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Alunos de iniciação científica da Biomedicina se destacam em prêmio da Fapitec

Dois estudantes do curso, que foram agraciados com o Prêmio João Ribeiro na categoria Jovem Cientista, participaram de pesquisas sobre leishmaniose canina e desenvolvimento de tecidos cardíacos

às 19h49
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Duas pesquisas de iniciação científica que foram premiadas na recente edição do Prêmio João Ribeiro de Divulgação Científica e Inovação Tecnológica, promovido pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec), são frutos de projetos desenvolvidos no âmbito do curso de Biomedicina da Universidade Tiradentes (Unit). Ambos debruçam-se sobre temas diferentes, mas se propõem a identificar problemas reais e propor soluções para elas, dentro da metodologia e dos objetivos do curso em si. Ambas foram premiadas na subcategoria Iniciação Científica e Tecnológica, dentro da categoria Jovem Cientista.

Um dos trabalhos, de autoria do egresso Fábio Feitosa Silva Junior, fez uma análise espacial de risco para a leishmaniose visceral canina em áreas urbanas do Estado de Sergipe, vencendo o primeiro lugar da subcategoria. O estudo, que tem o objetivo de aprimorar a identificação e o rastreamento da doença que atinge cães e gatos, está associado a uma tese de doutorado desenvolvida pela pesquisadora Natália Almeida Frota Santos, que conta com a orientação do professor Rubens Riscala Madi, ambos do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA). 

O outro trabalho, realizado pela estudante Carine Serafim da Cunha Silva, do oitavo período do curso, debruçou-se sobre o desenvolvimento de hidrogeis de gelatina metacrilatados combinados com nanomateriais (GelMA), que devem ser utilizados para a construção de tecidos cardíacos destinados ao tratamento de pacientes. Este estudo está associado a uma tese de doutorado desenvolvida pela pesquisadora Erika Santos Lisboa, que conta com a orientação da professora Patrícia Severino, ambas do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI). 

As pesquisas têm ainda o suporte do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), através dos laboratórios de Doenças Infecciosas e Parasitárias (LDIP) e de Nanotecnologia e Nanomedicina (LNMed), respectivamente. “Quando a curiosidade, a dedicação e o talento se encontram com o apoio e os recursos adequados. No caso de Fábio e Carine, suas conquistas são o resultado de anos de trabalho árduo e compromisso com a pesquisa científica”, destaca a professora Patrícia de Oliveira Almeida, coordenadora operacional do curso de Biomedicina.

Construindo tecidos

A pesquisa de Carine Serafim, aluna do 8º período de Biomedicina, propõe uma inovação na área de engenharia de tecidos, utilizando hidrogeis combinados para aplicações cardíacas, mostrando uma aplicação avançada de nanomateriais na biomedicina. O objetivo é, a partir destes materiais, desenvolver biomateriais que possam ser utilizados em medicamentos e tratamentos de recuperação de pacientes cardíacos. 

“Nossa ideia final é sintetizar um tecido cardíaco mimético que possa ser usado na triagem de drogas e em testes in vitro, visando reduzir ou até eliminar a necessidade de testes em animais. Ao desenvolver um material com características idênticas ao tecido cardíaco humano, será possível realizar esses testes de maneira mais ética e eficiente, diminuindo o uso de animais e melhorando a precisão e relevância dos resultados para a saúde humana”, explica Carine, que começou a atuar no LNMed/ITP como voluntária e conseguiu a bolsa de iniciação científica junto à Fapitec em 2023, quando apresentou o projeto.

A aluna explica que os bolsistas de iniciação científica aprendem com seus orientadores a cuidar mais proximamente de um projeto, ajudando a equipe a solucionar possíveis adversidades que surjam no andamento dos trabalhos. Diz também que seu trabalho conjunto com Erika Lisboa lhe permitiu aprender mais sobre como criar tecidos miméticos e como aprimorá-los com nanotecnologia.

“No final, ao escolher um projeto para seguir, percebi que o trabalho que desenvolvemos juntas estava mais alinhado com minha formação como futura biomédica. A ideia de poder contribuir para a regeneração de órgãos e tecidos é extremamente motivadora. Além disso, a interdisciplinaridade dessa área, que combina biologia, química, física e engenharia, me permite explorar diferentes campos do conhecimento, o que torna cada dia de trabalho uma nova descoberta”, relata.

Carine acredita que o prêmio recebido no João Ribeiro foi uma validação importante do esforço e da dedicação que ela e sua equipe colocaram na pesquisa. “Receber esse reconhecimento me encheu de orgulho e me motivou ainda mais a continuar investindo na pesquisa científica. Foi um momento de realização pessoal e profissional, que me fez perceber o impacto positivo que meu trabalho pode ter na comunidade científica e, futuramente, na sociedade como um todo. Essa experiência também me permitiu conhecer pesquisadores incríveis e fazer amizade com pessoas brilhantes, cujas conexões foram essenciais para meu crescimento acadêmico e pessoal”, diz ela, que pretende ingressar no mestrado do PBI assim que terminar o curso.

Identificando o calazar

Já a pesquisa de Fábio Feitosa, que concluiu o curso de Biomedicina neste ano, buscou fazer uma análise de espaço dos riscos de contaminação dos cães pela leishmaniose visceral, também conhecida como calazar e considerada uma das doenças parasitárias que mais matam em todo o mundo. Ele conta que o convite para participar da pesquisa surgiu a partir da sua afinidade profissional com as áreas de Hematologia e Parasitologia, que são abrangidas pelos estudos sobre a doença. 

Durante o trabalho de campo, o então aluno fazia estudos bibliográficos diários para entender o que é a leishmaniose, seus tipos, as formas de transmissão e o objetivo da minha pesquisa. E a cada semana, ia com a equipe da pesquisa para os bairros de Aracaju e de algumas cidades, como Propriá, nas quais fazia punções venosas e coletava amostras de pelos dos cães, além de entrevistar os tutores dos animais para entender os fatores demográficos e de associações dessas infecções ocorridas.

“Esse trabalho foi um marco no avanço da pesquisa, tendo em vista que conseguimos identificar alguns biomarcadores que atraem o vetor infectado que propaga a doença. Com esse entendimento, em estudos continuados poderemos identificar a presença da doença apenas com o pelo do cão, sem precisar coletar sangue e até mesmo criar soluções que sejam repelentes dos mesmos”, disse Feitosa, acrescentando que, através da pesquisa, “as autoridades poderão fazer um trabalho educativo das populações, bem como o tratamento sanitário das áreas de maior comprometimento”.

O estudo de Fábio, em conjunto com Natália, Rubens e outros pesquisadores, foi tema de um artigo científico publicado no ano passado pela revista científica Brazilian Journal of Biology, editada pelo Instituto Internacional de Ecologia. E a partir da publicação, o projeto de IC foi premiado com o João Ribeiro. “Foi uma honra receber essa premiação, pois ela carrega com si o peso de mais de um ano de pesquisa, descobertas e da minha vitória sobre as dificuldades que tivemos. Esse momento nos mostra que todo o esforço no fim vale a pena, tanto com o reconhecimento, quanto com a ajuda ao próximo, nesse caso a população mais vulnerável”, comemora. 

Atualmente, o egresso trabalha no Hospital Primavera, em Aracaju, e faz pós-graduação em Gestão em Saúde pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, em São Paulo (SP). Ele pretende continuar aprofundando seus estudos sobre o diagnóstico da leishmaniose e de outras doenças negligenciadas, com o objetivo de colaborar com a resolução de problemáticas populacionais. “A iniciação científica me ajudou na graduação e hoje na minha função de biomédico, me fazendo sempre questionar ‘como’, ‘quando’, ‘de que forma’ e ‘onde’ cada fato acontece. Com o pensamento crítico, podemos solucionar problemas da melhor maneira”, afirma Fábio. 

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