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Egressa do PEP fez pesquisa sobre tratamento de efluentes no Chile

Gláucia Nicolau fez parte de seu doutorado na Universidad de Concepción, onde desenvolveu um protótipo para tratar efluentes produzidos por resíduos da agroindústria

às 16h10
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A pesquisa para o aperfeiçoamento de técnicas de tratamento de efluentes foi o ponto de partida para a experiência de internacionalização vivida pela egressa Gláucia Nicolau dos Santos, mestre e doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP), da Universidade Tiradentes (Unit). Entre setembro de 2022 e fevereiro de 2023, ela cursou parte de seu doutorado na Universidad de Concepción (UdeC), em Concepción, região central do Chile. O chamado ‘doutorado-sanduíche’ resultou no desenvolvimento da tese “Desenvolvimento de um protótipo de tratamento de efluentes agroindustriais por processos de oxidação avançados”, defendida e aprovada ao final do mesmo ano. 

O trabalho, orientado pela professora-doutora Eliane Bezerra Cavalcanti, se debruça sobre o tratamento dos efluentes gerados na agroindústria por processos oxidativos avançados. De acordo com Gláucia, o tema surgiu devido ao grande volume de resíduos orgânicos produzidos pela agroindústria, que podem ser aproveitados para a produção de biocombustíveis e produtos químicos, como a pirólise. “Essa pirólise gera um efluente rico em compostos orgânicos (denominado fase aquosa), o qual, se descartado sem o devido tratamento, pode causar danos ao meio ambiente”, explica ela, destacando que o estudo abre a possibilidade do aproveitamento dos resíduos orgânicos da agroindústria, além de promover o tratamento por técnicas avançadas dos resíduos gerados, reduzindo o seu impacto quando descartado no meio ambiente. 

A oportunidade de fazer o ‘sanduíche’ no Chile surgiu para Gláucia a partir da parceria com a professora Lisiane dos Santos Freitas, coordenadora do Laboratório de Análises Cromatográficas da Universidade Federal de Sergipe (LAC/UFS) e uma das co-orientadoras da pesquisa. Ambas, juntamente com Eliane, decidiram desenvolver o estudo de geração e o tratamento da fase aquosa de um resíduo agroindustrial, o que foi realizado na Unidad de Desarrollo Tecnológico (UDT), instituição de ciência e tecnologia ligada à UdeC, em Concepción. 

“Escolhi o Chile porque é um país onde os processos oxidativos avançados são amplamente pesquisados. A vivência no país permitiu investigar desde a geração do efluente em grande escala até a realização do tratamento com um sistema foto-solar portátil”, lembra a então doutoranda, que já visitou o país outras vezes. “Minha primeira visita foi durante um evento no mestrado, que me proporcionou contato com a língua e a cultura, as quais me encantaram”, completa. 

A autora da tese trabalha atualmente na indústria de petróleo e gás e fez toda a sua carreira acadêmica na Unit: além do mestrado e do doutorado no PEP, ela fez os cursos de Tecnologia em Petróleo e Gás e de graduação em Engenharia de Petróleo. Um percurso lhe foi importante para a construção da trajetória profissional. “A Unit me proporcionou uma base sólida desde a graduação até o doutorado, possibilitando novas oportunidades. No Chile, enfrentei desafios não apenas na pesquisa, mas também relacionados ao idioma e à cultura, tornando a experiência enriquecedora tanto profissional quanto pessoalmente”, afirma. 

A pesquisa

No estudo, Gláucia investigou o tratamento do efluente modelo gerado no processo de pirólise da vagem de feijão e da quinoa. O objetivo foi desenvolver um sistema de tratamento automatizado e sustentável energeticamente para aplicação sequenciada da oxidação eletroquímica e da ozonização em um efluente modelo gerado na pirólise da vagem de feijão. Além disso, ela buscou estudar o processo foto-Fenton solar (um tipo de reação química) no tratamento do efluente aquoso da pirólise da quinoa (estudo do doutorado sanduíche).

“A partir daí, desenvolvemos um protótipo de tratamento que combina as técnicas de oxidação eletroquímica e ozonização, implementando a automação para o monitoramento online da qualidade da água. Além disso, o protótipo foi equipado com um sistema de energia solar fotovoltaica para atender à demanda energética necessária para seu funcionamento”, explica ela, que trabalhou a partir dos materiais do processo de pirólise de feijão, que foram obtidos no LAC/UFS.

Já durante o período de pesquisas no Chile, elas caracterizaram o efluente gerado por um protótipo e aplicaram nele o tratamento por meio de processos oxidativos avançados. Estes tratamentos resultaram em uma redução significativa da matéria orgânica, dos compostos fenólicos, da toxicidade e da cor, entre outros parâmetros inerentes à qualidade da água. “Identificamos os principais compostos da fase aquosa gerada na pirólise da quinoa, bem como a degradação dos compostos majoritários, condicionando o efluente para tratamentos posteriores. Em virtude da complexidade do efluente, estudos futuros são necessários para aprimorar o tratamento desse resíduo”, explica Gláucia.

A pesquisa teve ainda a participação de outras quatro pesquisadoras: Katlin Ivon Barrios Eguiluz (PEP/Unit), Manuela Souza Leite (ITP) e as chilenas Cristina Segura Castillo (UDT) e Romina Romero Carillo (UdeC). 

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