A junção da pesquisa científica com a beleza artística rendeu outro reconhecimento inédito para uma equipe de pesquisadores e professores do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e da Universidade Tiradentes (Unit). A imagem de fotomicrografia “Explosão de Cristais”, produzida no Núcleo de Estudos em Sistemas Coloidais (Nuesc), do ITP, foi premiada em terceiro lugar no concurso internacional Nanoartography, que reúne cerca de 300 imagens produzidas via microscopia em laboratórios e institutos de pesquisa de 29 países. O resultado foi anunciado no último dia 25 de novembro.
O trabalho dos pesquisadores Fábio Cleisto Alda Dossi e Fabiane Santos Serpa, do Nuesc, está associado a uma pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP), da Universidade Tiradentes (Unit). O estudo, realizado em parceria com a Petrobras e conduzido pelos professores Elton Franceschi, Cláudio Dariva e Gustavo Rodrigues Borges, do PEP, acontece em regiões de exploração de petróleo no litoral de Sergipe e busca desenvolver um método para avaliar a eficiência de inibidores de incrustação salina em águas sintéticas, de composição similar às de poços de petróleo.
O Nanoartography é organizado e promovido desde 2016 pelo cientista iraniano Babak Anasori, professor da Purdue University, em Indiana (Estados Unidos) e considerado um dos principais pesquisadores na área de nanociência e nanomateriais. Ele é aberto a todos os estudantes e pesquisadores que criam imagens científicas artísticas em todo o mundo, registrando microestruturas e microsubstâncias com o auxílio de microscópios de alta precisão. O objetivo é divulgar e popularizar ainda mais as pesquisas científicas, através de trabalhos artísticos.
Fábio conta que soube do certame através de uma publicação do site da Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise (SBMM) e decidiu inscrever duas imagens que ele produziu com sua equipe no Nuesc. Uma delas foi justamente a “Explosão de Cristais”, que já ganhou outro prêmio em março deste ano: o primeiro lugar do MetMat 2024, prêmio de fotografia científica promovido pelo Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica (PMT/Poli), ligada à Universidade de São Paulo (USP).
No concurso internacional, a foto ganhou o nome Exploding Crystals (“Cristais explosivos”, em tradução literal) e ficou em terceiro lugar na categoria principal, empatado com outros quatro trabalhos enviados por pesquisadores dos EUA, da Romênia, da Finlândia e da Coreia do Sul. “A obtenção do terceiro lugar em concurso internacional de ciência e arte como o Nanoartography, que congrega grandes pesquisadores na área com equipamentos e infraestrutura de ponta, significa o reconhecimento internacional da qualidade do nosso trabalho”.
No texto de apresentação, o site oficial do concurso descreve a foto do ITP como uma “impressionante imagem” obtida com microscopia eletrônica de varredura (MEV), que “exibe a beleza complexa dos polimorfos de carbonato de cálcio, calcita e aragonita”. E cita o efeito das substâncias em formas de cubos e agulhas que saem como se estivessem ‘explodindo’ de um círculo central imaginário. E um detalhe: a largura da imagem é de apenas 0,128 milímetros.
“Os cristais de calcita em forma de cubo marrom contrastam drasticamente com as delicadas estruturas de aragonita em forma de agulha verde que se formam sob certas condições, como alta temperatura ou pressão. A coloração brilhante acentua a harmonia artística entre esses polimorfos, ao mesmo tempo em que destaca suas diferentes formas. Esta imagem faz parte de um estudo sobre inibidores de incrustações e serve como uma ponte entre a ciência e a arte, oferecendo prazer visual e percepção sobre os mecanismos de inibição de incrustações, que podem obstruir linhas de petróleo e gás. Seu impacto duplo (científico e artístico) captura a essência de como os fenômenos naturais podem inspirar e informar pesquisadores e entusiastas”, afirma a descrição dos jurados do Nanoartography.
Além do ITP/Unit, o Brasil também foi representado na lista com o trabalho “Canto da terra”, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar/SP), que ganhou uma menção honrosa. Somando as primeiras colocações, as menções honrosas e as chamadas “escolhas do público”, o concurso premiou um total de 26 instituições de 14 países: Brasil, Espanha, Estados Unidos, México, Romênia, Coreia do Sul, Finlândia, Índia, Chile, Rússia, Canadá, Austrália, Itália, Áustria, Ucrânia e Taiwan.
Outra publicação
Também no mês de dezembro, a “Explosão de Cristais” foi publicada na edição 346 da Pesquisa Fapesp, uma revista de artigos e reportagens científicas, editada mensalmente pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A foto do ITP ilustra a seção “Fotolab: o conhecimento em imagens”, que publica fotos e microfotos científicas enviadas por pesquisadores de todo o país. O convite partiu dos próprios editores da revista, após a repercussão do prêmio conquistado no MetMat 2024.
“Ver o resultado do nosso trabalho alcançar repercussão nacional e internacional é sem dúvida, algo gratificante e surpreendente. Foi um reconhecimento do trabalho e uma oportunidade para compartilhar ciência e arte com uma audiência mais ampla”, comemora Dossi.
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