A comunicação eficaz é fundamental, principalmente na relação médico-paciente. Pensando nisso, a professora dos cursos de Medicina e Psicologia da Universidade Tiradentes (Unit), Jacqueline Caldeira participou de um curso intensivo de Comunicação Difícil em Saúde, realizado em Recife, promovido pelo Instituto Brasileiro de Comunicação em Saúde. O curso, criado por médicos paliativistas e geriatras, é uma referência no Brasil e no mundo.
A iniciativa, impulsionada pelo coordenador do curso de Medicina em Estância (SE), Jerocílio Júnior, tem como objetivo melhorar a comunicação entre profissionais de saúde e pacientes, especialmente em situações delicadas como o anúncio de más notícias, além de humanizar o atendimento. “A comunicação é cada vez mais importante para os profissionais de saúde. Já fiz o curso e tinha certeza de que agregaria muito para a Dra. Jacqueline, uma vez que ela é responsável pelas disciplinas de habilidades de comunicação no curso de Medicina”, relata.
Jacqueline destaca que o convite para participar foi muito importante, principalmente por ter vindo de Jerocílio, o que demonstra um grande incentivo para com os docentes. “Ele já havia participado das primeiras turmas e percebeu a necessidade de aprimorarmos as disciplinas voltadas à comunicação. Eu já tinha feito cursos como Comunicação de Más Notícias e Comunicação Não Violenta, mas essa experiência em Recife agregou muitas coisas incríveis e sensíveis à prática médica”, compartilha.
A importância do CDS na formação médica
O curso de CDS se diferencia por seu foco em situações reais, utilizando simulações realísticas e filmagens para que os participantes possam revisar seus erros e acertos. “Foi uma experiência única! As simulações com pacientes e familiares eram filmadas, e isso nos permitia perceber nuances da comunicação que muitas vezes passam despercebidas. É algo simplesmente maravilhoso”, relata Jacqueline.
Ela explica que o curso não se trata apenas de ensinar a transmitir diagnósticos difíceis, mas de como tornar essa comunicação mais humana e empática, sem perder a precisão técnica. “A precisão da linguagem, envolvendo diagnóstico, fase da doença e planejamento, associada ao humanismo, é uma abordagem que será repassada aos nossos alunos com base em estudos de evidências”, afirma.
Para o professor Jerocílio, o foco na comunicação eficiente e humanizada é essencial para o desenvolvimento profissional dos futuros médicos. “As queixas de que os médicos não sabem se comunicar são frequentes, e a Unit, como instituição formadora, oferece a base para que o futuro médico se forme bem preparado, sabendo se comunicar de maneira eficiente, capaz de dar más notícias com empatia e acolhimento”, destaca.
Desafios da comunicação na prática médica
Os desafios da comunicação na área da saúde vão além de transmitir más notícias. Jacqueline destaca que os profissionais de saúde enfrentam dificuldades em desenvolver uma escuta ativa e empática, além de lidar com o próprio autoconhecimento e saúde mental. “Os principais desafios são a dificuldade de compreender o ponto de vista do outro e manter uma escuta ativa. O pouco investimento no autoconhecimento também afeta a prática médica”, observa a professora.
Ela acredita que uma comunicação de excelência fortalece a relação de confiança entre médico, paciente e família, prevenindo equívocos que muitas vezes resultam em denúncias médicas. “Quando o paciente compreende as orientações, ele tende a acreditar no tratamento e seguir as recomendações sugeridas, o que é fundamental para o sucesso terapêutico”, elenca.
Impacto na formação dos alunos
Os conhecimentos adquiridos por Jacqueline no curso de CDS já estão sendo integrados às atividades acadêmicas da Unit. Ela planeja, junto com a equipe de Medicina, a criação de oficinas, conferências e projetos focados em melhorar as habilidades de comunicação dos estudantes. “Após essa vivência imersiva, estamos prontos para criar oficinas dedicadas aos alunos dos cursos de Medicina de Estância e Aracaju, com foco na humanização e respeito ao sofrimento do paciente”, pontua a professora.
Além de aprimorar as disciplinas de Habilidades de Comunicação, o curso já impactou o planejamento de eventos futuros na universidade. Jerocílio adianta que o primeiro congresso de Medicina da Unit, previsto para outubro, contará com um minicurso sobre o tema. “Estamos também planejando uma oficina de Comunicação Difícil em Saúde para os internos no primeiro semestre de 2025, trazendo essas experiências e práticas para dentro do ambiente acadêmico”, revela o coordenador.
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