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Pesquisa de IC desenvolve sensores de biocarvão para detecção de pesticidas 

Material com nanopartículas de antimônio pode ser utilizado no rastreamento das substâncias agrotóxicas em amostras de águas e alimentos

às 21h20
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Como controlar o uso de pesticidas e agrotóxicos em alimentos? A resposta pode estar em uma pesquisa de iniciação científica desenvolvida pela estudante Stefany Oliveira de Almeida Teixeira, do quarto período do curso de Biomedicina da Universidade Tiradentes (Unit). Ela estuda o desenvolvimento de sensores eletroquímicos baseados em biocarvão e nanopartículas de antimônio para a determinação de pesticidas. São sensores que podem ser usados para a detecção e identificação voltamétrica da presença de pesticidas em amostras de água e alimentos. 

O trabalho, associado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP) e desenvolvido no Laboratório de Eletroquímica e Nanotecnologia (LEN) do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), é orientado pelo professor-doutor Giancarlo Salazar Banda, com co-orientação das pesquisadoras Mercia Vieira da Silva Sant’Anna (pós-doutora e ligada ao ITP) e Stephanie Soares Aristides Barros (doutoranda do PEP). 

De acordo com Stefany, o principal objetivo da pesquisa é encontrar uma alternativa promissora para superar as técnicas e abordagens convencionais disponíveis atualmente. “O tempo considerável para execução implica em custos elevados de solventes, equipamentos, produção de resíduos em grande quantidade e a necessidade de profissionais especializados. A aplicação de sensores eletroquímicos surge como uma alternativa promissora para superar essas limitações das abordagens convencionais, ganhando destaque no campo da química analítica pelas suas propriedades físico-químicas associadas ao pesticida”, diz ela. 

A aluna explica que a utilização de biomassa tem se destacado cada vez mais nos últimos anos, devido à sua viabilidade econômica e à capacidade de promover a fertilidade e a sustentabilidade do solo. “O aproveitamento de biomassas é a produção de biocarvão, que vem ganhando reconhecimento importante na comunidade científica como material potencialmente adsorvente na remediação de metais pesados e compostos orgânicos tóxicos. A aplicação de materiais à base de biocarvão e partículas metálicas para a obtenção de sensores eletroquímicos pode potencializar a determinação eletroquímica de espécies, como os pesticidas”, afirma.

Além do biocarvão, os sensores eletroquímicos utilizam nanopartículas de antimônio, um semi-metal utilizado como retardante de chamas. A pesquisa aponta que essa substância pode favorecer diversos parâmetros na detecção eletroquímica de espécies químicas presentes em pesticidas e herbicidas, como paraquat, metil-paration, nitrofenol e p-nitrofenol.  

Stefany destaca que o principal impacto desta pesquisa para a sociedade é o fornecimento de um meio mais eficaz de detecção destas substâncias venenosas, já que, por muito tempo, elas foram sendo usadas na agricultura intensiva para controlar pragas e prolongar a durabilidade dos produtos. “Durante os últimos anos, os pesticidas, denominados no Brasil como agrotóxicos, foram investigados e constatou-se que sua ingestão, mesmo que em pequenas quantidades (na ordem de ppm), podem causar diversas doenças, como leucemia, outros tipos de cânceres, alterações neurológicas, lesões no fígado, na pele e nos pulmões”, argumenta ela. 

Prática que dá certo

A estudante ingressou no projeto quando ele já estava em andamento e enxergou nele uma grande oportunidade de saber e definir o seu futuro profissional após a formatura. Ela conta que, ao longo das experiências e atividades de iniciação científica no LEN, a pesquisa foi ganhando cada vez mais espaço em seu interesse. E que a iniciação científica vem lhe oferecendo muitos aprendizados. 

“Por cursar biomedicina, vejo uma necessidade de estar sempre na prática (principalmente porque consigo fixar as coisas melhor assim). Em minha opinião, mesmo com as aulas práticas, no ambiente profissional é bem diferente, pois você faz e refaz os experimentos. Eu sou uma pessoa muito curiosa, gosto de descobrir coisas novas, desde sempre, me vejo muito na pesquisa, o sentimento de ver um experimento dando certo, é indescritível”, descreve Stefany, que também define a iniciação científica como a sua primeira experiência profissional. “Agradeço muito ao professor Giancarlo por me proporcionar um lugar no laboratório dele. Sinceramente, não podia ter pedido trabalho melhor”, resume. 

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