A recente alta do dólar e o reajuste nos preços da gasolina são motivos de preocupação para economistas, que preveem uma pressão inflacionária significativa nos próximos meses. Embora a inflação tenha mostrado uma surpresa positiva em junho, esses fatores podem inverter a tendência, afetando diversos setores da economia brasileira.

O economista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Josenito Oliveira, explica que a variação na alta do dólar provoca impactos distintos no mercado. “Os exportadores são beneficiados, pois com o real desvalorizado, seus produtos ficam mais baratos no exterior. Já os importadores são prejudicados, pois precisam de mais dólares para pagar os produtos importados”, diz Oliveira. Ele acrescenta que o custo da gasolina impacta nos preços de outros produtos e serviços, influenciando a inflação tanto no curto quanto no longo prazo.

Principais causas e medidas a serem tomadas

A valorização da moeda americana é atribuída a fatores como o adiamento do corte de juros nos Estados Unidos, desconfiança dos investidores sobre o cumprimento da meta fiscal no Brasil, e tensões entre o presidente Lula e o Banco Central. “Essas variações pressionaram a paridade de importação (PPI), impactando refinarias privadas e importadores de derivados de petróleo no Brasil, que, por sua vez, exerceram pressão sobre a Petrobras, resultando em reajustes nos preços dos combustíveis”, ressalta.

Segundo o Banco Central, a cotação do dólar fechou em R$ 5,15 no final de julho de 2024, marcando uma alta significativa em relação aos R$ 4,70 do início do ano. Já o preço da gasolina, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), teve um aumento de 4,5% em junho, atingindo uma média de R$ 6,40 por litro nas principais capitais.

“A alta do dólar afeta diretamente os preços dos produtos importados e o custo de vida do consumidor brasileiro. Se esses aumentos continuarem, podemos esperar que pressionem a inflação de forma significativa nos próximos meses. Com relação ao dólar, não é uma tarefa simples, mas uma alternativa é o Banco Central pode disponibilizar mais dólares no mercado para a cotação cair. No caso da gasolina, não é atribuição do Banco Central, mas a política de preços da Petrobras tem um papel crucial nesse cenário”, observa Oliveira.

Impacto no transporte, logística e mercado

Os combustíveis têm um peso significativo na planilha de custos dos transportes, seja de passageiros ou de cargas. “Um aumento nesse insumo acaba ocasionando aumentos nos preços das tarifas de passageiros e nos fretes das empresas de transportes. Esse impacto se reflete nos preços finais dos produtos, agravando ainda mais a inflação”, explica Josenito.

A alta do dólar e o reajuste da gasolina também têm implicações no mercado de trabalho e no poder de compra dos brasileiros. O economista destaca que os aumentos nos custos de produção podem levar empresas a reduzir a folha de pagamento, demitir funcionários ou adiar contratações. Setores que dependem fortemente de importações, como tecnologia e indústria automotiva, podem enfrentar dificuldades financeiras, resultando em cortes de empregos e aumento da informalidade. “A inflação tende a impactar mais fortemente as famílias de baixa renda, que gastam uma proporção maior de seu orçamento em bens essenciais”, ressalta.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a taxa de desemprego, que estava em 8,5% em maio de 2024, pode sofrer um novo aumento se as condições econômicas se deteriorarem. Além disso, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação no país, registrou um acumulado de 3,2% nos primeiros seis meses do ano, mas especialistas projetam que poderá fechar o ano acima de 5% caso as pressões inflacionárias se intensifiquem.

O papel do consumidor

Diante desse cenário, os consumidores podem adotar algumas medidas para proteger seu poder de compra, como:

  • Pesquisar preços: Comparar preços em diferentes estabelecimentos antes de realizar compras.
  • Priorizar produtos nacionais: Optar por produtos nacionais sempre que possível, para evitar os efeitos da alta do dólar.
  • Negociar: Tentar negociar descontos com fornecedores e prestadores de serviços.
  • Economizar: Reduzir gastos desnecessários e buscar formas de economizar energia e água.

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