O atual cenário econômico tem mostrado uma escalada nos preços de alimentos e bebidas, impactando significativamente o orçamento das famílias brasileiras. Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o grupo de alimentação e bebidas registrou, mais uma vez, o maior impacto no mês de julho, refletindo um aumento expressivo nos preços tanto das refeições feitas em casa quanto fora.
Esse aumento, segundo a coordenadora do Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal da Universidade Tiradentes (Naf-Unit), Flávia Karla Gonçalves, afeta principalmente as famílias de baixa renda, que precisam ajustar o consumo de itens básicos para lidar com o orçamento mais apertado. “Esses aumentos resultam em uma pressão significativa no orçamento dessas famílias, que muitas vezes precisam abrir mão de itens básicos para poder fechar as contas do mês”, comenta Flávia.
Entre os produtos que mais contribuíram para o aumento dos preços estão o leite longa vida e a batata inglesa, que sofreram com a entressafra nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, além das condições climáticas adversas no Sul do país. Esses fatores reduziram a oferta, elevando os preços. “A menor oferta desses itens levou ao aumento de seus preços. Além disso, alimentos básicos como o café moído e o arroz também subiram de preço. Em contrapartida, houve uma redução nos preços da cenoura e da cebola”, elenca.
Estratégias para reduzir gastos
Diante desse cenário, muitas famílias estão buscando alternativas para economizar na hora de fazer as compras. “Uma delas é reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, que são mais caros e menos saudáveis. Outra opção é cultivar uma horta em casa, mesmo em pequenos espaços, o que diminui a necessidade de comprar certos itens. Compartilhar refeições, como cozinhar para várias pessoas ou dividir marmitas, também pode ajudar a diluir os custos”, sugere a contadora.
Para ajudar na gestão do orçamento, é possível utilizar aplicativos de controle financeiro, como Guia Bolso, Mobills ou Organize, que categorizam despesas e monitoram o orçamento. Alternativamente, planilhas no Excel ou Google Sheets podem ser usadas para um controle mais detalhado. “Ao fazer compras no supermercado, é útil comparar preços em diferentes estabelecimentos, utilizando aplicativos ou sites para verificar as ofertas. Comprar a granel ou em grandes quantidades também pode gerar economia, sendo uma boa opção dividir as compras com familiares”, orienta.
Para economizar ao comer em casa, é essencial planejar as refeições e as compras no supermercado, evitando compras por impulso e desperdício de alimentos. “Muitas pessoas preparam refeições que geram sobras, mas não reaproveitam e acabam jogando fora. Existem diversas receitas na internet que ensinam a reutilizar sobras, como arroz, por exemplo, para criar novos pratos”, pontua Flávia Karla.
Consciência e economia
A professora sugere a utilização de cupons e programas de fidelidade oferecidos por alguns estabelecimentos, que podem proporcionar economias significativas. Ao escolher o que comer fora, Flávia aconselha optar por pratos que utilizem ingredientes mais saudáveis e menos caros, fazendo escolhas que se alinhem tanto ao orçamento quanto à saúde.
“Para quem precisa comer fora, é essencial pesquisar preços e aproveitar promoções. Muitas vezes, o custo de um pedido pelo aplicativo pode ser até 30% maior do que o valor cobrado diretamente pela loja. Vale a pena entrar em contato diretamente com o estabelecimento, seja pelo Instagram, Google ou telefone, para verificar se há preços melhores ou descontos”, destaca a contadora.
Outra dica é fazer compras inteligentes, optando por produtos da estação e promoções. “Muitos supermercados têm áreas dedicadas a produtos em promoção, que estão próximos do vencimento, mas ainda em ótimo estado e com preços reduzidos. Também vale a pena experimentar marcas mais acessíveis e de boa qualidade, ao invés de sempre escolher a mesma marca conhecida”, infere.
Mesmo com um orçamento apertado, é possível comer bem e de forma saudável. Para isso, é importante focar em alimentos naturais e evitar ultraprocessados, que são mais caros e menos saudáveis. “Por exemplo, em vez de comprar calabresa, que tem um preço elevado, opte por ovos, que são uma fonte versátil de proteína e podem ser utilizados em diversas receitas. Grãos como feijão e lentilhas, além de legumes, verduras e frutas da estação, são nutritivos e acessíveis”, reforça.
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