Como os estudantes devem ser melhor preparados para os desafios de uma sociedade cada vez mais digitalizada? As respostas podem surgir a partir de uma tese de doutorado que está sendo concluída no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPED), da Universidade Tiradentes (Unit). O estudo é da pesquisadora Alessandra Conceição Monteiro Alves, que está realizando o doutorado-sanduíche na Universidad de Salamanca (USAL), na Espanha, e deve retornar ao Brasil em 31 de janeiro. Ele busca compreender e avaliar as competências digitais dos estudantes sergipanos, a partir dos indicadores definidos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), vigente no Brasil, e do Modelo DigComp 2.2, utilizado pelos países da União Europeia.
A pesquisa está vinculada ao grupo de Pesquisa Educação, Comunicação e Sociedade, do PPED, que trabalha com o modelo de competências digitais docentes da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e da UE, bem como as competências propostas pela BNCC/Brasil para o ensino fundamental. O orientador da tese é o professor-doutor Ronaldo Linhares, do PPED/Unit, que conta ainda com a co-orientação da professora espanhola Sonia Casillas Martín, da USAL.
De acordo com Alessandra, ela tem o objetivo de identificar os pontos positivos e as lacunas ainda existentes nas competências digitais dos estudantes dentro do contexto escolar. Além disso, a tese quer comparar as competências previstas pela BNCC com os parâmetros do DigComp 2.2, apontando similaridades e diferenças; e fornecer um diagnóstico que revele as necessidades de formação digital no contexto educacional de Sergipe.
“Embora ainda em andamento, a pesquisa evidencia o potencial de melhorias na integração de competências digitais na Educação Básica em Sergipe. Ela também reforça a necessidade de formular políticas educacionais que reconheçam e validem a relevância das competências digitais dos estudantes, promovendo sua aplicação efetiva em sala de aula”, aponta a autora, que deverá defender a tese em março deste ano.
Alessandra está na Espanha desde 27 de agosto de 2024. Sua ida ao país foi possível através de uma bolsa de estudos do Programa de Doutorado-Sanduíche no Exterior (PDSE), concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes). De acordo com ela, a experiência foi fundamental para aprofundar os estudos sobre o instrumental ECODIES-40 (exame de competências aplicado nas escolas e instituições europeias) e as competências discentes, alinhadas ao quadro europeu DigComp 2.2.
Comparando realidades
Além disso, a experiência lhe dá acesso a contextos educacionais e tecnológicos diferentes dos que predominam no Brasil. “Com a bolsa, pude expandir minha pesquisa, tornando-a mais robusta e precisa, o que permitiu uma análise mais abrangente e detalhada dos dados coletados. Esse contato com a realidade espanhola contribui para um olhar mais crítico e comparativo sobre as competências digitais no Brasil, facilitando a busca por soluções e práticas que possam ser aplicadas no contexto educacional brasileiro. Além disso, a troca de experiências e o acesso a diferentes contextos educacionais possibilitam uma abordagem mais integrada e precisa dos dados coletados no Brasil, reforçando ainda a importância da internacionalização da pesquisa e do diálogo entre diferentes sistemas educacionais, permitindo uma análise mais crítica sobre as possibilidades de melhoria das competências digitais no Brasil, com base em boas práticas observadas na Europa”, relata.
Outro aspecto levado em conta na realização da pesquisa foi a expertise da USAL, que existe desde 1218 e figura entre as mais maiores e antigas da Europa, com cursos e pesquisadores de referência mundial na área de educação e cultura. Além da tradição, a instituição espanhola se destaca por seu alto nível de internacionalização, com a presença de pesquisadores, professores e estudantes de vários países. “A troca de ideias, a análise de problemas e a discussão de teorias com pessoas de diversas origens ampliaram minha visão sobre questões educacionais e culturais, além de aprofundar o entendimento dos temas que estou pesquisando. A diversidade de perspectivas no campo acadêmico é uma das maiores vantagens do intercâmbio internacional, especialmente ao abordar questões globais como competências digitais e educação”, considera Alessandra.
A autora defende que os estudos sobre a integração de competências digitais na Educação Básica ajudam a identificar lacunas e propor estratégias para que os estudantes desenvolvam habilidades tecnológicas essenciais, como o uso crítico e responsável da tecnologia, a resolução de problemas e a criação de conteúdos digitais. “Além disso, ao orientar a formulação de políticas públicas, esses estudos contribuem para a redução da desigualdade digital, ampliando o acesso à tecnologia e melhorando a qualidade da educação. Isso fortalece a capacidade dos jovens de participarem ativamente da sociedade, seja no mercado de trabalho, na vida acadêmica ou no exercício pleno da cidadania”, definiu.
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