ESTUDE NA UNIT
MENU

Riscos para crianças e adolescentes aumentam com redução da moderação nas redes sociais

Especialista alerta para impactos da decisão da Meta e reforçam a importância da educação digital e do letramento midiático

às 20h33
Alana Vasconcelos,-Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPED) da Universidade Tiradentes
Alana Vasconcelos,-Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPED) da Universidade Tiradentes
Compartilhe:

A internet se tornou um espaço fundamental na vida de crianças e adolescentes, oferecendo oportunidades de aprendizado, interação social e entretenimento. No entanto, o ambiente digital também apresenta riscos, como a exposição a conteúdos nocivos, o aliciamento online e o cyberbullying. Dessa forma, a decisão da Meta, empresa responsável por plataformas como Facebook e Instagram, de reduzir as normas de moderação de conteúdo, tem gerado grande preocupação entre especialistas e defensores dos direitos das crianças e adolescentes.

A medida, que visa ampliar a liberdade de expressão, pode ter um impacto significativo na segurança online de crianças e jovens. A professora do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPED) da Universidade Tiradentes (Unit), Alana Vasconcelos, destaca que a redução das normas de moderação da Meta pode potencializar esses riscos, expondo crianças e jovens a conteúdos. “Essas crianças e jovens, muitas vezes sem suporte adequado, podem ser mais influenciáveis e menos preparados para lidar com essas ameaças”, afirma a professora.

Entre os principais conteúdos nocivos que podem se tornar mais acessíveis com a flexibilização das regras de moderação, Alana cita violência, discurso de ódio, teorias da conspiração, desinformação, exploração infantil e conteúdo que incentivam a automutilação, transtornos alimentares ou desafios perigosos. “O contato contínuo com esses conteúdos pode gerar medo, ansiedade, baixa autoestima e até normalização da violência, dentre outros aspectos. Além disso, a desinformação pode distorcer sua visão de mundo e afetar a capacidade de tomar decisões seguras”, destaca.

Vulnerabilidade social ampliada no ambiente digital

Crianças em situação de vulnerabilidade social já enfrentam diversos riscos no mundo real, como a falta de acesso à educação, à saúde e à segurança. No ambiente digital, essa vulnerabilidade se potencializa, já que a exposição a conteúdos prejudiciais ocorre sem a mediação de adultos e o anonimato na internet facilita a ação de aliciadores, golpistas e grupos extremistas. Além disso, a falta de acesso à educação digital e midiática, a supervisão parental limitada e o desejo de pertencimento são fatores que contribuem para a vulnerabilidade de crianças e jovens a crimes como exploração infantil, aliciamento e golpes online. “Muitas vezes, elas buscam apoio e reconhecimento na internet, onde podem ser manipuladas”, alerta Alana Vasconcelos.

Para mitigar os impactos negativos da redução das normas de moderação, especialistas defendem que as empresas invistam em inteligência artificial e equipes especializadas para detectar conteúdos nocivos, fortaleçam as políticas de denúncia, criem controles parentais eficazes e promovam campanhas de educação digital e letramento midiático. “O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) garantem direitos digitais e proteção contra conteúdos nocivos. No entanto, para que funcionem é necessário existir a fiscalização e a aplicação dessas normas precisam ser reforçadas”, elenca Alana.

O papel de pais, educadores e instituições

Pais, educadores e instituições têm um papel fundamental na proteção de crianças e jovens no ambiente digital. “Os pais devem acompanhar a vida digital dos filhos, estabelecer limites e promover diálogos abertos sobre os riscos online. Os educadores precisam incluir a educação digital e o letramento midiático nas escolas, enquanto as instituições podem criar programas de letramento digital e segurança cibernética para famílias”, orienta Alana.

A conscientização sobre os riscos online é essencial. Estratégias como jogos educativos, campanhas interativas e debates nas escolas podem ajudar a abordar o tema de forma didática e acessível. A educação digital deve ser uma pauta prioritária nas escolas, preparando as novas gerações para usar a internet de forma segura e crítica. “A internet faz parte da vida das novas gerações, e prepará-las para usá-la de forma segura e crítica é tão essencial quanto alfabetizá-las. Educação digital, letramento digital, deve ser uma prioridade para garantir um futuro mais seguro e consciente, seja na educação básica ou no nível superior”, finaliza.

Leia também: As polêmicas e justificativas da deportação de imigrantes pelos Estados Unidos

Compartilhe: