A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos (PPGD) da Universidade Tiradentes (Unit), professora Grasielle Vieira, trouxe para o centro do debate na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) a importância dos grupos reflexivos como ferramenta para o combate à violência contra a mulher. Em palestra realizada em alusão ao Agosto Lilás, a especialista em Direitos Humanos defendeu a implementação de políticas públicas que visem não apenas proteger as vítimas, mas também responsabilizar os agressores.
“A Lei Maria da Penha prevê três eixos de enfrentamento: proteger, prevenir e responsabilizar. No entanto, o maior desafio é trabalhar esses três eixos simultaneamente. Estruturar uma rede que acolha as vítimas, previna novas violências e efetivamente responsabilize os autores. Isso inclui a criação de centros de responsabilização para os autores de violência, algo que abordei no evento”, destaca Grasielle.
A professora da Unit, que pesquisa a temática há mais de uma década, destaca que sua tese de doutorado, transformada no livro “Grupos Reflexivos para Autores da Violência Doméstica: Responsabilização e Restauração”, foi a primeira obra jurídica no país a abordar o tema de forma aprofundada. “Já conversei com diversas instituições da rede sergipana, mas este foi o primeiro diálogo tão direto com a Assembleia”, revela Grasielle.
O papel do PPGD e a atuação da Unit
Grasielle também destacou o papel do PPGD da Unit na pesquisa e na disseminação de conhecimento sobre violência de gênero. “Nossa área de concentração é em Direitos Humanos, e a linha de pesquisa que aborda as violências contra as mulheres é a linha número 1, que trata dos direitos humanos na sociedade”, explicou.
Dentro desse contexto, o programa desenvolve ações que vão desde o ensino, com disciplinas no mestrado e doutorado, até a extensão, com a organização de campanhas como o Agosto Lilás, que busca conscientizar a sociedade sobre a importância da prevenção e enfrentamento. “No âmbito da extensão, levamos essas informações para a sociedade, organizando cartilhas, podcasts, campanhas como o Agosto Lilás na universidade, e materiais informativos”, elenca.
Desafios e perspectivas para o futuro
Ao longo de sua palestra, Grasielle Vieira reforçou que a integração dos grupos reflexivos como parte da política pública é uma necessidade urgente para o enfrentamento eficaz da violência contra a mulher. “Não adianta pensar apenas na proteção das vítimas; é necessário também desenvolver políticas de prevenção à violência e políticas de responsabilização dos autores”, afirmou. Ela também mencionou a importância de diálogos contínuos entre diferentes instituições para garantir a aplicação dessas políticas de forma eficaz.
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